O índice Dow Jones recuou 0,25%, aos 42.319,74 pontos. O S&P 500 caiu 0,53%, a 5.939,30 pontos, e o Nasdaq recuou 0,83%, a 19.298,45 pontos. Os dados são preliminares.
As ações da Tesla ficaram no centro das atenções em meio ao embate público entre Trump e Musk. O papel derrapou 14,3%, ampliando as fortes perdas da véspera, depois que Trump afirmou que a maneira mais fácil de economizar no orçamento do governo é cortar subsídios de Musk.
Já os papéis da PVH (PVH), dona das marcas Calvin Klein e Tommy Hilfiger, despencaram 17,9% após a empresa alertar que as tarifas vão pressionar os lucros.
Por sua vez, a Circle, emissora da stablecoin, saltou 168%, em sua estreia após abertura de capital e a Planet Labs disparou 49,2%, após surpreender positivamente o mercado com os resultados trimestrais.
A notícia de um diálogo “excelente”, segundo Trump, entre os líderes dos EUA e da China elevou o otimismo sobre a retomada das negociações comerciais, ampliando a expectativa de melhora das perspectivas econômicas, segundo analistas.
Na agenda econômica, os dados comerciais mostraram que o déficit comercial dos EUA encolheu mais do que o previsto pelos economistas, com as importações despencando em resposta às tarifas. Já os pedidos semanais de seguro-desemprego vieram um pouco acima do esperado.
A Oxford Economics avalia que os dados da balança comercial sugerem recuperação do PIB dos EUA no 2º trimestre, mas alerta que ainda é difícil medir a real condição da economia. Já Stephen Stanley, do Santander, diz que os pedidos de auxílio refletem fatores sazonais e vê os custos de mão de obra alinhados à meta do Fed – o que favorece cortes de juros.
Com isso, as atenções se voltam para o payroll de maio, com divulgação amanhã. O dado é visto como crucial para calibrar as apostas sobre os próximos passos do Fed.
Juros dos EUA invertem sinal e sobem
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos avançaram nesta quinta-feira, após o governo americano confirmar que o presidente Donald Trump falou por telefone com seu homólogo chinês, Xi Jinping. No início da sessão, os juros dos Treasuries caíam em todos os vértices da curva, em resposta aos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho americano.
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 3,929%. O rendimento da T-note de 10 anos tinha alta a 4,395%, enquanto o T-Bond de 30 anos recuava para 4,882%.
Após o telefonema, Trump afirmou que a conversa com Xi foi “muito boa” e teve foco “quase total no comércio”, com uma conclusão “muito positiva para ambos os países”. Segundo ele, o diálogo durou cerca de “uma hora e meia”.
A perspectiva de normalização das relações comerciais entre as duas potências globais estimula a busca por aplicações de risco e diminui a demanda pelos títulos da dívida dos EUA. Além disso, esse cenário reduz a probabilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) na medida em que sinaliza um ambiente mais favorável para o crescimento econômico – o que também impulsiona os rendimentos dos Treasuries.
No início da sessão, os rendimentos dos títulos americanos caíam após dados mostrarem uma segunda semana consecutiva de alta nos pedidos iniciais de auxílio-desemprego.
Os investidores também reagiram ao corte de juros do Banco Central Europeu (BCE), que reduziu sua taxa básica para o menor nível desde o início de 2023, ampliando o diferencial com as taxas de referência do banco central americano, que estão estáveis desde dezembro.
Os Treasuries dos EUA apresentam valor relativo mais atrativo do que os títulos soberanos da zona do euro, afirma Jill Hirzel, da Insight Investment, em nota. Segundo ela, o BCE tem menos margem para cortes adicionais de juros do que o Fed. “Com o BCE agora claramente à frente do Fed no ciclo de afrouxamento monetário e sinalizando um ritmo mais cauteloso daqui em diante, vemos maior valor relativo nos Treasuries dos EUA.”
Moedas globais: dólar tem desempenho misto
O dólar operou com volatilidade nesta quinta-feira, alternando entre leves altas e baixas, enquanto investidores digeriam dados mistos da economia americana, que reacenderam receios de estagflação. O euro ganhou força diante da moeda americana após a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmar que a política monetária em “boa posição para enfrentar incertezas”, depois do corte de juros promovido hoje.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de seis divisas fortes, cedia 0,5%, a 98,741 pontos. Perto das 16h50 (de Brasília), o dólar era negociado a 143,74 ienes, enquanto o euro avançava a US$ 1,1440 e a libra esterlina subia para US$ 1,3574.
Nos EUA, o déficit comercial recuou em abril para nível muito abaixo da projeção de especialistas. Por outro lado, os pedidos de auxílio-desemprego subiram acima do esperado. Já o custo unitário do trabalho saltou 6,6% no primeiro trimestre, reforçando preocupações com pressões inflacionárias persistentes.
Agora, o mercado volta as atenções para o relatório de emprego (payroll), que será divulgado amanhã. O dado pode ajudar a calibrar expectativas sobre os próximos passos do Federal Reserve.
“O relatório de maio será crucial para confirmar se os temores de estagflação são válidos ou exagerados. Se vier fraco, deve pressionar o dólar”, afirmou Mansoor Mohi-uddin, economista-chefe do Bank of Singapore.
O euro resistiu com ganhos depois do corte esperado de 0,25 ponto porcentual anunciado pelo BCE. Durante a coletiva, Lagarde afirmou que a política monetária está em posição favorável para lidar com incertezas e mencionou a possibilidade de o euro ganhar protagonismo como reserva global de valor. O Goldman Sachs adiou de julho para setembro a sua previsão para o último corte da taxa de juros pelo BCE.
O dólar australiano se valorizou frente à moeda americana, apesar do PIB da Austrália mais fraco do que o esperado. Já o iene japonês recuou, embora siga negociado acima de 142 por dólar. “O diferencial de juros continua sendo o principal motor para um possível teste da resistência em 145 ienes”, disse Christopher Lewis, da FXEmpire.
* Com informações da Dow Jones Newswires