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Gerdau (GGBR4) prevê redução bilionária nos custos; entenda

Em teleconferência sobre o balanço da Gerdau, executivos analisam o quadro atual da empresa

Gerdau (GGBR4) prevê redução bilionária nos custos; entenda
Gerdau (GGBR4) - Foto: Adobe Stock

O diretor-presidente da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck, afirmou em coletiva de imprensa, na quinta-feira (1º), que a siderúrgica segue em seu processo de readequação das operações no Brasil.

Conforme a metalúrgica divulgou em seu balanço na última quinta-feira – veja aqui na íntegra – , uma parte das iniciativas consistiu na hibernação das plantas nas unidades de Barão de Cocais (MG), Sete Lagoas (MG) e Cearense (CE).

Segundo Werneck, a readequação de unidades não vai modificar a capacidade de produção no Brasil, mas sim deslocar a produção de plantas menos competitivas para instalações com melhores desempenhos.

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O executivo também assinalou que a empresa promoveu uma negociação pacífica com os trabalhadores das unidades hibernadas, em que eles foram deslocados para outras usinas. Os que escolheram não participar da transferência foram realocados em outras empresas locais por meio de parcerias que a Gerdau construiu nas áreas desativadas.

Redução bilionária de custos da Gerdau

O executivo comentou que a readequação vai impulsionar ganhos em redução de custos e já foram sentidos efeitos no primeiro semestre, com economias de R$ 150 milhões no período. A perspectiva para o segundo semestre é que a readequação consiga promover economias de mais R$ 400 milhões. Anualizado todas as iniciativas em conjunto, a previsão é uma queda de R$ 1 bilhão nos custos da companhia.

Estão sendo realizadas ainda iniciativas de otimização em operações na América do Norte e na divisão de aços especiais, com perspectiva de redução de R$ 500 milhões nos custos.

Somado às iniciativas de redução de custo, a Gerdau deve concluir entre o quarto trimestre de 2024 e o início do ano seguinte o seu investimento de aumento de capacidade em aços planos e perfis estruturais para atender o mercado doméstico.

Segundo o vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Gerdau, Rafael Japur, hoje a atual configuração da empresa é de um terço de oferta em aços planos e dois terços para aços longos. Após a conclusão dos investimentos, a perspectiva é que a configuração fique em 40% para aços planos e 60% em aços longos. No total, a siderúrgica terá 1 milhão de toneladas de capacidade de aços longos no País e o maior foco será o mercado doméstico.

Ainda questionado pelos analistas sobre o formato e o caminho pelo qual a diretoria financeira concluiu que a perspectiva de redução de custos deve alcançar R$ 1 bilhão, Japur comentou que 25% dos custos da Gerdau estão vinculados ao dólar, enquanto entre 10% a 15% das receitas da companhia ficam ligadas ao dólar.

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Sobre o impacto inflacionário na previsão de R$ 1 bilhão, ele comentou que o efeito de indicadores com o IPCA sobre a estimativa fica vinculado apenas sobre os custos gerais e administrativos (SG&A). Mas a reorganização da empresa também está conectada com outros fatores que possuem dinâmicas próprias de preços (como as matérias-primas), portanto há uma complexidade para a realização de cálculos sobre o valor real (descontado a inflação) da redução de custos.

“Nossa ideia é ter uma operação mais enxuta e eficiente com a readequação”, afirmou Japur aos analistas.

O ativo mais competitivo do Brasil

O diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a siderúrgica estuda muitas opções de investimento para a unidade de Ouro Branco (MG). Segundo o executivo, a planta deve se transformar no ativo mais competitivo do Brasil após a conclusão dos investimentos programados para a região.

Segundo Werneck, a grande dúvida que cerca a administração da Gerdau consiste em decidir qual será o investimento que vai ser operacionalizado primeiro. Ele citou projetos voltados para a melhora de mix de produtos de produção, além de mencionar que a companhia espera aumentar a capacidade em aços planos.

“Estamos muito otimistas com a entrada nos próximos meses da nossa segunda fase de produção de bobinas a quente em Ouro Branco. Está tudo quase praticamente pronto e vamos acrescentar 250 mil toneladas a mais de capacidade. Nosso laminador atual já está trabalhando no limite, e temos capacidade diferenciada para entregar os nossos produtos por meio da nossa divisão comercial”, afirmou Werneck.

Questionado sobre a possibilidade no médio e longo prazo para redirecionamento dos investimentos programados no Brasil para a América do Norte, Werneck respondeu que a companhia mantém o estudo para a construção de uma nova fábrica de aços especiais no México.

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Rafael Japur acrescentou que há perspectivas para aumento nos desembolsos de investimentos (capex) durante o segundo semestre de 2024. O aumento no ritmo de desembolsos na parte final do ano faz parte de um movimento tradicional realizado pela empresa, disse ele.

Japur acrescentou ainda que após toda a entrega dos projetos da Gerdau em um intervalo de 18 meses, haverá um incremento potencial na geração de resultados da companhia em até R$ 2 bilhões. “Estamos falando de uma expansão de 15% a 20% do potencial da geração de valor e de resultados da Gerdau no médio prazo”, afirmou o executivo.

Japur disse ainda que a companhia vive uma fase de transformação em sua estrutura operacional. “Estamos na véspera de uma transformação muito importante da qualidade intrínseca dos nossos ativos e dos resultados da Gerdau”.

Questionado ainda sobre as métricas de investimentos adotadas pela Gerdau para aprovação de investimentos e se existe um número definitivo em que a companhia considera a tomada de decisão, Japur respondeu que a métrica principal é o TIR (Taxa Interna de Retorno) e que não possui uma regra específica para margem. A aprovação de investimentos, portanto, segue critérios específicos.

“Não temos uma regra de bolso para margem Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos). Muitas vezes nossos investimentos se traduzem de outras formas dentro do nosso resultado. Temos projetos de investimentos onde não há crescimento de receita, mas há redução substancial nos custos, como é o caso da expansão de mineração”, afirmou Japur, citando a mina de Miguel Burnier, em Ouro Preto (MG).

Desempenho financeiro

A Gerdau reestruturou as operações siderúrgicas no Brasil ao longo do segundo trimestre de 2024 e prevê recuperar o seu patamar de rentabilidade financeira até o final do ano, de acordo com avaliação dos diretores da empresa compartilhada com jornalistas e analistas de mercado na última quinta-feira.

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A reestruturação contou com diversas iniciativas para reduzir os custos operacionais, mas as principais ações implementadas ao longo do trimestre foram a hibernação das fábricas em Barão de Cocais (MG), Sete Lagoas (MG) e Cearense (CE). A medida trouxe impacto local, com reações negativas por parte dos sindicatos locais. Em maio, o prefeito de Barão de Cocais, Décio Geraldo dos Santos (PSB), chegou a classificar a desativação da unidade como uma “traição”, mensagem que repercutiu na imprensa local.

Questionado sobre como a empresa lidou com os trabalhadores, o diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, respondeu a jornalistas que a empresa promoveu a realocação dos profissionais das unidades desativadas para outras instalações que continuaram em operação.

“Aqueles que não tiveram condições ou por decisão pessoal não quiseram se mudar foram alvos de um trabalho estruturado nosso com outras empresas para que essas pessoas fossem recontratadas em outras companhias”, afirmou Werneck, citando como exemplo a readequação feita em Barão de Cocais.

Visto que as unidades vão entrar em hibernação, o executivo foi enfático ao mencionar que não existe a “mínima possibilidade” de qualquer desinvestimento no Brasil. A readequação operacional, segundo Werneck, também não vai alterar a capacidade de produzir aço da Gerdau. A diferença principal nos próximos meses será que as fábricas com maior eficiência de custos vão assumir um papel mais relevante na produção.

Japur disse ainda que há espaço para novas capacidades em aços planos no País e a Gerdau tem grande capilaridade em todo o território nacional por meio da sua distribuidora.

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“Olhando para o terceiro trimestre de 2024, vamos observar os resultados dessas iniciativas impactando a empresa positivamente, em especial no tema de custos. Vamos observar os ganhos das nossas decisões”, completou Werneck da Gerdau (GGBR4).

*Com informações do Broadcast