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Junho foi marcado pela deterioração do mercado no Brasil, avalia fundo Verde

A carta da gestora destaca a valorização do dólar no mês, assim como os juros futuros de médio prazo

Junho foi marcado pela deterioração do mercado no Brasil, avalia fundo Verde
Luis Stuhlberger, responsável pelo fundo multimercado Verde Asset Menagement (Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO)

A carta mensal do fundo Verde, da gestora que tem como sócio-fundador Luis Stuhlberger, descreve que junho foi marcado por uma “deterioração mais aguda” dos mercados brasileiros, em vista de uma combinação “explosiva” de posição fiscal frágil e barulho político. A avaliação é de que enquanto o governo não reconhecer o “crescimento de gasto descontrolado”, a situação continuará “volátil e difícil”.

“A maioria das variáveis macroeconômicas correntes estão em trajetória decente, não há vulnerabilidades externas relevantes, mas a combinação de posição fiscal frágil com barulho político se tornou explosiva neste último mês”, afirma a equipe de gestão da Verde. A carta destaca a valorização acima de 6% do dólar ante o real em junho, assim como as taxas de juros futuros de médio prazo, que subiram “violentamente”, segundo a gestora. “O mercado chegou a precificar um ciclo de alta de juros de mais de 200 bps (pontos-base) nos próximos 18 meses, tal a deterioração causada pelas diuturnas declarações inflamatórias do presidente.”

A equipe de gestão do fundo Verde afirma que a situação fiscal “é sim bastante frágil”, com crescimento dos gastos do governo acima do previsto no arcabouço e déficit primário nos últimos 12 meses diferente da meta. Por outro lado, a gestora diz que houve despesas adiantadas e os números tendem a melhorar daqui para frente, apesar dos impactos da tragédia do Rio Grande do Sul.

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“Mas não é por acaso que o mercado está preocupado e reage negativamente a discursos inflamados. Enquanto o governo não reconhecer a realidade de que o crescimento do gasto foi descontrolado nestes primeiros dezoito meses de mandato, a situação continuará volátil e difícil. Há sinais incipientes de que a percepção do governo mudou nos últimos dias. Ainda assim, o custo de dilapidar credibilidade a golpes de retórica vai ser cobrado agora: o mercado precisará ver resultados concretos nos números, e não apenas comprará promessas”, descreve a carta mensal.

O documento informa que o fundo manteve sua alocação em Bolsa brasileira em 7,5%, além de seguir com a posição em inflação implícita e crédito high yield local. Em moedas, o fundo Verde continua com posição comprada (que aposta na alta) em dólar contra o real.

De olho nas eleições americanas

No cenário global, a gestora avalia que o mês de junho foi “benigno, com bolsas em alta e taxas de juros em leve acomodação”. Com os dados econômicos divulgados nos Estados Unidos, a Verde mantém a perspectiva de um “ciclo de cortes de juros graduais se iniciando em setembro”, além de esperar que o Banco Central Europeu (BCE) também siga com os cortes no mesmo mês.

De resto, as atenções se voltaram para os ciclos eleitorais, segundo a gestora. Após a “performance sofrível” do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que “elevou substancialmente a probabilidade de vitória do ex-presidente [Donald] Trump”, a Verde destaca que as eleições americanas devem se tornar um “fator dominante” na precificação dos ativos nos próximos meses. “Seguimos buscando posicionar o portfólio para se beneficiar disso”, afirma.

A posição em bolsas globais aumentou para 6% e a alocação comprada em juro real nos Estados Unidos foi mantida. A gestora segue com posições na rúpia indiana, financiada por posições vendidas (que apostam na queda) no euro, no renminb chinês e no dólar de Taiwan, além de continuar com uma “pequena alocação” em petróleo.

Resultado em junho

Em junho, o Verde FIC FIM apresentou alta de 1,66%, ficando acima do indicador de referência, o CDI, que teve alta de 0,79%, e levando o acumulado de 2024 a 2,40%. Segundo a carta mensal, os ganhos vieram da posição comprada em dólar contra o real, nos livros de trading, nas posições de juro global e em ações no Brasil. Já as perdas vieram da posição no peso mexicano – já zerada, de acordo com o documento – e no franco suíço.