

As ações da Hypera (HYPE3) disparam mais de 7% nesta quinta-feira (24), apesar de ter reportado prejuízo líquido de R$ 138,8 milhões no balanço do primeiro trimestre de 2025, divulgado na véspera. Com o resultado, a empresa reverteu o lucro líquido de R$ 391,5 milhões visto no mesmo período do ano anterior.
Analistas do mercado financeiro se divergem sobre os resultados trimestrais da Hypera. O Itaú BBA e o Bradesco BBI apontam que os resultados da empresa foram fracos, principalmente por conta do processo de otimização de capital de giro.
Por outro lado, o Safra, que também apontou problemas operacionais sobre o capital de giro, considerou o resultado positivo, principalmente pela geração de caixa de R$ 570 milhões. Já o Citi avalia que a Hypera reportou resultados fracos, mas dentro do esperado. Veja os relatórios na íntegra a seguir, com os respectivos preços-alvo e recomendações.
Como o mercado recebe o balanço da Hypera?
Bradesco BBI
Os resultados do primeiro trimestre da Hypera foram considerados fracos pelos analistas do Bradesco BBI. Segundo relatório, a receita de R$ 1,080 bilhão, caiu 41% em relação ao ano anterior, a devido à otimização do capital de giro, o que resultou em uma margem Ebitda negativa em 14%, de acordo com o relatório, assinado pelos analistas Márcio Osako e Valéria Parini.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Já o Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) do período ficou negativo em R$ 148,5 milhões estava em linha com a expectativa do banco
Segundo o banco, as vendas e marketing (sell-out, na sigla em inglês) no varejo cresceu 6% em relação ao ano anterior, em linha com a estimativa do mercado de 5,8% considerando as mesmas categorias, mas quatro pontos porcentuais abaixo considerando todas as categorias.
“Para impulsionar o sell-out, os descontos aumentaram 91% em relação ao ano anterior (ante 53% no quarto trimestre e 19% nos nove meses de 2024) e as despesas de marketing, cresceram 40% no comparativo com janeiro a março de 2024”, explicam
O Bradesco BBI mantém a classificação neutra para Hypera com preço-alvo de R$ 25 com potencial de valorização de 19% no comparativo com o fechamento anterior.
Publicidade
“Todos os olhares devem estar voltados para a melhora do crescimento das vendas e para os níveis de margem Ebitda normalizados, dados os maiores descontos em genéricos e despesas de marketing”, concluem os analistas.
Itaú BBA
Os resultados do primeiro trimestre deste ano da Hypera foram impactados pelo processo de otimização do capital de giro, na visão do Itaú BBA. Segundo relatório, a queda de 41% na receita anual, ocorreu por causa da estratégia da companhia de se concentrar em acelerar a redução dos níveis de estoque nos cliente.
“Naturalmente, isso levou a uma considerável desalavancagem operacional, resultando em pressão sobre o Ebitda. No entanto, a empresa obteve uma redução significativa nas contas a receber, com abril já atingindo a meta de 60 dias de recebimento”, disseram os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Generali Marquezini e Felipe Amâncio.
A queda nos recebíveis, de acordo com o relatório, foi de R$ 1 bilhão em relação ao trimestre anterior, impulsionada por uma receita líquida menor e pela implementação da nova estratégia de capital de giro.
“Houve também um aumento nominal inesperado nos níveis de estoque em relação ao trimestre anterior. Por fim, a dívida líquida diminuiu R$ 86 milhões em relação ao trimestre anterior.”
Publicidade
Segundo o banco, a reação do mercado deve se concentrar no crescimento do sell-out de 6% no segmento de varejo, que permanece abaixo do crescimento esperado para o ano inteiro de 2025. “Esta é uma métrica importante, pois indica qual seria o crescimento normalizado para a empresa a partir do segundo semestre de 2025.”
O Itaú BBA tem recomendação market perform (equivalente a compra) para os papéis da Hypera com preço-alvo de R$ 21, o que representa quase estabilidade, com queda de 0,1% em relação ao fechamento anterior.
Safra
O Safra considerou os resultados operacionais do primeiro trimestre da Hypera como fracos, mas dentro do esperado. “Esperamos que o momento negativo continue até pelo menos o final do primeiro semestre, à medida que a empresa ajusta suas operações”, dizem os analistas Vitor Pini, Tales Granello e Renan Sartorio.
Para o Safra, o desempenho operacional da Hypera foi impactado pelo plano de reestruturação e ajustes dos recebíveis que visa melhorar o capital de giro. Todavia, os analistas apontam que o plano teve um impacto negativo, fazendo as vendas líquidas caírem 40% na comparação anual. Da mesma forma, o Ebitda e o lucro líquido ficaram negativos, mas ainda superaram as expectativas do banco.
A receita líquida também registrou queda de 4,4% no ano, chegando a R$ 1,1 bilhão, mas ainda superou as expectativas em 5%, principalmente por conta do ajuste nos recebíveis. O Safra também chama a atenção para o fato de a empresa ter trabalhado com um prazo de pagamento de 70 dias para pedidos feitos em março de 2025 e reduzido para quase 60 dias em abril de 2025.
Publicidade
Porém, o banco considera que os resultados totais foram positivos e chama a atenção para a geração de caixa de R$ 570 milhões no período; a comercialização direta dos produtos ao cliente final, de 6%, o que mostra que a companhia defende sua posição no mercado.
O Safra tem recomendação outperform (equivalente a compra) para as ações da Hypera, com preço-alvo de R$ 25, o que representa um potencial de valorização de 19%.
Citi
O Citi avalia que a Hypera reportou resultados fracos no primeiro trimestre de 2025, embora majoritariamente em linha com as expectativas, com a relação entre preço e lucro sendo “significativamente afetada” pelo plano de ajuste de capital de giro da companhia. Essa medida, prejudicou o crescimento da receita e a lucratividade, deixando o Ebitda recorrente e os lucros em território negativo.
Segundo os analistas Leandro Bastos e Renan Prata, de qualquer forma, o sell-out de varejo orgânico continuou a crescer em um momento em que a empresa continuou a investir “pesadamente” em descontos promocionais e despesas de marketing, o que, na visão dos profissionais, continua a alimentar preocupações com os níveis de margem recorrente assim que as vendas de sell-in se normalizarem.
“Por outro lado, a carta do acionista destaca a correção acelerada de seu plano de ajuste de capital de giro, com dias de recebíveis já correndo perto de seu alvo planejado de 60 dias, que naturalmente deve impulsionar as vendas a partir do segundo trimestre”, escreve a dupla.
Publicidade
Por fim, o Citi destaca um fluxo de caixa livre para o acionista recorrente de R$ 110 milhões, embora com uma relação entre dívida líquida e Ebitda saltando para 5,8 vezes. O banco mantém a recomendação neutra (alto risco) para os papéis da Hypera, com preço-alvo de R$ 22, o que representa um potencial de valorização de 4,7% sobre o último fechamento.
Por volta das 11h50 (de Brasília), as ações da Hypera (HYPE3) subiam 7,61%, negociadas a R$ 22,62 na Bolsa brasileira.