As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quarta-feira (5), após alternarem ganhos e quedas. O Dow Jones e o S&P 500 firmaram tendência de alta à tarde, com o Nasdaq exibindo um desempenho sem força. A recuperação de algumas big techs impulsionou o mercado, mas os ganhos foram limitados pela turbulência comercial global e balanços decepcionantes, como o da Alphabet. Expectativas para acordos entre EUA e China continuaram a influenciar os investidores, que também digeriam dados de PMI e déficit comercial dos EUA. Já os títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries), o dólar e o bitcoin recuaram hoje.
O índice Dow Jones subiu 0,71%, a 44.873,52 pontos, o S&P 500 avançou 0,39%, a 6.061,48 pontos, enquanto o Nasdaq teve alta de 0,19%, a 19.692,33 pontos.
O anúncio de que a Super Micro Computer (+7,99%), fabricante de servidores, completou a expansão de seu data center de IA com a plataforma Blackwell, recentemente lançada pela Nvidia, fez as ações da gigante de chips subirem 5,35%. Na esteira, as ações da Intel avançaram 1,87%. Após a divulgação de resultados decepcionantes, as ações da Alphabet despencaram 7,29%. Perdas também foram registradas pela AMD (-6,27%) e pela Uber (-7,56%). Diante da queda no número de assinantes do Disney+, as ações da Disney recuaram 2,41%.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Por outro lado, as ADRs da Novo Nordisk subiram 3,76%, assim como as ações da Mattel (+15,33%), que também se beneficiaram de resultados positivos. Os papéis da Apple cederam 0,14%, com a informação de que o órgão antitruste da China estaria avaliando abrir uma investigação sobre as políticas da empresa. No setor agrícola, as ações da FMC despencaram 33,5%, após a empresa projetar vendas menores no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do USPS retomar a aceitação de envios da China e de Hong Kong, as ADRs da Alibaba (-3,02%), JD.com (-3,28%) e PDD Holdings (-3,43%), dona do app Temu, seguiram em queda.
Juros dos EUA recuam
Os juros dos Treasuries operaram em queda, com o impulso de vários catalisadores. O aumento além do esperado pelo mercado no déficit comercial dos Estados Unidos e as novas leituras de PMI americano contribuíram para a queda nos rendimentos dos juros. A política de “pressão máxima” contra o Irã anunciada por Donald Trump também pressionou para baixo o Tesouro americano. Investidores seguem preocupados com riscos inflacionários de políticas tarifárias do republicano.
Neste fim de tarde, o retorno da T-note de 2 anos cedia a 4,186%. O rendimento de 10 anos tinha queda a 4,428%. O juro do T-bond de 30 anos recuava a 4,648%. O recuo nos retornos dos Treasuries ocorreu apesar das declarações do vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Philip Jefferson, que reiterou que a instituição não tem pressa em prosseguir com os cortes de juros, já que a economia americana segue robusta. No entanto, o BMO Capital Markets destaca que suas falas não alteram a perspectiva de que, no médio prazo, novas reduções nas taxas serão necessárias, dependendo do ritmo da desinflação.
O Goldman Sachs observa que o mercado de juros dos EUA parece estar “levando mais a sério o risco de uma implementação sustentada das tarifas”. O banco acrescenta que, “mesmo em um cenário mais brando, acreditamos que o aumento da incerteza levará tempo para ser revertido, o que pode manter a convicção reduzida em cortes de juros no curto prazo até que surjam sinais mais claros ou notícias de enfraquecimento do crescimento”.
A instituição também aponta que as dificuldades para ter uma convicção mais firme sobre o caminho do Fed no curto prazo favorecem, por ora, uma exposição mais neutra. “No médio prazo, acreditamos que o cenário deve sustentar uma precificação ligeiramente menor para a taxa terminal.” O Departamento do Tesouro dos EUA manteve hoje o valor de refinanciamento por leilões em US$ 125 bilhões e projetou manutenção por “diversos trimestres”, como esperado. A medida teve impacto neutro nos juros.
Moedas globais: dólar recua
O dólar voltou a operar em baixa ante a maioria das moedas, em um cenário cambial que segue dominado pelo noticiário sobre as disputas tarifárias desencadeadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Uma exceção foi o peso mexicano, que se desvalorizou perante o ativo americano. Além do tema, a postura dos bancos centrais é alvo de atenção, com destaque para o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que tem decisão de política monetária amanhã.
Publicidade
O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis principais moedas, fechou em queda de 0,35%, a 107,579 pontos. Ao final do dia em Nova York, o dólar era cotado em queda a 152,77 ienes. A libra esterlina avançava a US$ 1,2501. O euro subia a US$ 1,0405. A moeda americana tinha alta a 20,5995 pesos mexicanos e subia a 1,4327 dólar canadenses.
Segundo o ING, o dólar continuou perdendo terreno desde que o acordo fronteiriço dos EUA com o México e o Canadá foi anunciado na segunda-feira. O foco está agora na China, e uma resposta relativamente comedida de Pequim às tarifas de Trump está mantendo os mercados otimistas de que algum acordo possa ser alcançado antes das tarifas retaliatórias da China entrarem em vigor. Um acerto parece ser o cenário mais provável, mas o banco crê que os mercados estão subestimando o risco de uma disputa comercial mais prolongada. As tarifas sobre a China não têm tanto impacto sobre os consumidores e produtores dos EUA como as sobre o Canadá e o México, e isso permite que Trump dedique algum tempo à discussão de um acordo, avalia.
Enquanto isso, os salários nominais no Japão aceleraram para 4,8% em termos homólogos em dezembro, bem acima do consenso de 3,7%. “Isto reforça o nosso apelo a dois aumentos das taxas por parte do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) neste ano e melhora as perspectivas para o iene”, aponta o ING. O banco sustenta a visão de que o euro ante o dólar começará a perder apoio assim que ultrapassar US$ 1,040, uma vez que o euro permanece pouco atraente do ponto de vista macro fundamental e “Trump indicou que a União Europeia deveria ser a próxima na lista tarifária”. Amanhã, em contraste com a manutenção dos juros em dezembro, o consenso de bancos e consultorias é de que um corte de 25 pontos-base (pb) pelo BoE nas taxas seja o mais provável.
Logo após a última decisão, o presidente do BC britânico, Andrew Bailey, disse que a trajetória das taxas é para baixo, sem comprometer quando e quanto. Na Argentina, o dólar no mercado paralelo, conhecido localmente como blue, fechou em leve queda, a 1215 pesos, o que garantiu a menor cotação para o ativo em um mês, e a maior sequência sem valorização do dólar paralelo em dois meses, segundo o jornal Ámbito.
Bitcoin volta a ficar abaixo de US$ 100 mil
O bitcoin recuou nesta sessão, ficando abaixo de US$ 100 mil, em um cenário de cautela diante das repercussões das disputas tarifárias desencadeadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O dia contou anda com relevantes quedas em ações de tecnologia, o que, com alguma frequência, vem atrelado ao movimento do mercado de criptomoedas.
Publicidade
O bitcoin era negociado a US$ 97.392,72, em queda de 1,93% nas 24 horas até 17h (de Brasília), segundo a Binance. Já o ethereum recuava 0,57%, a US$ 2.775,18.
Para Israel Buzaym, diretor de comunicação e especialista cripto do Bitybank, “o cenário macroeconômico foi um dos principais catalisadores para a forte correção das criptomoedas nesta semana. A imposição de tarifas pelos EUA sobre importações do México, Canadá e China aumentou temores de uma guerra comercial global, levando investidores a evitarem ativos de risco”.
“A apreensão dos investidores com esse ambiente de incerteza os levou a buscar ativos mais seguros, resultando em uma venda generalizada no mercado cripto. As liquidações acontecem naturalmente e chegaram a níveis recorde. Além disso, a volatilidade no mercado de ações também contribuiu para o sentimento de aversão ao risco, refletindo-se diretamente na queda das criptomoedas”, aponta.
“Para completar, o fundo de hedge Elliott Management alertou para uma possível bolha especulativa, sugerindo que o apoio da administração Trump ao setor poderia estar inflando os preços artificialmente. Esse conjunto de fatores criou uma tempestade perfeita, acelerando liquidações e impulsionando a correção do mercado”, conclui.
Publicidade
Segundo a Bloomberg, a BlackRock está se preparando para listar um produto negociado em bolsa vinculado diretamente ao bitcoin na Europa, seguindo o sucesso de seu ETF dos EUA de US$ 58 bilhões que acompanha a criptomoeda. O fundo provavelmente será domiciliado na Suíça, de acordo com fontes. A BlackRock poderia começar a comercializar o fundo já neste mês, disse uma pessoa.