

As bolsas de Nova York fecharam com forte valorização nesta terça-feira (22), após notícia de que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, teria afirmado que o impasse tarifário com a China é insustentável. A Casa Branca sinalizou progresso nas negociações com Pequim. Ontem, as bolsas despencaram com preocupações sobre a guerra comercial e ameaças de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell. A sessão foi marcado pela defesa da independência de bancos centrais. O dólar também subiu, enquanto os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) registraram movimentos distintos.
O Dow Jones subiu 2,66%, aos 39.186,98 pontos; o S&P 500 avançou 2,51%, aos 5.287,76 pontos; e o Nasdaq teve alta de 2,71%, aos 16.300,42 pontos. Os dados são preliminares.
Após o tombo da véspera, os índices abriram o dia em alta a e ganharam força ao longo da sessão, à medida que investidores reagiam a balanços positivos e deixavam temporariamente de lado as preocupações com as últimas críticas de Trump a Powell.
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A ação da Tesla subiu 4,6% antes de a fabricante de veículos elétricos divulgar balanço, esperado para esta terça-feira. Analistas esperam que a Tesla reporte lucros ajustados de US$ 0,41 por ação, abaixo dos US$ 0,45 centavos do ano anterior, e uma receita de US$ 21,34 bilhões, ligeiramente superior à divulgada no mesmo período de 2024.
A Nvidia teve alta de 2,04% após cair 4,5% na segunda-feira. Na semana passada, a companhia revelou que a exportação de seus chips de inteligência artificial H20 para a China precisará de uma licença do governo dos EUA no futuro. Ontem, a Reuters informou que a Huawei Technologies planeja dar início às remessas de seu avançado chip de IA 910C para clientes chineses já no mês que vem.
A Boeing avançou 2% depois que a empresa aeroespacial concordou em vender partes de sua divisão Digital Aviation Solutions para a empresa de private equity Thoma Bravo em um acordo no valor de US$ 10,55 bilhões.
A GE Aerospace subiu 6,1%, com lucro ajustado e vendas acima do esperado.
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A Barrick Gold caiu 2,3% depois de anunciar acordo para vender uma participação de 50% na mina Donlin Gold, no Alasca, para afiliadas da Paulson Advisers e Novagold Resources. O negócio gira em torno de US$ 1 bilhão.
Juros de longo prazo dos EUA recuam
Os rendimentos dos títulos longos do Tesouro dos Estados Unidos recuaram, enquanto os juros dos papéis de curto prazo avançaram, em um dia de alívio nas tensões em Wall Street. O movimento ocorre na ausência de novas manchetes sobre tarifas e após um coro de autoridades em defesa da independência de bancos centrais após as recentes ameaças do presidente Donald Trump ao Federal Reserve (Fed).
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 3,821%. O rendimento do título de 10 anos recuava para 4,399%, enquanto o T-Bond de 30 anos cedia a 4,886%.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu hoje suas projeção de crescimento global para 2025 e 2026, citando o impacto das tarifas de importação aplicadas pela administração Trump. Já a pesquisa de atividade empresarial do Fed de Richmond para abril veio pior do que o esperado, indicando enfraquecimento da demanda e aumento do pessimismo entre os fabricantes.
O Livro Bege do Fed será divulgado na quarta-feira. Os compradores estrangeiros estão se retirando dos mercados de títulos americanos e é improvável que retornem enquanto Trump continuar pressionando o presidente do Fed, Jerome Powell, a cortar as taxas de juros dos EUA, escreve John Velis, do BNY. O pico nos rendimentos dos Treasuries no início deste mês não foi causado por uma grande reversão de negociações alavancadas, mas sim pela diminuição da demanda transfronteiriça, diz Velis, citando dados do BNY.
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Segundo Velis, oito dos últimos 11 dias de negociação tiveram saídas no mercado de títulos do Tesouro americano. “O status de porto seguro dos Treasuries está cada vez mais em questão, e nossos dados capturam claramente essa tendência”, diz ele. Leilão primário de T-Note de 2 anos realizado hoje trouxe uma demanda baixa, segundo a BMO. Para Ian Lyngen e Vail Hartman, do BMO Capital Markets, o comportamento errático de Trump continua exercendo pressão de baixa sobre os ativos dos EUA. “Infelizmente não temos muita confiança de que uma trégua no movimento de venda da América esteja à vista”, afirmam.
Moedas globais: dólar sobe
O dólar avançou frente às principais moedas globais nesta terça-feira, após ter atingido a mínima em três anos na véspera. O otimismo dos investidores em relação às negociações dos Estados Unidos com a China e outros países, em meio à guerra comercial, ajudou a impulsionar a moeda.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,65%, para 98,918 pontos. A moeda americana se valorizava a 141,53 ienes. O euro caía para US$ 1,1430, enquanto a libra esterlina era negociada em queda, a US$ 1,3338.
As novas críticas de Donald Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e suas pressões para a redução das taxas de juros acentuaram os receios de uma possível perda de independência do Fed. Isso, por sua vez, colocou em xeque o dólar como reserva de valor, de acordo com o ING. Mas várias autoridades saíram em defesa da independência do BC americano na sessão.
A moeda, no entanto, retomou o fôlego após a secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmar que as negociações de tarifas com a China estão avançando. Ela também destacou o desejo de Trump de manter o dólar como moeda de reserva mundial e buscar um acordo com o Irã sobre armas nucleares. Mercado assimilou ainda notícia de que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, teria indicado que espera uma redução das tensões com a China, mas fontes disseram à Fox Business que suas declarações foram exageradas.
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Mais cedo, o iene atingiu seu maior nível contra o dólar desde setembro de 2024, impulsionado pela demanda por ativos seguros. A libra também alcançou o maior nível em pelo menos 7 meses frente ao dólar, enquanto o euro voltou ao maior nível desde janeiro de 2022 contra a moeda americana. O euro também foi pressionado pela piora da confiança do consumidor na região.
O dólar canadense, por sua vez, pode se enfraquecer nos próximos meses após os ganhos recentes. A economia canadense ainda enfrenta dificuldades, e a ameaça de tarifas dos EUA permanece, segundo Michael Pfister, do Commerzbank. O banco projeta o dólar americano a 1,42 dólar canadense até junho, contra uma cotação atual ao redor de 1,38 dólar canadense.
*Com informações da Dow Jones Newswires