

Após quatro meses consecutivos de saldo positivo, os investidores estrangeiros voltaram a puxar o freio na B3 em abril, de acordo com levantamento de Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Até o dia 11 deste mês, o saldo de capital externo na Bolsa brasileira, já considerando os aportes via IPOs (ofertas públicas iniciais) e follow-ons (ofertas subsequentes), registra uma retirada líquida de R$ 8,67 bilhões — o maior valor mensal desde abril de 2024, quando o fluxo também havia sido negativo.
Com esse movimento, abril se posiciona como o terceiro pior mês desde janeiro de 2024 em termos de saída de capital estrangeiro da B3, mesmo com o mês ainda em curso.
Desde o dia 2 de abril, o mercado global passou a reagir à política tarifária de Donald Trump. O presidente americano definiu uma taxa mínima de 10% a todos os parceiros comerciais, bem como tarifas “recíprocas” de dois dígitos outros parceiros comerciais que, segundo autoridades do governo, trataram os Estados Unidos de forma injusta.
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Na última semana, Trump decidiu interromper a implementação de suas tarifas recíprocas por 90 dias, citando novas negociações com nações estrangeiras sobre comércio. Ao mesmo tempo, o republicano aumentou o imposto sobre as importações chinesas para 145%. Posteriormente, a China também ampliou sua tarifa retaliatória sobre importações dos Estados Unidos, de 84% para 125%.
O impacto foi imediato para o mercado: Bolsas globais passaram a operar sob maior volatilidade e o fluxo de capitais migrou, mais uma vez, para os Estados Unidos. Rivero explica que os juros dos títulos do Tesouro norte-americano (T-Bonds) com vencimento em 10 anos voltaram a subir, tornando os ativos americanos novamente atrativos.
“Em um cenário onde a segurança dos títulos norte-americanos oferece retorno elevado com risco praticamente nulo, a lógica de alocação global se impõe: gestores de fundos e investidores institucionais globais voltam os olhos para Wall Street e reduzem exposição em mercados emergentes, como o Brasil, onde a volatilidade política e fiscal aumenta a percepção de risco”, destaca Rivero.
Ainda assim, o acumulado do ano na Bolsa brasileira continua positivo. Até 11 de abril, o fluxo estrangeiro líquido na Bolsa — considerando as captações via mercado primário — soma R$ 2,32 bilhões. Se forem desconsiderados os IPOs e follow-ons, o saldo também permanece no azul, mas em menor montante: R$ 1,97 bilhão.
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