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Para Ibiuna, “pior momento dos multimercados” pode ter ficado para trás

Para sócio-fundador da empresa, esse desempenho ruim desde 2023 são as incertezas sobre a economia global

Para Ibiuna, “pior momento dos multimercados” pode ter ficado para trás
Painel de cotação de bolsa de valores (Foto: Summit Art Creations em Adobe Stock)

O sócio-fundador da Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, afirmou que nos últimos dois ou três meses os modelos econômicos utilizados para avaliação de cenário “erraram menos”, após muitos ruídos desde a pandemia de Covid-19. Assim, junto à maior visibilidade do cenário macroeconômico adiante, a expectativa é que o pior já tenha passado e os multimercados voltem a “nadar de braçada”.

Durante painel no Previ Day, evento promovido pela Previ, nesta tarde, em São Paulo, Azevedo disse que os fundos multimercado brasileiros, comumente geridos por ex-tesoureiros de bancos, olham com atenção aos juros – mais especificamente para em que ponto o ciclo de juros está. E, no último um ano e meio, “o bicho pegou”.

“Vimos em 2019 e 2020 o juro cair pela pandemia, chegando a 2% no Brasil e 0% nos Estados Unidos. Então, em 2022, era dali para cima. A ideia é que em 2023 seria para baixo, mas essa virada está sendo difícil de acompanhar. Tem muito ‘falso positivo’”, afirma.

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Segundo o gestor, o que aconteceu é que os modelos econômicos utilizados para fazer projeções não estão funcionando bem. “Aconteceu alguma coisa durante a Covid que trouxe ruído, deixando os modelos com uma base de erro muito grande. Não está acontecendo só com os gestores, mas com os Bancos Centrais. Trouxe volatilidade grande”, diz. Em um ambiente como esse, é preciso ser mais cauteloso, destaca Azevedo. “Fica difícil fazer apostas estruturais e ficamos mais no tátil.”

No entanto, ele diz que nos últimos meses os modelos parecem estar errando menos, o que pode indicar que os efeitos trazidos pela Covid podem estar ficando para trás, oferecendo maior confiança na visão de médio prazo. Um exemplo, diz Azevedo, é que os juros americanos parecem estar efetivamente restritivos, então a ideia é “daqui para baixo”. Azevedo observa um corte pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mais para dezembro, e acredita que os juros devem cair pouco.

“Quando se tem visibilidade, é possível mover do tático para o estrutural, e é onde os multimercados ‘nadam de braçada’”, afirma Azevedo. “Decepcionamos nossos cotistas, mas há uma chance grande do pior já ter ficado para trás. E quando sairmos do ‘vale’, a magnitude da ‘outperformance’ (indicação de desempenho superior) é muito relevante”, destaca.

Além disso, o gestor menciona a importância da diversificação internacional para os fundos. Ele conta que, atualmente, o Brasil ocupa algo entre 30% e 40% do risco da carteira da Ibiuna, diferente de 10 anos atrás, quando era algo entre 70% e 80%. “Temos diversificação global e é super importante na composição de portfólio nos dias de hoje”, diz.