

Os principais índices referenciais das bolsas de Nova York fecharam sem direção única, com o Dow Jones em queda pelo terceiro dia, em meio a retaliações anunciadas pela União Europeia e Canadá às tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA, que entraram em vigor nesta quarta-feira (12). O mercado recebeu hoje dados que mostraram desaceleração da inflação em fevereiro nos Estados Unidos, mas o receio sobre as implicações da guerra tarifária acabou ofuscando o indicador. O Nasdaq subiu. A Tesla avançou, estendendo recuperação, mesmo após corte do preço-alvo das ações da empresa de Elon Musk pelo JPMorgan.
O Nasdaq fechou em alta de 1,22%, aos 17.648,45 pontos. O Dow Jones encerrou com baixa de 0,20%, a 41.350,93 pontos. O S&P 500 terminou em alta de 1,22%, aos 17.648,45 pontos.
Para Jochen Stanzl, da CMC, o alívio da inflação poderia ajudar a impulsionar as ações dos EUA, embora provavelmente apenas temporariamente, à medida que a atenção se desvia novamente para os temores sobre tarifas, pontuou o analista de mercado. “A alegria inicial com os dados favoráveis de inflação pode rapidamente ceder lugar ao ceticismo renovado, pois agora há um reconhecimento generalizado de que as tarifas podem ter efeitos inflacionários.”
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No Dow Jones, a Procter & Gamble (PGCO34) e a Walmart (WALM34) responderam pelas maiores quedas porcentuais, com -2,88% e -2,75%, respectivamente. Outro peso relevante veio da Amgen, que recuou 2,24%.
As ações da Tesla (TSLA34) subiram 7,59, a US$ 248,09, na segunda alta seguida após o tombo de 15% na segunda-feira. O JPMorgan cortou o preço-alvo das ações da companhia de US$ 135 para US$ 120, enquanto manteve a recomendação underweight (peso abaixo do de pares equivalentes).
A Intel ganhou 4,55%. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) propôs à Nvidia, Advanced Micro Devices e Broadcom que adquirissem participações em uma joint venture que operaria as fábricas da Intel, afirmaram quatro fontes.
Os papéis do setor bancário subiram, com o Morgan Stanley ganhando 1,75% e o Wells Fargo, 2,45%.
Juros dos EUA operam em alta
Os rendimentos dos Treasuries fecharam em alta nesta quarta-feira (12), com investidores avaliando o impacto das tarifas impostas pelos EUA, ofuscando dados de inflação abaixo do esperado em fevereiro.
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No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos avançava para 3,999%, o rendimento do título de 10 anos subia para 4,316% e a taxa da T-bond de 30 anos teve alta para 4,635%.
As tarifas de 25% impostas por Donald Trump sobre o alumínio e o aço entraram em vigor nesta quarta-feira. Embora EUA e Canadá tenham recuado de novas medidas mútuas ontem, a incerteza comercial abalou os mercados. A União Europeia anunciou tarifas retaliatórias nesta manhã.
“As tarifas intermitentes do presidente americano estão ampliando os temores do mercado sobre a economia dos EUA, em meio ao aumento das discussões sobre uma recessão”, afirma Samer Hasn, da XS.com.
A inflação nos Estados Unidos veio abaixo do esperado, mas com detalhes que deixaram os investidores preocupados: houve aceleração da alta de preços nos componentes do CPI que também impactam o PCE, principal índice usado como referência pelo Fed.
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Mais cedo, o Departamento do Tesouro leiloou US$ 39 bilhões em T-notes de 10 anos, com juro máximo de 3,908%. A taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,59 vezes, ligeiramente abaixo da média recente de 2,60 vezes, conforme cálculo do BMO Capital Markets
Moedas globais: dólar sobe
O dólar operava em alta frente a outras moedas fortes neste fim de tarde, enquanto investidores seguem acompanhando desdobramentos da política tarifária do governo de Donald Trump e possível acordo de cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subia 0,28%, a 103,575 pontos, com a moeda americana subindo a 148,36 ienes, o euro recuando a US$ 1,0899 e a libra esterlina avançando a US$ 1,2973.
Para o ING, o euro tem espaço limitado para valorização, mesmo que a Rússia concorde com a proposta de cessar-fogo de 30 dias feita pelos EUA e que já foi aceita pela Ucrânia. Segundo o analista Francesco Pesole, mesmo que a moeda suba, ela deve enfrentar resistência devido a fatores técnicos esticados após seu recente rali. O euro ainda está cerca de 1,5% supervalorizado em relação ao dólar. “Os mercados já haviam precificado amplamente um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia”, diz ele.
Hoje, a União Europeia anunciou retaliações às tarifas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio. O Canadá seguiu o mesmo caminho. O dólar canadense teve um dia de desvalorização, após o Banco Central (BoC) cortar juros em 0,25 ponto porcentual, para 2,75%, na segunda redução deste ano, como esperado pelo mercado. Na análise dos economistas do National Bank Financial, “a economia está em uma base sólida para 2025 e o BoC dependerá fortemente dos dados e não cortará taxas simplesmente antecipando fraqueza econômica devido a um conflito comercial”.
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A libra esterlina ficou instável durante o pregão com as tarifas de Trump e após o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmar que está “desapontado” com a taxação e que manterá “todas as opções na mesa”.
Bitcoin opera em baixa
O bitcoin opera em baixa neste fim de tarde, com o mercado reagindo às retaliações anunciadas por União Europeia e Canadá às tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA, que entraram em vigor hoje. Segundo especialistas, investidores temem que a guerra comercial leve os EUA à recessão e intensifique a desaceleração da economia global. Estrategistas do Goldman Sachs aumentaram as chances de uma recessão nos EUA no próximo ano para 20%, citando “mudanças de política como o risco principal”.
Por volta das 16h (de Brasília) desta quarta-feira (12), o bitcoin recuava 0,90%, sendo negociado a US$ 82.564,34, enquanto o ethereum caía 4,16%, a US$ 1.871,18, de acordo com dados da Binance.
Segundo Geoff Kendrick, do Standard Chartered, uma recuperação dos ativos de risco dependeria de mais clareza sobre as tarifas ou de cortes de juros pelo Federal Reserve antes do esperado. “Na verdade, toda essa turbulência aumenta as chances de cortes de juros pelo Fed, o que fortalece minha visão de longo prazo”, diz Kendrick. O banco mantém sua previsão de que o bitcoin pode atingir US$ 200 mil até o fim do ano.
Segundo ferramenta do CME Group, o mercado continua vendo, neste fim de tarde, junho como o mês mais provável para retomada do ciclo de corte de juros pelo Fed (78,6% de probabilidade estimada), com expectativa de redução de 0,25 ponto porcentual (55,7% de chance estimada).
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*Com informações da Dow Jones Newswires