O reflexo das declarações também pôde ser visto no petróleo, que atingiu a menor cotação em até cinco meses. O ouro encerrou em alta, acima dos US$ 4.000. Já o VIX, termômetro do medo em Wall Street, saltou acima de 30% após o anúncio de Trump. O temor também respingou nos índices de ações de Nova York.
No cenário doméstico, continuou ecoando ainda a incerteza fiscal e eleitoral nos mercados, após a derrubada da Medida Provisória que trazia alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O governo busca opções para cobrir o rombo que será deixado nas contas públicas.
Em meio à desconfiança em relação à responsabilidade fiscal, ganhou destaque o lançamento da nova política habitacional do governo federal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Estiveram presentes o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
Um dia depois de o Congresso retirar de pauta e enterrar a medida provisória com propostas de arrecadação alternativas ao aumento do IOF, Lula afirmou que vai propor a taxação de fintechs como forma de compensação. Ele marcou uma reunião com Haddad e com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para a próxima semana. O ministro da Fazenda desistiu de viajar a Washington para as reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
No exterior, o quadro de cautela ainda refletiu a paralisação da máquina pública dos EUA, que entrou em seu décimo dia, enquanto investidores monitoraram o acordo de paz entre Israel e o Hamas.
No fechamento, o dólar hoje subiu 2,39% ante a moeda brasileira, a R$ 5,5037 na venda. “Com a China voltando a figurar no foco de Trump, vimos um movimento de desvalorização de commodities, afetando as moedas mais sensíveis à exportação desses itens, fazendo com que o real operasse em linha com o restante das moedas emergentes”, afirma André Valério, economista sênior do Inter.
Ibovespa hoje: os destaques desta sexta-feira (10)
Trump ameaça sobretaxar a China mais severamente
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que seu governo “está calculando um grande aumento das tarifas sobre produtos da China”, em resposta ao que classificou como um movimento “hostil” de Pequim para restringir exportações de elementos estratégicos.
Segundo ele, “há muitas outras medidas de retaliação em consideração” contra o país asiático.
Em publicação na Truth Social no início desta tarde, Trump declarou que “coisas muito estranhas estão acontecendo na China”, que estaria “se tornando muito hostil” e enviando cartas a governos de todo o mundo para anunciar planos de controle sobre exportações ligadas aos terras raras, minerais muito utilizados na indústria de tecnologia.
O republicano afirmou que tais restrições poderiam “travar os mercados e tornar a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a própria China”.
O presidente disse ter sido procurado por outros países “extremamente irritados”, sem citar quais, com o que chamou de “grande hostilidade comercial”, acrescentando que o relacionamento entre Washington e Pequim “vinha sendo muito bom nos últimos seis meses” — o que tornaria o gesto chinês ainda mais surpreendente para ele.
Bolsas globais têm queda com falas de Trump e acordo de paz para Gaza
Os índices de ações do Ocidente tiveram sinal de baixa em sua maioria enquanto investidores também avaliaram o acordo de paz para Gaza.
Israelenses e palestinos celebraram simultaneamente na quinta-feira (9) a concretização de um acordo que prevê o fim de dois anos de guerra em Gaza. O governo de Israel e o grupo terrorista Hamas se comprometeram a seguir o plano proposto por Donald Trump – saiba mais nesta reportagem do Estadão.
Na Europa, as Bolsas encerraram majoritariamente em queda nesta sexta-feira, com as falas de Trump no radar. Em Londres, o FTSE 100 teve baixa de 0,92%, a 9.421,62 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 1,40%, nos 24.266,80 pontos. Em Paris, o CAC 40 cedeu 1,53%, a 7.918,00 pontos. Em Milão, o FTSE MIB sofreu desvalorização de 1,74%, a 42.047,50 pontos. Em Madri, o Ibex 35 cedeu 0,78%, a 15.480,70 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 subiu 0,73%, a 8.169,87 pontos.
Em Nova York, os índices aceleraram perdas com a possibilidade novos aumentos de tarifa para a China. No fim do dia, o Dow Jones cedeu 1,9%, enquanto Nasdaq e S&P 500 registraram perdas de 3,56% e 2,71%, respectivamente.
Agenda econômica do dia
O mercado ficou de olho no acordo de paz para Gaza, no conflito entre Israel e Hamas. No Brasil, o Ibovespa hoje acompanhou ainda a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em cerimônia de lançamento do novo modelo de crédito imobiliário do governo, que contou com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo.
Também no exterior, o índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, elaborado pela Universidade de Michigan, caiu para 55,0 em outubro, ante 55,1 em setembro, segundo levantamento preliminar divulgado pela instituição nesta sexta-feira. O resultado ficou abaixo da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 55,8.
A pesquisa mostrou ainda que a expectativa de inflação em 12 meses caiu de 4,7% em setembro para 4,6% em outubro. Já para o horizonte de cinco anos, a expectativa de inflação seguiu em 3,7% na mesma comparação mensal.
No campo político brasileiro, após a derrubada da MP 1.303, com opções ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo busca alternativas de arrecadação. Na quinta-feira, a bancada do PT na Câmara dos Deputados protocolou um projeto de lei para aumentar a taxação das bets de 12% para 24%.
Na próxima semana, Lula pretende reunir seus ministros para discutir o assunto — tanto que Haddad desistiu de viajar a Washington para as reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o ministro, a MP foi derrubada na quarta-feira (8) pelo Congresso porque “o lobby dos privilegiados prevaleceu”.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva e Silvana Rocha, do Broadcast