Subscrição de ações da companhia foi realizada para procedimento de aumento de capital (Foto: Adobe Stock)
As ações da Gol (GOLL54) voltaram a derreter no pregão desta sexta-feira (18), depois de já terem tombado 42,21% no dia anterior. Os papéis fecharam em queda de 34,50% a R$ 3,57, ampliando as perdas na semana para 90%. Fora do Ibovespa, lideraram as baixas do mercado brasileiro.
Vale lembrar que o preço de tela da ação da Gol tem uma “pegadinha”. Os papéis são negociados em lote de 1 mil, portanto, é necessário dividir o valor por 1 mil para saber qual a sua cotação unitária. Ou seja, hoje o papel opera, na verdade, a R$ 0,00357.
Como parte do processo de reestruturação da empresa, o formato diferente de lote estreou junto com o novo ticker da companhia aérea, o GOLL54, em 12 de junho. A medida partiu da própria B3. A Bolsa brasileira entendeu que o preço de tela da ação ficaria muito baixo se não fosse negociado dessa forma, aumentando o risco de especulação.
No entanto, nem o lote de 1 mil ações está sendo suficiente para evitar as altas oscilações dos ativos. Na visão de analistas, o que explica o movimento é a decepção com o aumento de capital da Gol. A empresa informou, na quinta-feira (17), que a adesão dos acionistas minoritários à oferta foi baixa: apenas 0,76% do total de ações preferenciais disponíveis foram subscritas (adquiridas), o equivalente a aproximadamente 7,3 bilhões de papéis, totalizando o valor de R$ 73,2 milhões.
O direito de subscrição é dado sempre que uma empresa decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores. Nesse caso, ela é obrigada a garantir preferência de compra dessas novas ações a seus atuais investidores. A ideia é dar a opção para que os acionistas possam manter o mesmo nível de participação na companhia.
No caso da Gol, a maior parte da subscrição não ficou a cargo dos acionistas minoritários, mas sim da Gol Investment Brasil, veículo de investimentos ligado ao grupo controlador e aos credores da empresa. A entidade subscreveu 100% das ações ordinárias (GOLL53) – cerca de 8,1 trilhões– e 99,24% das preferenciais disponíveis, que correspondem a mais de 961,5 bilhões de papéis.
Com a compra, a Gol Investment tem quase o controle total da empresa, com 99,97% das ações ordinárias e 99,21% das preferenciais. Em comunicado, disse estar analisando alternativas para atender às regras da B3 e conseguir cumprir o nível mínimo de free float – parcela das ações de uma empresa que está disponível para livre negociação no mercado.
O que isso significa para o investidor?
Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, avalia que a oferta não foi bem-sucedida, já que o valor arrecado com os acionistas minoritários foi na ordem de R$ 73,2 milhões, abaixo dos R$ 12 bilhões pretendidos. Agora o especialista não descarta a possibilidade de a empresa lançar uma nova oferta para atrair investidores.
“Esse movimento de queda reflete a reação natural do mercado diante da frustração da operação anterior e da incerteza sobre os próximos passos”, afirma.
Na visão de Rodrigo Vignoli, sales de renda variável da InvestSmart XP, a baixa adesão dos acionistas à oferta evidencia a falta de apetite dos investidores pela tese de reestruturação da Gol (GOLL54). “A performance do ativo reflete o temor de que os investidores estejam testemunhando mais um caso clássico de destruição de valor em reestruturações agressivas”, destaca.