O dólar à vista abriu a semana em leve queda no mercado doméstico de câmbio, alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior, incluindo pares latino-americanos do real, como os pesos mexicano e chileno. Segundo operadores, a perspectiva de que o Banco do Povo da China (PBoC, o Banco Central chinês) anuncie hoje (19) à noite um corte das taxas de juros de referência deu fôlego a divisas emergentes.
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Por aqui, o resultado acima do esperado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de dezembro teria contribuído para uma taxa de câmbio comportada, ao sugerir perspectivas melhores para a economia brasileira. Após oscilar menos de dois centavos de real entre a mínima (R$ 4,9522) e a máxima (R$ 4,9711), o dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 4,9618, em queda de 0,11%. No mês, a divisa avança 0,50%.
Com as bolsas em Nova York e o mercado de Treasuries fechados em razão do feriado do Dia do Presidente nos EUA, a liquidez foi muito reduzida. “Sem a referência de Nova York, a liquidez foi muito baixa. Ajudou um pouco essa expectativa de corte de juros na China, que também apresentou dados recordes de turismo no feriado da semana passada Ano Novo Lunar chinês”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que amanhã o mercado já deve começar a se preparar para a divulgação, na quarta-feira, 21, da ata do encontro de política monetária do Federal Reserve do fim de janeiro.
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Pela manhã, o BC informou que o IBC-Br subiu 0,82% em dezembro na comparação com novembro, um pouco acima da mediana de Projeções Broadcast (0,82%). Já em 2023, o índice avançou 1,36% (na série sem ajustes sazonais), bem acima da mediana das estimativas, de 0,55%. O teto era de 2,90%. Após o IBC-Br, o UBS BB aumentou as suas projeções de crescimento do PIB do Brasil em 2023, de 2,9% para 3%, e 2024, de 1,4% para 2%.
Segundo o banco de investimentos, a economia do País teve um desempenho melhor do que o esperado no fim do ano passado, o que justifica as revisões. “O IBC-Br é um indicador menos relevante para o mercado de câmbio, mas o resultado um pouco acima do esperado traz uma notícia favorável para Brasil e, em um dia de liquidez muito baixa, pode ter ajudo o real”, afirma economista Cristiane Quartaroli, do Ouribank. À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial brasileira teve superávit de US$ 1,558 bilhão na terceira semana de fevereiro.
No mês, o superávit acumulado é de US$ 3,366 bilhões e, no ano, de US$ 9,892 bilhões. Analistas afirmam que a perspectiva de saldo comercial robusto neste ano deve contribui para mitigar eventuais pressões de alta sobre o dólar ao longo deste primeiro semestre.