No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje fechou em queda de 1,01% cotado a R$ 5,3870, menor nível de encerramento desde 14 de junho de 2024, então a R$ 5,3821. “No exterior, a moeda americana perdeu fôlego de forma generalizada e acelerou a queda à medida que investidores digeriam o CPI americano, que elevou as chances de cortes adicionais de juros ainda neste ano”, destaca Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Para Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos, o mercado refletiu o reforço nas apostas de início de um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos em setembro e, no caso do Brasil, colocou na mesa dos analistas a possibilidade de os cortes da taxa Selic começarem antes do esperado, talvez na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano.
Os dois índices de inflação divulgados no dia — no Brasil e nos Estados Unidos — vieram mais fracos que o esperado e deflagraram um movimento de apetite por risco que favoreceu o principal índice da B3 hoje.
O IPCA de julho (0,26%) veio abaixo de todas as estimativas, e o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) mostrou leituras benignas, com a taxa anualizada (2,7%) abaixo do previsto (2,8%).
A perspectiva de início dos cortes de juros americanos contribuiu para a alta dos índices de Nova York e também fez o Ibovespa registrar máximas, quase tocando os 138,5 mil pontos.
A terça-feira ainda foi de alta dos preços do minério de ferro (1,70%), como reflexo da trégua tarifária entre Estados Unidos e China anunciada na segunda-feira (11) pelo prazo de 90 dias.
Ainda no que diz respeito a commodities, os contratos futuros do petróleo fecharam em baixa, após o Departamento de Energia (DoE) dos Estados Unidos e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) divulgarem novas projeções para o mercado da commodity.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta terça-feira (12)
Haddad comenta sobre MP alternativa ao aumento do IOF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que a Medida Provisória 1.303/2025, que contém alternativas à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), é “peça essencial para fechar o orçamento de 2026”.
Em sua fala inicial em audiência da Comissão Mista da MP 1.303, o ministro lembrou que a meta para 2026 é de superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). “Vamos cumprir a meta deste ano e vamos trabalhar para cumprir a meta de 2026”, disse. A MP discutida pelo Congresso tem arrecadação estimada em R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 20 bilhões em 2026.
Ele defendeu ainda que, com a MP, títulos hoje isentos continuarão incentivados e afirmou que o objetivo não é inibir esses títulos. “Com segurança, digo que não (vai desestimular a aplicação)”, afirmou. Confira os detalhes aqui.
EUA postergam tarifas comerciais à China
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na segunda-feira (11) na Truth Social que assinou o decreto que prorroga a suspensão tarifária sobre a China por mais 90 dias. “Todos os outros elementos do acordo permanecerão inalterados”, informou o republicano.
Segundo a Casa Branca, os EUA continuam a ter discussões com Pequim para abordar a falta de reciprocidade comercial no relacionamento econômico e as preocupações resultantes de segurança nacional.
“Através dessas discussões, a China continua a dar passos significativos em direção à correção de acordos comerciais não recíprocos e ao tratamento das preocupações dos EUA relacionadas a questões econômicas e de segurança nacional”, disse o comunicado, acrescentando que a suspensão tarifária continuará até 10 de novembro.
Bolsas globais avançam após trégua EUA-China
A prorrogação da trégua tarifária entre EUA e China por 90 dias, anunciada pelo governo americano e confirmada por Pequim, impulsionou as bolsas asiáticas, com o japonês Nikkei batendo recorde. Enquanto isso, as bolsas da Europa fecharam na maioria em alta e as de Nova York subiram mais de 1% após o CPI americano. Dow Jones avançou 1,1%, enquanto S&P 500 e Nasdaq registraram ganhos de 1,13% e 1,39%, respectivamente.
O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos subiu 0,2% em julho ante junho, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o CPI avançou 2,7% em julho, repetindo a variação do mês anterior. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam para julho altas de 0,2% e 2,8%, respectivamente.
“Embora o repasse das tarifas ainda represente um risco altista relevante para a inflação nos próximos meses, o conjunto de dados divulgado até agora reforça a expectativa de que o Federal Reserve possa iniciar cortes já em setembro”, avalia Andressa Durão, economista do ASA.
Inflação medida pelo IPCA sobe em julho
O IPCA de julho veio com alta de 0,26%, ante uma elevação de 0,24% em junho, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, com teto de 0,39% e mediana de 0,35%.
“No conjunto, o dado confirma um cenário favorável para a inflação corrente, ainda que com o atenuante do nível elevado nos serviços. De todo modo, o resultado contribui para sustentar o clima mais positivo nas expectativas”, afirma Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Commodities hoje: petróleo recua, enquanto minério avança
Os contratos futuros do petróleo fecharam em queda, na contramão dos leves ganhos de ontem. O DoE cortou a previsão para o preço médio do Brent em 2026, de US$ 51 para US$ 58. A Opep, por sua vez, manteve a projeção de aumento da oferta e confirmou a expectativa de crescimento da demanda global pela commodity neste ano.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para setembro fechou em queda de 1,23% (US$ 0,79), a US$ 63,17 o barril. Já o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 0,77% (US$ 0,51), a US$ 66,12 o barril.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro subiu 1,70% em Dalian, no contrato futuro para setembro de 2025, cotado a 807,50 yuans, equivalente a US$ 112,34 por tonelada.
Tarifaço dos EUA segue no radar do investidor
As incertezas sobre as tarifas americanas e o plano de contingência para mitigar os impactos, que segue sem consenso no governo, permearam os negócios.
Para o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, uma atitude do governo brasileiro em se “auto-humilhar” para o presidente Donald Trump não seria correta diante da crise do tarifaço. “Não estamos sendo arrogantes. Pelo contrário, houve várias buscas de contatos”, disse Amorim.
Paralelamente, o presidente Lula conversou com o presidente chinês Xi Jinping, reforçando a parceria bilateral e discutindo temas como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também chamada de COP30, tarifas e a guerra na Ucrânia.
A temporada de balanços corporativos também segue no radar. Americanas (AMER3), CVC (CVCB3), Light (LIGT3), MRV (MRVE3) divulgam seus resultados do segundo trimestre após o fechamento do mercado – veja o calendário completo de balanços da semana.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na Bolsa de Valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Paula Dias, Thais Porsch, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast