Na esteira de avanço acima de 2% no Brent, os ganhos em torno de 3% para Petrobras (ON +3,13%, PN +2,85%) não foram o suficiente para assegurar sinal positivo ao Ibovespa no fechamento desta quinta-feira (13) pós-feriado, em que os ganhos em Nova York chegaram a 2,83% (Dow Jones) após uma sequência de quedas – a sessão também foi de recuperação técnica nas bolsas europeias. Afora Petrobras, o dia na B3 foi majoritariamente negativo para outras ações e setores de peso, como bancos, à exceção de BB (ON +0,69%); siderurgia, exceto Gerdau (Metalúrgica +0,53%, PN +0,19%), e para Vale (ON -1,78%), com recuo de 2,45% no minério em Dalian (China).
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Com poucos catalisadores domésticos disponíveis na sessão, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,46%, a 114.300,09 pontos, vindo já de três perdas antes da pausa para a celebração da Padroeira, ontem. Na mínima, tocou hoje 112.690,12 pontos, ainda no menor nível desde a abertura de 3 de outubro, dia seguinte ao primeiro turno da eleição, com máxima nesta quinta-feira a 115.366,95, saindo de abertura aos 114.819,20 pontos. O giro financeiro foi a R$ 48,1 bilhões na sessão, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa. Na semana, o índice cede 1,78%, mas avança 3,87% no mês e 9,04% no ano.
Na ponta do índice, destaque ainda para Braskem (+11,97%), estendendo o salto da terça-feira com os rumores de que o fundo Apollo teria apresentado oferta maior pelas ações da empresa com a intenção de fechar o capital na B3 e abrir em Nova York. Destaque também para Minerva (+6,64%), Rumo (+4,05%) e Petrobras ON (+3,13%). No lado oposto, Americanas (-7,34%), CSN Mineração (-5,56%) e MRV (-5,13%). No exterior, “foram cinco dias seguidos de queda para as bolsas americanas, até ontem, que as colocaram em mínimas do ano, faltando pouco para o encerramento de 2022. Um ano ruim também para o mercado de bonds, e não só americanos, com o estresse que prossegue especialmente nos Gilts, do Reino Unido“, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, colocando em destaque sinais em sentido tanto ‘hawk’ como ‘dove’ na ata de ontem do Federal Reserve. “Voltaram a frisar o risco de não se fazer nada ou menos do que deveriam, mas pela primeira vez apareceu um parágrafo (na ata) que pode ser lido como uma conversa sobre desaceleração da alta de juros”, acrescenta o economista.
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A ata do Federal Reserve, divulgada ontem quando a B3 estava fechada, trouxe até alguns sinais “dovish”, observa também Gabriel Meira, especialista em renda variável da Valor Investimentos, mas tal efeito foi mitigado de certa forma, hoje, pela leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos. “A alta foi de 0,40%, e a expectativa era de 0,20% (para setembro). Um dos fatores para esse aumento é o contínuo crescimento da massa salarial, o que estimula o consumo e contribui para uma inflação elevada. O acumulado em 12 meses está em 8,2%, ainda bem acima da meta (de inflação) do Fed, de 2% ao ano”, observa Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios.
“O dia de hoje foi bastante volátil principalmente lá fora, com o CPI (índice de preços ao consumidor) acima do esperado, o que levou o mercado a precificar altas maiores de juros, e até risco de ciclo também maior (de aumentos na taxa de referência do Fed), considerando que se esperava alta de 0,75, de 0,50 e de 0,25 pontos porcentuais (para as próximas reuniões). Mas depois houve uma recuperação muito forte lá fora, saindo das mínimas para as máximas do dia. Aqui, a amplitude do movimento foi muito menor, mas o mercado chegou a acompanhar também, em parte do dia”, diz Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset.
“O principal dado de inflação da semana, o CPI americano, trouxe volatilidade, com oscilação grande depois da divulgação, após leitura acima do esperado tanto para o índice cheio como para o núcleo (que exclui itens considerados mais voláteis, como alimentos e energia). O ‘core’ subiu 0,6%, na margem, e 6,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, contrariando expectativas, e com alta muito concentrada no setor de serviços”, diz Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos.