Após se aproximar do piso de R$ 4,90 pela manhã, quando registrou mínima a R$ 4,9046, o dólar à vista desacelerou bastante ritmo de baixa ao longo da tarde, com uma piora do apetite ao risco no exterior, e encerrou a sessão desta sexta-feira, 22, cotado a R$ 4,9325 (-0,05%), bem próximo da máxima (R$ 4,9335). O respiro do real se deu em dia marcado por sinal predominante de baixa da moeda americana na comparação com divisas emergentes e por valorização de commodities metálicas, na esteira de anúncio de novas medidas de estímulo à economia na China. Governos municipais de Xangai e de Pequim anunciaram o relaxamento de regras para investimento estrangeiro direto.
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Segundo operadores, após a alta de 1,13% ontem, era de se esperar um recuo parcial do dólar hoje no mercado doméstico, com realização de lucros e desmonte posições defensivas. Na semana, a divisa acumulou ganhos de 1,21%, em sintonia com o movimento externo de fortalecimento do dólar e de avanço das taxas dos Treasuries longas. Principais pares do real, as divisas latino-americanas de países com juros altos, que exibem os maiores ganhos em 2023 frente ao dólar, também amargaram perdas na semana, com destaque para a baixa de mais de 1,5% do peso colombiano.
Principal evento da semana, a decisão de política monetária do Federal Reserve na última quarta-feira, 20, com revisão de integrantes do Banco Central americano para inflação, juros e PIB, deixou uma mensagem clara: as taxas de juros devem permanecer em níveis elevados por período prolongado, com possibilidade de uma alta adicional que levaria os Fed Funds para além da faixa entre 5,25% e 5,50%. Dirigentes do Fed repetiram hoje que pode haver mais aperto da política monetária. À tarde, a presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, disse que o BC americano “está próximo” de seu objetivo de ter taxas de juros em níveis restritivos para controlar a inflação, mas não descartou a possibilidade de elevação adicional, que está condicionada aos indicadores econômicos.
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“Apesar de o dólar recuar pela amanhã, refletindo otimismo com a China e movimento de ajuste após o salto de ontem, encerra a semana em alta, na esteira de um posicionamento duro por parte do Federal Reserve, que revisou para cima projeções para o patamar de juros ao longo de 2024″, afirma o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, acrescentando que “a perspectiva de juros mais altos nos EUA costuma impulsionar o dólar globalmente, uma vez que implica retornos mais atraentes dos títulos do governo americanos”.
O economista-chefe da Valor Investimentos, Piter Carvalho, chama a atenção para o impacto para os portfólios do movimento recente de alta taxas dos Treasuries de 10 e 30 anos, que servem de referência para o custo de oportunidade de investimentos em ativos ao redor do mundo. “As curvas das taxas americanas estão empinadas, com as taxas de 10 e 30 anos rondando os 4,50%. Isso suga dinheiro que poderia ir para ativos emergentes e fortalece ainda mais o dólar”, afirma Carvalho.
Apesar da depreciação na semana, o dólar ainda acumula baixa de 0,38% em setembro e não ultrapassou o nível psicológico de R$ 5,00 no fechamento. Analistas observam que o real é sustentado por fluxo comercial expressivo e pelas taxas de juros locais elevadas, que tornam muito custoso o carregamento de posições em dólar e atraem capital estrangeiro para operações de carry trade. Após reduzir a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,75%, na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou claro que não pretende acelerar o ritmo de cortes nos próximos meses, o que contribui para manter a atratividade da renda fixa brasileira mesmo com redução do diferencial de juros interno e externo.