Por Cícero Cotrim – O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de junho começa a mostrar os primeiros impactos das desonerações de ICMS e de tributos federais sobre combustíveis, diz o coordenador do índice na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira. O economista reiterou a projeção de inflação de 9,0% em 2022, mas reconhece a chance de uma taxa menor no ano.
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“Eu tenho falado o ano inteiro que a projeção é 9,0%, mas que pode subir no mês que vem. Agora, acho que há grande chance de ficar perto disso”, diz Moreira. “Vamos esperar mais um pouco por causa dessas desonerações, mas realmente pode ser que essa projeção caia um pouco.”
O IPC-Fipe desacelerou de 0,42% em maio para 0,28% em junho, abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,34%, e na menor taxa mensal para o índice desde fevereiro de 2021 (0,23%). Nesta divulgação, o principal vetor de baixa partiu da deflação de energia elétrica (-9,22%), com impacto negativo de 0,34 ponto porcentual sobre a inflação.
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Entre os indícios que apontam para um impacto das desonerações sobre os preços, Moreira cita o comportamento da gasolina (-0,32% para -0,29%). Na ponta, critério que indica tendência, o combustível avançava 1,14% na terceira quadrissemana e, agora, cai 1,09%. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciou na última segunda-feira, 27, a redução do ICMS sobre o combustível, de 25% para 18%. A difusão do IPC – que mede a proporção de subitens do índice com aumento dos preços – arrefeceu de 73,43% em maio para 70,0% em junho, ainda em nível elevado, diz Moreira. As projeções do economista sinalizam aceleração do IPC a 0,67% em julho, puxada por um avanço do grupo Habitação (-0,57% para 0,60%), com o fim dos impactos da bandeira “verde” sobre energia.
“Incorporando as reduções do ICMS e o comportamento de carros e do etanol, por causa da safra, os Transportes devem ter uma ligeira queda, de 0,33%”, afirma Moreira. Em junho, o grupo registrou deflação de 0,25%.