O dólar hoje recua em ajuste à queda dos retornos dos Treasuries (títulos de renda fixa) em uma manhã de alta no petróleo e de 1,44% no preço do minério de ferro na China. Além disso, os investidores estão digerindo uma nova entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio Sociedade, em Salvador, nesta terça-feira (2).
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“Vamos tentar encontrar soluções sobre o ajuste fiscal. Pedi a Haddad para me apresentar o excesso de gastos, porque aí paramos”. Na segunda-feira (1º), Haddad reiterou que a próxima reunião com o presidente Lula está marcada para quarta-feira (3). Assuntos como o dólar e o corte de gastos estão na pauta de discussão.
Ele reiterou que a equipe econômica segue elaborando um diagnóstico do quadro fiscal para o presidente, mas que ainda não há data para um anúncio das medidas a serem tomadas, porque essa decisão cabe à Presidência da República.
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O presidente também voltou a criticar a condução da política monetária, a autonomia do Banco Central (BC) e o seu presidente, Roberto Campos Neto. “Definitivamente, acho que Campos Neto tem viés político”, disse. “Há um jogo de interesse especulativo contra o real”, afirmou.
No mercado cambial, os investidores realizam parcialmente os lucros, após o dólar à vista ter subido 1,16%, para R$ 5,6533 – o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022 (R$ 5,6743) -, acumulando ganhos de 16,48% neste ano.
Mais cedo, foi revelado que o IPC-Fipe ( Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,26% em junho, de 0,09% em maio, mas perdeu força em relação ao acréscimo de 0,40% verificado na terceira quadrissemana do mês passado, abaixo do piso das estimativas de instituições de mercado consultadas pelo Projeções Broadcast, que variavam de altas de 0,36% a 0,43%, com mediana de 0,39%.
Com a agenda doméstica esvaziada, as atenções se voltam para os presidentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell (às 10h30), do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto (às 14h30), e do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que participam nesta terça-feira de um fórum organizado pelo BCE sobre bancos centrais em Sintra, Portugal.
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Às 9h32, o dólar à vista caía 0,36%, para R$ 5,6329. O dólar para agosto recuava 0,46%, para R$ 5,6490.
Como a alta do dólar em afeta o seu bolso?
A alta do dólar gera vários impactos na economia mundial e, claro, no Brasil. Imediatamente, é fácil lembrar do preço dos produtos importados, mas além deles o câmbio pode estar embutido em itens fabricados localmente. Isso porque insumos vindos do exterior são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.
Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital, lembra que o dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociadas as principais commodities e produtos do dia a dia. “Uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros e que haja mais inflação”, comenta.
A variação do dólar também tem força para impactar o preço final das viagens de férias. Afinal, como muitos dos custos do setor turístico e principalmente das companhias aéreas são dolarizados, isso pode provocar o aumento no preço de passagens aéreas mesmo que para destinos domésticos. Para as viagens internacionais, a alta da moeda americana pode afetar no preço também de hospedagem e pacotes turísticos, visto que muitos países aceitam o dólar como moeda.
A alta do dólar também pode afetar a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, aumentando, assim, pressão inflacionária. Para os economistas, uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Esse movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.
Investimentos
A alta do dólar também abre oportunidades no mercado financeiro e há algumas formas de investir na moeda norte-americana. Uma delas ocorre por meio de contratos futuros de dólar na B3, por meio de duas categorias: contratos cheios de dólar (DOL) e os minicontratos de dólar (WDO).
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“Os contratos cheios são para quem deseja movimentar grandes quantias, pois eles correspondem a uma movimentação de US$ 50 mil por unidade. O mini contrato é indicado para quem vai operar valores menores, pois cada minicontrato vale US$ 10 mil”, diz Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos.
Outras alternativas consistem em investir diretamente na bolsa norte-americana ou em fundos cambiais. Quem quiser aproveitar essas oportunidades deve estar atento ainda ao seu perfil de investidor, já que os ativos podem aumentar o risco da sua carteira. Além disso, vale destacar que apesar de a alta do dólar refletir negativamente nas importações, ela é positiva para empresas exportadoras.