A reação dos mercados após o resultado das eleições nos EUA foi imediata: o dólar americano se fortaleceu em relação a todas as divisas, enquanto outras moedas começaram a perder valor. O real brasileiro sofreu uma desvalorização de 1,30%, e o peso mexicano, o mais afetado devido à forte dependência comercial com os EUA, teve uma queda de 2,5%”, argumentou João Manuel Campanelli Freitas, vice-presidente executivo do Grupo Travelex Confidence.
O aumento do dólar vem acompanhado de efeitos diversos para o mercado brasileiro, já que afeta o equilíbrio econômico. De acordo com o Sebrae, “a cada oscilação da moeda americana, importadores e exportadores são diretamente afetados. A depreciação do real frente ao dólar afeta, principalmente, a inflação e o comércio internacional. Insumos importados, por exemplo, ficam mais caros, aumentando custos de produção – ônus que é comumente repassado aos preços finais”.
Em contrapartida, o Sebrae também esclarece que para as empresas exportadoras brasileiras, a alta do dólar cria um ambiente favorável ao aumentar a receita e a competitividade dos produtos no exterior. Quando o valor do dólar está mais alto, as empresas podem optar por reduzir o preço de seus produtos, tornando-os mais competitivos, ou manter o preço e aumentar sua margem de lucro. Esse cenário impulsiona a balança comercial brasileira, já que eleva o volume de exportações.
No entanto, é importante que o empreendedor exportador considere as despesas que também são influenciadas pela cotação do dólar, como frete, seguro internacional e tarifas, que podem impactar o preço final para o consumidor.
A vitória de Trump nas eleições está causando uma desvalorização nas moedas de várias economias em desenvolvimento, especialmente nas que têm maior dependência de exportações para os EUA. Em países com economias voltadas para o comércio externo, os investidores temem que uma política mais protecionista nos Estados Unidos possa reduzir a demanda por produtos importados, o que pressiona a queda de suas moedas.
“Não é exatamente o caso do Brasil, dado que somos uma economia relativamente fechada, e com déficit comercial com os EUA. A apreciação do dólar frente ao real se deve, na maior parte, às expectativas de maiores juros na gestão Trump, especialmente pelo lado fiscal expansionista de seu governo, com os ambiciosos cortes de impostos”, afirmou José Alfaix, Economista Da Rio Bravo.
Na avaliação de Sidney Lima, outro ponto que chama atenção é que políticas mais agressivas na economia americana tendem a pressionar o Banco Central dos EUA a elevar as taxas de juros, atraindo investimentos para os EUA e depreciando moedas emergentes. “No Brasil, essa conjuntura pode exigir ajustes nas políticas monetárias e mudanças no controle de inflação, impactando o custo do crédito, o consumo e o crescimento econômico. Já no cenário global, um dólar forte pode reduzir o ritmo de crescimento das economias emergentes, afetando o comércio internacional e a demanda por commodities, com reflexos diretos no Brasil, dada sua dependência de exportações de produtos básicos”, completa.
Abaixo, a tabela explica os principais impactos do aumento do dólar no Brasil. Veja:
| Área |
Efeito |
| Inflação |
Produtos importados, como combustíveis e insumos, ficam mais caros, elevando os custos de produção e a inflação. |
| Dívida Pública |
Parte da dívida externa está em dólar, aumentando o valor em reais e pressionando o orçamento público. |
| Dependência de Importações |
Custos de insumos importados sobem, impactando setores como agronegócio e indústria, e elevando preços internos. |
| Consumo e Investimento |
A inflação e a incerteza econômica reduzem o consumo interno e tornam os investimentos mais arriscados. |
| Fuga de Capitais |
Investidores preferem ativos em dólar, retirando capital do Brasil, o que pressiona juros e limita o crescimento. |