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Ibovespa: bolsa sobe quase 2% e retoma os 114 mil pontos

O nível de fechamento do Ibovespa na sessão também foi o melhor desde 20 de abril

Ibovespa: bolsa sobe quase 2% e retoma os 114 mil pontos
Painel do Ibovespa (Amanda Perobelli/Reuters)

No Brasil, o câmbio e a Bolsa continuaram a mostrar nesta “super-quinta” pós-Fed, com diversas decisões sobre juros no dia posterior à do BC americano, notável descolamento da elevação de custos de crédito simultânea em outras partes do mundo, em países tão distintos quanto Reino Unido e Noruega ou Suíça e África do Sul. Aqui, na noite de ontem, o aguardado sinal do Copom de que o ciclo de aperto monetário terminou com a Selic a 13,75% corrobora a percepção de que o BC ainda colhe frutos por ter largado bem na frente de outras autoridades monetárias na correção de rumo, com os preços caminhando para provável terceiro mês de deflação no País.

Assim, mesmo com perdas que superavam 1,5% à tarde em Nova York (Nasdaq), o Ibovespa fechou o dia em alta de 1,91%, aos 114.070,48 pontos, com máxima a 114.392,42 pontos, maior nível intradia desde 20 de abril, quando saiu de abertura a 115.056,66 naquela sessão. Hoje, iniciou a 111.941,66 e chegou na mínima a 111.818,53 pontos. Na semana, o índice da B3 sobe 4,38%, colocando o ganho do mês a 4,15% e o do ano a 8,82%. O giro desta quinta-feira foi a R$ 33,6 bilhões. O nível de fechamento do Ibovespa na sessão também foi o melhor desde 20 de abril, a 114.343,78 naquele encerramento.

Em dia de forte pressão sobre o índice DXY, que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra, em viés de alta e perto dos 112 pontos na máxima da sessão, a moeda americana cedeu 1,13% ante a brasileira, cotada a R$ 5,1143 no fechamento, o que contribuiu para dar sustentação ao Ibovespa na contracorrente da cautela externa. Lá fora, a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries no pós-Fed manteve as bolsas de Nova York na defensiva, embora com perdas moderadas no fim da tarde no blue chip Dow Jones (-0,35%), mas ainda relevantes no Nasdaq (-1,37%).

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Na B3, em dia de desempenho favorável de commodities como petróleo e minério, os ganhos se espalharam por ações e setores mais líquidos, como Vale (ON +2,29%), Petrobras (ON +2,05%, PN +2,47%) e bancos (Bradesco PN +2,30%). Entre as siderúrgicas, a alta chegou a 3,67% (CSN ON) na sessão. Destaque também para ações com exposição à economia doméstica, como Cogna (+8,76%), na ponta do Ibovespa, à frente de Yduqs (+5,80%), SLC Agrícola (+5,72%) e Soma (+5,06%). No lado oposto, IRB (-5,79%), Magazine Luiza (-3,16%), CVC (-2,79%) e Méliuz (-1,61%). O índice de consumo (ICON) fechou em alta de 1,63% e o de materiais básicos (IMAT), de 2,06%.

“A manutenção da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Nosso BC saiu na frente a assim permanece quando comparado aos do resto do mundo no ataque ao problema da inflação, que é global. E pela própria experiência que tem nisso (inflação), tem liderado”, observa Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, acrescentando que a ata da reunião de ontem do Copom ainda será importante para a compreensão dos próximos passos da autoridade monetária, mesmo com a indicação de que o ciclo de aperto chegou ao fim.

“O Banco Central deixou claro que o ciclo de aperto monetário terminou mas que deve continuar monitorando os indicadores de inflação e agirá prontamente, se necessário, para ajustar a inflação para a meta. Ou seja, o tom foi ainda duro, hawkish. Como as projeções de inflação para 2023 e 2024 ainda estão acima da meta, é provável que a Selic permaneça nesse nível por um período prolongado”, aponta Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

“O comunicado do Copom trouxe mensagem bem mais clara de que a Selic permanecerá nesse patamar elevado por período mais longo. Tinha uma parte do mercado que já esperava por isso, mas não tão unânime quanto a expectativa pela manutenção da Selic a 13,75%. Achamos que o patamar de dois dígitos deve permanecer pelo menos até o final de 2023, no nosso cenário-base”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.

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Entre a noite de ontem e a manhã desta quinta-feira, a BGC Liquidez realizou pesquisa com 128 players institucionais sobre as percepções pós-Copom, inclusive sobre a decisão não unânime pela manutenção da Selic a 13,75%, por sete votos a dois. Quanto questionados se a falta de consenso seria um sinal ‘hawkish’, metade dos que responderam não considerou como tal. A mediana para a Selic no fim de 2023 ficou em 11,25%, aponta o levantamento.

Entre traders/gestores, o comunicado da noite de ontem foi percebido por 56% deles como “neutro” e por 30% como mais ‘hawkish’ do que o esperado, enquanto os economistas ouvidos na pesquisa mostraram “call bem mais dividido” após o comunicado. Antes da decisão, 82% dos economistas ouvidos esperavam comunicado “hawkish”, fatia que caía para 62% entre os traders.

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