Saindo dos 109 mil pontos na abertura, o Ibovespa emendou a segunda perda e retrocedeu aos 107 mil pontos nesta quinta-feira, no menor nível de fechamento desde 5 de agosto. O elevador para baixo ocorreu a despeito do dia positivo em Nova York, onde os ganhos variaram entre 0,55% (Dow Jones) e 1,13% (Nasdaq) no encerramento do dia. Aqui, a referência da B3 fechou aos 107.249,04 pontos, em queda de 1,67%, entre mínima de 106.905,81 (-1,98%) e máxima de 109.285,75 pontos na sessão. O giro financeiro foi a R$ 31,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa cai 4,18% e no mês, 4,66%, limitando a alta do ano a 2,31%.
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A aprovação da PEC da Transição no Senado, sem desidratação adicional, mantém as preocupações sobre a situação fiscal em cima da mesa, o que deixa os investidores em ativos de risco, como ações, na defensiva. A tramitação na Câmara promete ser mais complicada, em paralelo ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o orçamento secreto – situação que, no limite, pode reviver conflito entre poderes, algo que parecia superado com a derrota do Planalto nas urnas, em outubro.
Conforme apurou o Broadcast Político, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a dizer a líderes partidários da Casa que o texto da PEC da Transição, aprovado ontem no Senado, não foi acordado com deputados.
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Amanhã, conforme antecipado hoje pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciará parte dos ministros do futuro governo, aqueles sobre os quais Lula já não tem mais dúvidas. E, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, a fila de indicações deve ser puxada por Fernando Haddad, na Fazenda, e por Rui Costa, ex-governador da Bahia, na Casa Civil, dois nomes que, desde novembro, figuravam nas listas de favoritos a ocupar espaço na próxima administração. O diretor da consultoria americana de risco político Eurasia, Christopher Garman, avalia que o mercado ainda receberá com preocupação a nomeação de Haddad como ministro da Fazenda, caso venha a se confirmar. Para o analista político, o nome do ex-prefeito de São Paulo “entra não inspirando confiança no mercado financeiro”. Ele pondera que o petista pode não ser tão ruim como o mercado teme.
“Tempestade perfeita no momento, resta saber com quem Haddad virá, caso seja confirmado. Mercado já vinha esperando pelo Haddad na Fazenda, mas segue preocupado também com relação, principalmente, à PEC da Transição, com gasto fiscal ainda muito grande”, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.
Em Brasília, a ex-ministra do Planejamento e integrante do Grupo de Trabalho de Infraestrutura na transição, Miriam Belchior, disse hoje que o governo eleito já está preparando emenda orçamentária para reforçar os recursos para infraestrutura no próximo ano. A sugestão seria apresentada ao relatório do projeto de orçamento de 2023, que será votado após a aprovação da PEC da Transição. O governo Lula conta com a PEC para, além de manter o Bolsa Família em R$ 600, abrir espaço no orçamento para irrigar áreas como transporte, saúde e educação.
O próximo ano será desafiador na avaliação de pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), que participaram do IV Seminário de Análise Conjuntural, realizado nesta quinta-feira, de forma virtual, em parceria com o Estadão. “Acho que 2023 é desafiador porque, do ponto de vista cíclico, precisamos desacelerar”, disse Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV-Ibre.
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Nesse sentido, a notícia de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi sondado por um emissário do presidente eleito Lula para um segundo mandato à frente da autarquia é positiva, por reforçar a independência da autoridade monetária, na avaliação do ex-presidente do BC Gustavo Franco, que participou hoje de evento organizado pelo Itaú Unibanco.
Ontem, no comunicado sobre a decisão de política monetária, em que se manteve conforme esperado a Selic a 13,75% ao ano, o Copom mostrou cautela com relação à situação fiscal, mas em tom dentro do que o mercado aguardava.
“A questão fiscal era esperada, evidentemente é o centro das preocupações. Mas a descrição do cenário internacional, pelo Copom, apareceu de forma mais preocupante, abrindo um espectro de possibilidades amplas, inclusive com relação a questões fiscais no exterior. É realmente um momento de transição pouco transparente para a política monetária, com inflação ainda pressionada nas últimas duas semanas, o que deve persistir no primeiro trimestre (de 2023) em função de reajustes de contratos de serviços indexados, como os de escolas e aluguéis”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
“No cenário doméstico, foi reconhecido, como esperado, o ritmo de crescimento mais moderado por parte do PIB, em conjunto de indicadores divulgados recentemente. Entretanto, assume que mesmo com desaceleração do nível de atividade, a inflação ao consumidor continua elevada. Esse movimento pode ser justificado pelos impactos dos auxílios injetados na economia, que aquecem a demanda interna”, observa a economista Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais.
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Na B3, as ações de maior peso e liquidez caíram em bloco nesta quinta-feira, à exceção de Vale (ON +1,23%), revertendo parte da perda de 3,56% da mineradora na sessão anterior. Hoje, a recuperação foi favorecida pelo avanço de preço do minério na China, após a decepção de ontem, dos investidores, com relação aos dados de produção de novembro e, em especial, ao ‘guidance’ da empresa.
Petrobras fechou em baixa (ON -2,16%, PN -2,25%), com o petróleo estendendo série negativa que coloca, agora, o barril do Brent na casa de US$ 76. O desempenho das ações de bancos também foi ruim nesta quinta-feira, com destaque para queda de 3,51% em Itaú PN. Na ponta negativa do Ibovespa, CVC (-10,23%) e Azul (-7,61%), que haviam puxado a fila de ganhos ontem, ao lado hoje de Pão de Açúcar (-6,97%) e Gol (-6,82%). No lado oposto, Méliuz (+8,85%), IRB (+2,94%) e PetroRio (+1,53%).