O mundo poderá em breve estar à beira de uma recessão global, diz o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas. A cooperação multilateral será essencial em diversas áreas, destacou, em nota, após a publicação do relatório de perspectivas econômicas globais (WEO, na sigla em inglês) do Fundo.
Leia também
“A perspectiva piorou significativamente desde abril”, quando WEO anterior havia sido publicado, afirma. O FMI cortou a projeção para crescimento econômico global para 3,2% neste ano e 2,9% no próximo, 0,4 e 0,7 ponto porcentual abaixo do projetado há três meses. Gourinchas afirma que a previsão reflete a estagnação do crescimento nas três maiores economias do mundo, Estados Unidos, China e zona do euro “com consequências importantes para as perspectivas globais”. Por outro lado, a expectativa para inflação mundial foi revisada para cima. Trazer a inflação à meta deve ser a prioridade número um dos bancos centrais, diz.
A autoridade observa que a economia global, ainda sofrendo com a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, “enfrenta uma perspectiva cada vez mais sombria e incerta”. “Muitos dos riscos negativos sinalizados em nosso WEO de abril começaram a se materializar.”
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Os mecanismos de resolução de dívidas continuam lentos e imprevisíveis, avalia, “prejudicados por dificuldades na obtenção de acordos coordenados de diversos credores sobre seus créditos concorrentes”. Apesar de serem encorajadores os progressos recentes na implementação de um quadro comum ao G20, medidas adicionais são “urgentemente necessárias”, afirma o economista.
Gourinchas diz que países devem usar “adequadamente” as ferramentas que possuem para salvaguardar a estabilidade financeira, em um cenário com condições cada vez mas apertadas. “Onde as taxas de câmbio flexíveis são insuficientes para absorver choques externos, os formuladores de políticas precisarão estar prontos para implementar intervenções cambiais ou medidas de gerenciamento de fluxo de capital em um cenário de crise”.
Quanto à questão energética, “as políticas domésticas para lidar com os impactos dos altos preços da energia e dos alimentos devem se concentrar nos mais afetados sem distorcer os preços”, diz.
Gourinchas afirma ainda que para lidar com a mudança climática é necessária ação multilateral para limitar emissões e aumentar investimento em energia verde e pede para que, em meio à guerra na Ucrânia, legisladores e reguladores garantam que a busca por combustíveis fósseis será apenas temporária.
Publicidade