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Ibovespa cai 1,77%, aos 101,8 mil pontos, mas avança 3,09% na semana

Hoje a referência da B3 oscilou entre mínima de 101.475,57 e máxima de 104.040,62

Ibovespa cai 1,77%, aos 101,8 mil pontos, mas avança 3,09% na semana
Foto: Robson Fernandjes/Estadão

O Ibovespa devolveu a alta do dia anterior, ontem como hoje em cima do arcabouço fiscal, mas obteve ganho de 3,09% na semana – após perda de exatos 3,09% acumulada no intervalo precedente, a última de uma série de cinco quedas semanais iniciada também com um recuo de 3,09%, ainda em fevereiro.

Na semana ora encerrada, o desempenho positivo refletiu a gordura que havia acumulado nas últimas cinco sessões. Hoje, desconectada do sinal positivo nas bolsas do exterior, a referência da B3 oscilou entre mínima de 101.475,57 e máxima de 104.040,62, saindo de abertura aos 103.714,34 pontos. No fechamento, a queda foi de 1,77%, a 101.882,20 pontos, com giro a R$ 26,7 bilhões na sessão. Em março, o Ibovespa recuou 2,91%, vindo de perda de 7,49% em fevereiro, após abertura de ano positiva, com avanço de 3,37% em janeiro. Em 2023, cede agora 7,16% neste fechamento de primeiro trimestre, o pior começo de ano desde 2020.

A queda firme no primeiro trimestre de 2023 contrasta com o desempenho registrado no mesmo intervalo de 2022, um ganho de 14,48% que havia sido o maior para o Ibovespa desde os últimos três meses de 2020 (+20,51%) e o melhor primeiro trimestre desde 2016 (+15,47%). Na última sessão de março de 2022, o índice fechou no piso do dia, mas esta mínima correspondia, praticamente, a 120 mil pontos (então aos 119.999,23). Em março do ano passado, o Ibovespa acumulou alta de 6,06%, após avanços de 0,89% e de 6,98%, respectivamente, em fevereiro e janeiro.

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O desempenho ruim nesta abertura de ano se acresce a comportamento lateralizado do Ibovespa no último trimestre de 2022, quando fechou aos 109.734,60 vindo de 110.036,79 no encerramento de setembro – uma variação trimestral negativa de 302 pontos. Por sua vez, o terceiro trimestre do ano passado foi de recuperação, após o Ibovespa, como agora, ter vagueado abaixo dos 100 mil pontos em junho de 2022 – assim, no 3º tri teve retomada de 11,66% após mergulho de quase 18% no anterior, que foi o maior tombo trimestral do índice da B3 desde o auge do temor sobre a pandemia, em janeiro-março de 2020, quando havia recuado cerca de 37%.

Em dólar, o Ibovespa chega ao final do primeiro trimestre de 2023 aos 20.100,65 pontos, com a moeda americana em baixa de 2,99% em março frente ao real. Em fevereiro, quando a Bolsa caiu cerca de 7,5%, o Ibovespa, em dólar, estava praticamente no mesmo ponto, então aos 20.082,66 pontos, tendo encerrado janeiro aos 22.343,36 pontos e dezembro de 2022 aos 20.783,06.

Se ontem, embalado pelo anúncio oficial do arcabouço fiscal, o Ibovespa andou à frente das bolsas de fora e subiu 1,89%, hoje fez o movimento inverso, devolvendo boa parte da recuperação em cima do mesmo fator: o arcabouço fiscal. Na quinta-feira, apesar das ressalvas feitas por diversos analistas econômicos, que atentaram para premissas otimistas nas linhas gerais da proposta, o apetite por risco impulsionou os ativos brasileiros, entre os quais as ações na B3. Hoje, o real manteve a apreciação frente ao dólar, cotado a R$ 5,06 no fechamento, mas Bolsa e juros futuros não sustentaram o movimento do dia anterior.

A atenção dos investidores se volta agora ao futuro detalhamento técnico do arcabouço, com a percepção de que, para que as referências de desempenho das contas públicas apresentadas para os próximos anos sejam cumpridas pelo governo, deve vir pela frente aumento de impostos, considerando também o desempenho da economia.

“A semana foi um pouco melhor, apesar do desempenho ruim hoje. A melhora, de qualquer forma, foi insuficiente para fazer a Bolsa subir no mês e no ano. Os juros fecharam um pouco mais na semana, com a expectativa sobre o arcabouço, corrigindo exagero na pressão sobre as taxas futuras que vem ainda do ano passado”, diz Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos. “As diretrizes gerais do arcabouço vieram ontem, e a expectativa do mercado, que era baixa, resultou em uma reação razoável. É preciso ver agora as medidas pelo lado da receita. No Brasil, de forma geral, se estabelece a despesa para depois correr atrás da receita.”

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Cavalheiro observa também que os resultados corporativos do quarto trimestre de 2022, temporada de anúncio de balanços com prazo encerrado neste 31 de março, trouxeram receitas – conforme esperado – mais fracas, refletindo em especial o nível dos juros e a dificuldade de crédito. “Raríssimas foram as empresas que tiveram melhora de receita em relação ao terceiro trimestre”, acrescenta. “E o primeiro trimestre deste ano tende a ser fraco também para as empresas.”

“O volume diário está travado na Bolsa – era de R$ 30 bilhões no ano passado e está agora em torno de R$ 20 bilhões. Há um desinteresse total, com grandes resgates em fundos e muitas pessoas físicas vendendo direto. Os estrangeiros vinham sustentando, mas nesse mês de março passaram a vender também. Os preços estão atrativos, com muitas ações de empresas de qualidade a preços muito baixos. Mas enquanto não tiver investidor, não vão subir”, acrescenta o gestor.

“Até o final de janeiro o Ibovespa vinha bem, daí veio o processo de realização. Chegou a se aproximar dos 115 mil, depois mergulhou até os 97 mil. Expectativa para a reabertura da China e o começo de governo – a que foi dado o benefício da dúvida – deram apoio às ações de commodities como também a empresas correlacionadas à nossa economia, no início do ano”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Em fevereiro, contudo, “a tempestade perfeita começou a se formar, com perspectiva ainda mais restritiva para a taxa de juros americana”, acrescenta. “Aqui, o mercado se tornou mais questionador com relação ao fiscal a partir da tensão entre governo e BC. Março teve também a crise bancária no exterior, piorando a percepção de risco”, aponta Moliterno. “Com o arcabouço, o cenário ainda é de aumento da dívida doméstica.”

Assim, em tom menor neste fechamento de mês e trimestre, apenas 12 ações da carteira Ibovespa conseguiram escapar ao sinal negativo da sessão, com ganhos moderados. Na ponta vencedora, destaque hoje para CCR (+2,81%), Cogna (+2,75%) e Ultrapar (+2,35%). No canto oposto, empresas de setores expostos ao ciclo doméstico, como MRV (-7,13%), Soma (-7,00%) e Hapvida (-6,43%).

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Entre as ações de empresas com maior peso no índice, houve poucas exceções positivas, com destaque para as de três grandes bancos: Itaú (PN +0,49%), Santander (Unit +0,34%) e Banco do Brasil (ON +0,26%). Petrobras ON e PN caíram respectivamente 2,18% e 2,17%, e Vale ON fechou o dia em baixa de 1,87%.

O mercado financeiro ajustou o otimismo sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, mas a expectativa de alta para o Ibovespa segue majoritária. Entre os participantes, 57,14% disseram que a Bolsa deve acumular ganho na próxima semana e 14,29% esperam perdas, enquanto para 28,57% o Ibovespa terá variação neutra. No Termômetro anterior, 75,00% previam avanço para o índice nesta semana, contra 12,50% que projetavam baixa e outros 12,50%, estabilidade.