A inflação norte-americana volta a direcionar os mercados, mas nesta quarta-feira é o índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos mostra pressão inflacionária, no caso do núcleo do indicador.
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Conforme avalia Lucas Carvalho, especialista em renda variável da Blue3, apesar de o PPI ter vindo conforme o esperado, o núcleo do indicador ficou acima do previsto, indicando que a pressão inflacionária está longe de acabar, de indicar pico da inflação. “Parece o mesmo dia de ontem”, diz, ponderando que, como as perdas da véspera foram expressivas, os mercados podem encontrar espaço para algum ajuste.
Em meio à instabilidade, o Ibovespa chegou a subir 0,64%, na máxima aos 111.504,47 pontos, e mínima aos 110.120,32 pontos (-0,61%), mas ainda tenta defender moderada alta. O movimento reflete ainda certa cautela do mercado em relação aos dados de inflação informados entre ontem e hoje nos Estados Unidos.
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“O CPI veio fora do esperado alta ante previsão de queda. Porém, não foi uma grande diferença, mas provocou queda expressiva dos mercados bolsas ontem. Houve excesso de otimismo antes da divulgação”, avalia Wanessa Guimarães, planejadora financeira da Planejar e sócia da HCI Investimentos.
“O mercado reage (ainda) mais ao CPI do que ao PPI, está volátil, tentando ajustes, diz Wanessa, acrescentando que, no geral, os dados indicam um Fed “turbinando” outro aumento de juros após o encontro da semana que vem.
O CPI, divulgado ontem, subiu 0,1% no mês passado, ante projeção de recuo de 0,1%. O núcleo, por sua vez, avançou 0,6% (previsão: 0,3%). Já o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, informado hoje, caiu 0,1% em agosto ante julho, em linha com o esperado. O núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,4% na comparação mensal de agosto. Neste caso, a alta foi maior que a prevista no mercado, de 0,3%.
Para Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos, o recuo do PPI pode sugerir um início de melhora gradual da inflação nos Estados Unidos. Contudo, o assunto, diz, ainda deve continuar pautando os mercados. “Terão ainda muitas variáveis que ajudarão o Fed na definição dos juros. Antes sobretudo do CPI, o mercado estava dividido entre uma alta de meio ponto e 0,75 ponto porcentual no juro americano na semana que vem. Agora, as previsões estão entre 0,75 e um ponto”, avalia.
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A despeito de sinais de juros elevados por mais tempo no mundo, principalmente nos EUA, Noernberg pondera que este quadro pode ter pouco efeito desfavorável na Bolsa brasileira. “O Banco Central do Brasil começou a subir juros antes de todo mundo e há sinais de fim de ciclo. A inflação deve ficar perto de 6%, com uma atividade em recuperação. Além disso, os preços de alguns ativos aqui estão baixos. Nosso mercado tem oportunidades”, afirma o líder de renda variável da Manchester.
Ontem, após o CPI, o Ibovespa fechou em queda de 2,30%, aos 110.793,96 pontos. Hoje, após cair, o petróleo sobe, enquanto o minério cede, influenciando ações dos respectivos setores. Além disso, o vencimento de opções sobre Ibovespa nesta quarta-feira gera instabilidade.
Internamente, o desempenho pior do que o esperado das vendas varejistas em julho reforça a cautela, especialmente em ações ligadas ao ciclo econômico.
Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, os resultados aquém do esperado das vendas varejistas do Brasil em julho indicam que o término do ciclo de alta da Selic está próximo. A avaliação é do economista-chefe da Necton, André Perfeito. Para ele, os dados “decepcionaram.”
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Em sua visão, os dados apontam para o fim da elevação do juro básico por mais que pese no cenário externo uma reprecificação dos juros nos EUA.
Às 11h31, o Ibovespa cedia 0,06%, aos 110.723,79 pontos.