Os juros futuros fecharam a segunda-feira com leve alta nos contratos de curto e médio prazos e viés de baixa no trecho longo, numa sessão mais fraca refletindo o compasso de espera pelos eventos no desenrolar dos próximos dias, em especial a decisão do Copom e a apresentação do novo arcabouço fiscal.
A sinalização de que a proposta não vai sair antes de quarta-feira causou uma certa frustração, mas não chegou a ter efeito propriamente negativo. A solução para o caso do Credit Suisse – vendido ao rival UBS – e a ação coordenada dos bancos centrais para assegurar liquidez ao sistema financeiro global é boa notícia e impulsionou o apetite ao risco lá fora, mas não teve grandes repercussões na curva local. A piora das medianas de IPCA no Boletim Focus pesou nos DIs curtos e os longos mostraram queda discreta, na contramão do avanço dos rendimentos dos Treasuries.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou a 13,01%, de 12,96% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025, a 12,11%, de 12,06%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 12,46%, de 12,47%, e a do DI para janeiro de 2029 passou de 12,93% para 12,91%.
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“A tendência é o mercado andar de lado até quarta-feira”, avalia o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo Oliveira, lembrando que naquele dia tem, ainda antes do Copom, reunião do Federal Reserve.
O mercado esperava começar a semana com sinais mais firmes sobre o novo arcabouço fiscal, mas o pedido do presidente Lula para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conversasse com o Congresso antes do anúncio oficial provavelmente vai empurrar o anúncio para depois do Copom. O ministro cumpriu a agenda de apresentação para os líderes da Câmara e do Senado, além dos presidentes das duas casas. Segundo ele, a ideia é se reunir ainda hoje com o presidente para apresentar o que ouviu dos parlamentares, cuja reação, diz, teria sido muito boa.
Outro fator que parece estar segurando o avanço das etapas é uma decisão de possível anúncio simultâneo de um novo regramento sobre parcerias público privadas (PPPs) que, nas palavras de Haddad, vão alavancar investimentos. O ministro assegurou que o arcabouço fiscal será divulgado antes da viagem à China. “Não tem ninguém no escuro.”
Apesar da impaciência do mercado, a preocupação de Lula em inserir os parlamentares nas discussões é válida na medida em que deles depende a tramitação do processo, que deve ser longo e com ajustes no texto inicial. Se a proposta realmente não for divulgada antes de quarta-feira, pode representar um fator a menos de pressão, sobretudo de dentro do PT, sobre o Copom por cortes imediatos da Selic.
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Às vésperas da decisão, no Boletim Focus, as medianas de IPCA para 2024 (4,02% para 4,11%) e 2025 (3,80% para 3,90%) mostraram piora, ficando ainda mais desancoradas das metas que, para ambos, é de 3,00%. Para 2026, para o qual ainda não há meta definida, a mediana disparou de 3,79% para 4,00%.
“O descolamento das atuais metas de inflação, de 3,0%, e o contínuo ajuste altista das expectativas refletem não apenas as incertezas no campo fiscal, mas também uma antecipação a um possível aumento das metas de inflação para os próximos anos”, afirma a economista da Tendências Luiza Benamor.
Para ela, tanto o quadro inflacionário ainda adverso e quanto as expectativas futuras desancoradas permanecem como limitações ao corte da Selic no curto prazo, embora a desaceleração da economia e o recente evento ligado a bancos no exterior, que deve levar os principais bancos centrais a subirem menos os juros, tragam argumentos na direção do afrouxamento.