O payroll dos EUA está entre os destaques do mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje encerrou no maior nível da sua história, após ter batido mais cedo o recorde intradia, ao alcançar os 143.408 pontos. No fechamento desta sexta-feira (5), o índice subiu 1,17% aos 142.640,14 pontos. As atenções do mercado estiveram concentradas no relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, que veio abaixo das projeções do mercado.
A economia dos EUA criou 22 mil empregos em agosto, em termos líquidos, segundo relatório publicado pelo Departamento do Trabalho do país. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast estimavam criação de até 104 mil vagas, com mediana de 76 mil. Esse era o número mais esperado pelo mercado para verificar se a economia americana está esfriando.
Em um primeiro momento, pode parecer estranho que os dados abaixo do esperado favoreçam o Ibovespa. Mas o resultado eleva as expectativas para cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A queda nas taxas por lá impulsiona a entrada de dinheiro estrangeiro no Brasil, além de criar um incentivo para que o Banco Central também reduza a Selic por aqui.
Isso gera um cenário positivo para empresas mais sensíveis aos juros altos. As ações do Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, estiveram entre as maiores altas desta sexta-feira e dispararam mais de 7%. “O mercado começa a se posicionar em empresas que podem ter um benefício com esse movimento de corte de juros, que são majoritariamente as companhias de varejo e serviços”, afirma Danilo Coelho, economista e especialista em finanças pela Faculdade Brasileira de Finanças e Negócios (FBNF).
Os investidores já dão como certa uma redução dos juros pelo Fed na decisão de política monetária no próximo dia 17 – o primeiro corte desde dezembro de 2024. A dúvida é quanto aos próximos passos. “O que todo mundo quer saber é se em outubro e dezembro também poderá haver cortes”, diz Alison Correia, analista de investimentos e sócio da Dom Investimentos.
Outro fator também ajudou a impulsionar o IBOV: a elevação de 0,77% do minério de ferro hoje, na China. O contraponto foi o petróleo, que fechou em queda nesta tarde, em meio a preocupações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) aumente a produção da commodity no domingo (7).
O desempenho negativo do petróleo mexeu com as ações da Petrobras (PETR3;PETR4). Enquanto os papéis ordinários (PETR3) cederam 2,26%, os preferenciais (PETR4) recuaram 1,51%, entre as maiores perdas do Ibovespa hoje.
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No noticiário corporativo, o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, por unanimidade, a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3), em sessão remota realizada nesta sexta-feira (5). A aprovação ocorreu sem restrições, ou seja, sem os chamados remédios ao ato de concentração. Após a decisão, BRFS3 recuou 0,65%, enquanto MRFG3 caiu 1,63%.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta sexta-feira (5)
Payroll dos EUA mostra desaceleração da economia em agosto
Payroll deve influenciar as expectativas para juros pelo Federal Reserve até o fim do ano. (Foto: Adobe Stock)
O mercado reagiu ao relatório de emprego, conhecido como payroll dos EUA, de agosto ainda sob o baque dos desdobramentos do levantamento de julho, que custou uma ruidosa troca no Departamento de estatística do Trabalho (BLS) diante de dúvidas sobre a qualidade dos dados. O relatório também convenceu o presidente do Fed, Jerome Powell, a mudar o tom do discurso para passar a indicar alívio monetário.
Na visão de André Valério, economista sênior do Inter, o dado de hoje garante o corte na taxa de juros pelo Fed na reunião de setembro.
“Tendo em vista os dados bem fracos de emprego nos últimos meses, é provável que se veja uma discussão de corte de 50 pontos base. Se optarem por 25 pontos base é possível que o comitê se comprometa com uma sequência de cortes”, diz Valério.
O especialista ainda ressalta que a divulgação da inflação de agosto, medida pelo CPI, na próxima quinta-feira (11), terá importância para determinar a intensidade e a frequência dos cortes. “Caso vejamos uma inflação contida, a probabilidade 3 cortes até o fim do ano volta a ganhar força. Por ora, mantemos a expectativa de cortes na reunião de setembro e dezembro”, completa.
Já as bolsas asiáticas encerraram em alta, impulsionadas pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir tarifas sobre carros do Japão e sinalizar novas tarifas sobre chips em breve.
No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje fechou em queda de 0,63% a R$ 5,4124, após o payroll. A moeda americana também recuou frente às divisas principais. O índice DXY, que compara o dólar com seis pares fortes, cedeu 0,59% aos 97,768 pontos.
O que mais mexeu no Ibovespa hoje?
Questões fiscais e possíveis sanções dos EUA, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) condene o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda seguiram no radar.
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O novo programa “Gás do Povo”, substituto do Auxílio Gás, pode custar entre R$ 5,1 bi e R$ 7,1 bi em 2026, valor considerado administrável, embora o modelo ainda gere dúvidas, segundo a Warren Investimentos.
Nos EUA, o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, sinalizou disposição para dialogar com o vice-presidente Geraldo Alckmin, desde que a iniciativa parta do brasileiro e o foco seja político, não comercial, segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, em entrevista em Washington.
Agenda econômica do dia
O relatório de emprego dos EUA, o payroll, de agosto foi o grande destaque da agenda econômica desta sexta-feira (5).
Em paralelo, os dados de captação da poupança em agosto foram divulgados pela manhã. A caderneta teve saída líquida de R$ 7,557 bilhões em agosto, informou o Banco Central. Os depósitos somaram R$ 346,815 bilhões, e as retiradas, R$ 354,372 bilhões. Considerando o rendimento de R$ 6,500 bilhões, o saldo da modalidade atingiu R$ 1,019 trilhão.
Ainda na agenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoçou com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas, no Palácio da Alvorada. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, embarcou para a Basileia, na Suíça, onde participará, entre 6 e 8 de setembro, da mesa redonda sobre estabilidade financeira e das reuniões bimestrais promovidas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS).
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Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Patricia Lara, Thais Porsch, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast