Os juros futuros fecharam a sessão em alta, mais expressiva no miolo da curva, refletindo uma realização de lucros após a queda de ontem, tendo como gatilhos o avanço dos rendimentos dos Treasuries e o leilão de prefixados do Tesouro.
Mesmo com mais um banco de médio porte nos Estados Unidos apresentando problemas de liquidez, os mercados testaram uma recuperação, apoiados na diligência das autoridades e de instituições maiores em fornecer linhas de ajuda. A sinalização dada pelo Banco Central Europeu (BCE) ao confirmar a dose de 50 pontos-base no juro também amenizou a percepção negativa sobre a atividade que vinha sendo alimentada pelos problemas no sistema financeiro.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) não se sustentou abaixo dos 13%, fechando em 13,03%, de 12,96% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,07% para 12,15%, e a do DI para janeiro de 2027, de 12,52% para 12,59%. A do DI para janeiro de 2029 também não conseguiu manter-se abaixo dos 13%, fechando em 13,04%, de 12,98%.
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A melhora do apetite por risco lá fora abriu espaço para um ajuste em alta nos rendimentos dos Treasuries, após o tombo de ontem, replicado na curva local. O mercado buscou relativizar os riscos para a economia advindos do setor bancário depois que o Credit Suisse indicou que vai acessar a linha de até 50 bilhões de francos disponibilizada pelo banco central suíço e que um pool de 11 bancos, entre eles BofA e Citi, vai depositar US$ 30 bilhões para salvar o First Republic Bank.
Além disso, a postura firme do BCE emitiu uma mensagem mais tranquilizadora. “O fato de o BCE ter batido no peito e elevado do juro em 50 pontos sugere que o Fed poderá não ser tão dovish”, afirma a economista da B.Side Investimentos, Helena Veronese, ressalvando que, contudo, o risco de um aumento de 50 pontos nos EUA saiu do radar. “O mercado segue com aquela visão de alta de 25 pontos”, explica.
A presidente da instituição, Christine Lagarde, disse que a inflação deve permanecer “muito alta por muito tempo” na zona do euro, o que justificou a decisão. Quando ao sistema financeiro, ela assegurou que não enxerga um cenário de crise de liquidez, mas reforçou que a autoridade monetária está “pronta para agir” se o quadro geral assim exigir. Acrescentou que o setor bancário está em posição mais forte do que em 2008, quando a quebra do Lehman Brothers disseminou uma crise financeira a nível mundial.
Desse modo, pela manhã, nos Treasuries, a taxa da T-Note de 2 anos avançava, rompendo novamente a marca dos 4%, enquanto os rendimentos mais longos cediam. Os DIs espelhavam o desenho de flattening da curva americana, pressionados ainda pelo leilão do Tesouro, com oferta de 12 milhões de LTN, vendida integralmente. No começou da tarde, contudo, a ponta longa zerou o viés de baixa e passou a subir, com a virada também para cima do yield da T-Note de 10 anos.
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No Brasil, a agenda esvaziada na semana tem reforçado a expectativa pelo novo arcabouço fiscal, fator tido como chave para o que deverá ser o comunicado do Copom. Amanhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com o presidente Lula para discutir a proposta e a perspectiva é de que o conteúdo seja conhecido antes da reunião de política monetária.
“Se for algo razoável e crível, o Copom deverá apresentar um discurso diferente em relação ao comunicado anterior”, afirma Veronese. Ela destaca que, desde a reunião de janeiro, há sinais de arrefecimento da inflação e da atividade e houve a reoneração parcial dos preços da gasolina, o que é positivo do ponto de vista fiscal.
No leilão do Tesouro, o lote de 12 milhões de LTN foi vendido integralmente, mas, da oferta de 300 mil NTN-F, só foram colocadas as 150 mil referente ao papel mais longo, de 2033. Não aceitou nenhuma propostas para a NTN-F 2029.