- Baixa ocorre em meio à expectativa pela reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os ministros da área econômica
- Alta volatilidade do dólar nos últimos dias gerou preocupações tanto no mercado financeiro quanto entre os consumidores
Um dia após atingir R$ 5,70, um novo recorde, o dólar hoje fechou a R$ 5,568, uma queda de 1,70% perante o real nesta quarta-feira (3). Durante o pregão, a moeda oscilou entre R$ 5,541 e R$ 5,668. O Ibovespa hoje encerrou o dia em alta de 0,70%, aos 125.661,89 pontos, com o recuo do dólar e falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre austeridade nas contas públicas e do ministro Fernando Haddad sobre o câmbio e a autonomia no radar.
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Analistas financeiros dizem que a baixa do dólar hoje ocorre em meio à expectativa pela reunião entre o presidente e os ministros da área econômica, nesta tarde, sobre o câmbio e a situação fiscal do país. O presidente foi alertado de que suas falas têm ajudado a movimentar o câmbio e que, mais cedo ou mais tarde, esse avanço chegará aos preços, deixando o governo numa saia justa nos anos finais do mandato. Veja os detalhes da cobertura política no Estadão.
No cenário internacional, a moeda também registra baixas em relação à maior parte das outras divisas. Apesar disso, a moeda norte-americana continua no nível mais alto desde 4 de janeiro de 2023, quando fechou em R$ 5,4523.
A alta cotação do dólar nos últimos dias gerou preocupações tanto no mercado financeiro quanto entre os consumidores, que sentem os impactos das flutuações cambiais no preço de produtos importados e nas passagens aéreas internacionais. Para se ter ideia, apenas no último mês o dólar subiu 7,32% e, neste ano, acumula alta de 16,11%. No início de junho, a moeda estava cotada em R$ 5,23, mas foi subindo a cada declaração de Lula sobre Campos Neto e os gastos públicos. O presidente insiste que não há necessidade de cortar despesas, o que tem preocupado investidores.
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No exterior, o dólar registra baixas ante a maioria das outras moedas, impulsionado por dados de inflação dos Estados Unidos que mostraram um arrefecimento nos preços. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) não teve alteração em maio, enquanto o mercado esperava uma leve alta de 0,01%. No mês anterior, a inflação havia crescido 0,03%.
Alta do dólar: o que Haddad falou sobre a autonomia do Banco Central?
Questionado sobre a alta do dólar durante o anúncio do Plano Safra voltado para agricultura família, hoje, Lula evitou comentar diretamente e respondeu: “Eu agora vou falar de feijão e arroz”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o dólar deve “acomodar”. Ele afirmou que a diretoria do Banco Central possui autonomia para atuar no mercado de câmbio conforme considerar necessário, e que não há instruções adicionais a esse respeito. Haddad justificou sua confiança na queda do dólar mencionando que o governo está “fazendo e entregando”.
Haddad anunciou que as medidas de corte de gastos serão divulgadas à imprensa assim que os detalhes forem finalizados com o presidente Lula. Ele também disse desconhecer qualquer discussão sobre mudanças nos mandatos do BC. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, por outro lado, defendeu alterações na lei. Atualmente, o mandato do presidente do BC não coincide com o do presidente da República, permitindo uma troca do dirigente da autoridade monetária apenas após dois anos de gestão. Tebet propõe reduzir esse período para um ano.
Haddad afirmou desconhecer qualquer estudo sobre mudanças na lei de autonomia do BC, sancionada em 2021. Na segunda-feira (1º), o ministro atribuiu a alta do dólar a “ruídos” e destacou a necessidade de o governo melhorar a comunicação.
O que afeta o dólar hoje?
Declarações de Fernando Haddad
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o patamar do real em relação ao dólar deve se “acomodar” devido às ações que o governo está “fazendo e entregando”.
- Evitou comentar sobre a necessidade de intervenção do BC no câmbio.
- Destacou a autonomia do BC para atuar conforme considerar necessário.
- Disse: “A diretoria tem autonomia para atuar quando entender conveniente, não existe outra orientação”.
Compromisso fiscal de Lula
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou seu compromisso com a responsabilidade fiscal.
- Afirmou que gasta quando é necessário e que não desperdiça dinheiro.
- Declarou: “Responsabilidade fiscal é compromisso, não palavra”.
Negociações da dívida com estados
- Durante reunião do Conselho da Federação, Haddad mencionou pendências nas negociações da dívida com os estados.
- Expressou a expectativa de concluir as negociações até o fim de julho.
- Citou quatro possíveis soluções propostas pela Fazenda, mas evitou entrar em detalhes.
Impacto nos mercados
- As declarações de Lula e Haddad sobre as contas públicas contribuíram para a queda do dólar.
- Às 16h05, o dólar caía 1,98%, cotado a R$ 5,552.
- Na mínima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,540.
- O Ibovespa subia 1,21%, alcançando 126.301 pontos.
Cenário externo
- No cenário externo, a maior parte das divisas se valorizou em relação ao dólar.
- A valorização seguiu a divulgação de dados de emprego nos EUA mais fracos do que o esperado.
Perspectivas
- As ações do governo brasileiro e o compromisso fiscal reiterado por Lula são vistos como fatores positivos para a estabilização do real.
- Haddad ressaltou a importância das medidas implementadas pelo governo para influenciar positivamente o câmbio.
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