Na mesma direção embora a uma certa distância de Nova York nesta segunda-feira, o Ibovespa obteve hoje sequência de duas sessões em que conseguiu evitar perdas, algo que não ocorria desde os dias 24 e 25 de janeiro. Após ter fechado a sexta-feira em leve alta de 0,07%, o índice da B3 avançou neste começo de semana 0,70%, aos 108.836,47 pontos, com o patamar dos 108 mil tendo predominado em fechamentos desde 3 de fevereiro, vindo do encerramento de janeiro aos 113,4 mil pontos – mês em que acumulou ganho de 3,37% após recuos de 2,45% em dezembro e de 3,06% em novembro.
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Em fevereiro, a falta de dinamismo tem se refletido também em giro mais fraco, hoje a R$ 24,2 bilhões. No mês, o Ibovespa cai 4,05% e, no ano, cede 0,82%. Entre a mínima e a máxima do dia, o índice oscilou dos 107.419,59 aos 109.192,91, saindo de abertura aos 108.074,15 pontos.
À noite, o mercado aguarda posicionamento do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na qual um dos assuntos principais será a recente crítica do presidente Lula e de outras autoridades do governo não apenas ao nível da Selic e das metas de inflação, mas também à lei que assegurou independência ao Banco Central.
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A viagem de Lula aos Estados Unidos e alguns comentários públicos de autoridades, como o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), contribuíram para acalmar um pouco os ânimos sobre o BC, mas o sinal de que Campos Neto poderia aceitar revisão antecipada da meta, para cima, foi recebido de forma mista pelo mercado perto do fim da semana passada.
Por um lado, há a percepção de que pequeno aumento antecipado da meta seria uma solução de compromisso que neutralizaria incertezas sem ferir a credibilidade do BC, mas, por outro, o pensamento é de que, por menor que seja o ajuste, viria em momento de pressão sobre a autonomia de autarquia que deveria ser guiada apenas por critérios técnicos, blindada de interesses políticos. Os argumentos de governo e aliados contra a autonomia desceram ao ponto de associar Campos Neto ao “bolsonarismo”, com convites para que dê ao Congresso explicação sobre decisões.
Hoje, pela primeira vez desde maio de 2021, representante do Ministério da Fazenda esteve presente à reunião trimestral entre BC e economistas do mercado, mas a participação foi descrita como silenciosa por fontes que estiveram no encontro – sem interferências, perguntas ou comentários, reportam os jornalistas Cicero Cotrim e Marianna Gualter, do Broadcast.
Segundo fontes que participaram do encontro, os analistas convergiram na avaliação de que o debate sobre aumento da meta de inflação deve agravar a desancoragem das expectativas. Nesse cenário, a maior parte dos participantes apresentou cenários de Selic estável em 13,75% até o fim de 2023 – acima da mediana do último relatório Focus, de 12,75%.
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Em outro desdobramento do dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deu aval para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, participar das discussões sobre o novo arcabouço fiscal. O BNDES vai organizar em março um seminário sobre o tema, que contará com a participação da Fazenda. Segundo apurou o Broadcast Político, a ideia do seminário sobre arcabouço fiscal, uma das prioridades do governo federal, partiu de Mercadante e foi aceita por Haddad.
“O tema no Brasil continua a ser o debate sobre o regime de metas de inflação, e o estresse entre governo e Banco Central. Além de importante, o Roda Viva de hoje promete ser emocionante”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, para quem o mais provável é que a meta vá a 3,5% “em caráter permanente”, o que seria “mais razoável” do que buscar níveis de 3% ou 3,25%. Para o economista, 3,5% ou mesmo 4% como meta não fariam tanta diferença – e, dessa forma, um balizador maior, viável, contribuiria para aliviar a “carga de juros” no Brasil.
Na B3, o começo de semana foi majoritariamente positivo para as ações de maior peso e liquidez, à exceção de Vale (ON -0,10%). Destaque para o bom desempenho das ações de bancos, com Bradesco (PN +3,55%) e Itaú (PN +3,53%) à frente. O dia também foi de ganhos, embora discretos, para Petrobras (ON +0,50%, PN +0,30%). Na ponta do Ibovespa, destaque para a recuperação de BRF (+7,63%) na sessão, à frente de Via (+5,37%) e Soma (+4,30%), com Azul (-4,31%) e Méliuz (-3,09%) no canto oposto.
“A semana promete ser agitada, com dados e eventos importantes nos Estados Unidos, como o CPI (inflação ao consumidor) de janeiro, as vendas do varejo, e alguns discursos de autoridades do Fed”, diz Gabriel Matesco, especialista em renda variável da Blue3, destacando, no Brasil, os aguardados resultados trimestrais de empresas como Banco do Brasil, B3, WEG e, especialmente, Vale, a de maior peso individual no Ibovespa e que “trouxe prévias um pouco abaixo das expectativas, em função do minério”.
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