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Dólar perde fôlego e fecha apenas em leve alta após ata do Fed

O dólar à vista subiu 0,17%, a 4,82 reais na venda

Dólar perde fôlego e fecha apenas em leve alta após ata do Fed
(Foto: Hafidz Mubarak/via REUTERS)

O dólar fechou com leve ganho contra o real nesta quarta-feira, longe das máximas da sessão, após a ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano apenas confirmar expectativas do mercado, evitando adicionar sinalizações sobre eventual endurecimento do ritmo de alta de juros.

O dólar à vista subiu 0,17%, a 4,821 reais na venda. Ainda pela manhã, quando a tônica era mais defensiva, a cotação bateu a máxima do dia, de 4,8653 reais, alta de 1,09%.

Entre altos e baixos o dólar chegou em alta de 0,6% pouco antes da divulgação da ata do Fed. Após forte volatilidade inicial, a moeda se acomodou em tom mais fraco na sequência da ata, até por volta de 16h30 (de Brasília) tocar a mínima intradiária de 4,8055 reais, queda de 0,16%. Até o fechamento alguns compradores reapareceram, devolvendo a divisa ao terreno positivo.

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No exterior, o dólar subia 0,36% ante uma cesta de pares. A visível melhora de direção nos mercados de ações norte-americanos  após a ata do Fed também ajudou a amenizar as cotações do dólar por aqui.

“O Fed foi muito não evento. Já se esperava, estava bem precificada (a menção a) mais duas altas de 0,50 ponto percentual e depois uma rediscussão da trajetória”, disse André Kitahara, gestor de portfólio macro da AZ Quest.

Todos os participantes da reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos de 3 e 4 de maio apoiaram um aumento de juros de 0,50 ponto para combater a inflação, que eles concordaram ter se tornado uma grande ameaça para o desempenho da economia norte-americana e que poderia subir ainda mais sem a ação do Federal Reserve, apontou a ata do encontro.

Ainda assim, Kitahara destacou que o debate é “supervivo”. “Tem muito ‘game’. O cenário para os juros lá fora é zero trivial, os BCs subirem juros rapidamente por causa da inflação. […] É um negócio totalmente em aberto. Eu não ficaria nada surpreso de ver os BCs trocando um pouco da preocupação com a inflação para olhar um pouquinho também para a atividade.”

Apesar do vaivém recente, o real é tido como uma moeda “com atrativos” pelo gestor, que cita juro mais alto, abertura do diferencial de crescimento a favor do Brasil e aumento dos termos de troca. “É quase um alinhamento de astros favorável ao Brasil, diria.”

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“A moeda em termos de ‘valuation’ (avaliação) está razoavelmente barata, acho que tem chance de se apreciar mais. Por outro lado, é difícil de isso ser precificado por causa da eleição, da política fiscal”, ponderou Kitahara, acrescentando que não ficaria surpreso se o dólar descesse a 4,50 reais, mas com riscos de volta devido “ao evento do fim do ano (eleição) que é determinante”.

E dados do mercado de opções mostram que, no horizonte que abarca a eleição (em outubro), a volatilidade implícita da taxa de câmbio alcançou nesta quarta-feira o maior patamar desde setembro de 2018, indicativo de maior incerteza sobre os rumos do par dólar/real.

O Bradesco divulgou estudo em que cita receios sobre o futuro da política fiscal como fator a manter o real desvalorizado em relação ao que vê como taxa “justa”, que com base em dois modelos estaria entre 4,40 reais e 4,50 reais por dólar.

“Apesar de os modelos indicarem apreciação do Real, acreditamos que existem vetores para ambas as direções e que há uma incerteza acima da usual para essa variável”, disseram Rafael Martins Murrer, Henrique Monteiro de Souza Rangel e Fabiana D’Atri no documento.