Nem a alta de 0,86% do minério de ferro na China e de 1,73% do petróleo Brent foram suficientes para empolgar o principal índice da B3 hoje.
No câmbio local, o dólar hoje fechou em queda de 0,26% a R$ 5,5698, no menor nível de encerramento desde 8 de outubro de 2024, então a R$ 5,5328. “A moeda americana vem recuando nos últimos dias com entrada de capital estrangeiro, valorização de commodities e expectativa de manutenção da Selic em patamar elevado, o que torna o real atrativo via carry trade (estratégia que busca oportunidades de lucro na diferença de taxas de juros entre dois países)”, diz Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital.
As atenções do mercado nesta sexta-feira estiveram no relatório de empregos, payroll, dos Estados Unidos. “Tivemos um dado de emprego um pouco melhor que o esperado, tanto em criação de vagas quanto ganhos salariais. Mas as revisões para baixo nos últimos números do payroll anulam parte dessa surpresa”, avalia Carlos Lopes, economista do BV.
Os dados podem diminuir a quantidade de apostas de cortes de juros nos EUA, o que gera certo desconforto nos mercados. Porém, o fato de ainda indicar uma economia aquecida entraria como positivo. “Em resumo, a divulgação de hoje reforça o quadro de mercado de trabalho ainda aquecido. Sem sinais de desaceleração mais claros, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve manter a cautela para cortes este ano. O mercado já precifica menos de 50 pontos-base de queda neste ano”, completa Lopes, do BV.
Nesta manhã, foi informado o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI). O indicador registrou queda de 0,85% em maio, após alta de 0,30% em abril, ficando perto do piso das estimativas coletadas em pesquisa feita pelo Projeções Broadcast (-0,90%), do que da mediana de recuo de 0,69%, com teto em baixa de 0,41%.
Sem mais divulgações na agenda econômica hoje, os investidores monitoraram eventuais novidades alternativas do governo ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As opções, esperadas para serem apresentadas às lideranças no Congresso no domingo (8), podem ficar para segunda-feira (9).
Ibovespa hoje: os principais assuntos da sexta-feira (6)
Payroll dos EUA
Investidores digeriram o relatório de emprego dos EUA, o payroll, que deve influenciar a definição dos juros do Federal Reserve.
A geração de vagas desacelerou a 139 mil em maio, ante 147 mil postos criados em abril (dado revisado), mas superou a mediana de criação de 125 mil postos. A taxa de desemprego foi mantida em 4,2%, como o esperado, e o salário médio por hora subiu 0,42%, superando a expectativa de crescimento de 0,3%.
Bolsas globais buscam recuperação com payroll
Os índices futuros de Nova York subiram nesta sexta-feira, em recuperação após as perdas da véspera, com foco no payroll dos EUA.
Além disso, ataques públicos entre Elon Musk e Donald Trump ficaram no radar dos investidores após a ação da Tesla (TSLA34) despencar 14,26% na esteira do embate na quinta-feira (5). Hoje os papéis chegaram a subir mais de 3%.
O embate do republicano com o Judiciário também ganhou fôlego nos EUA. Uma juíza federal suspendeu temporariamente, na noite de quinta-feira, a proibição de Trump de estudantes estrangeiros entrarem nos Estados Unidos para estudar na Universidade Harvard.
Na Europa, as Bolsas encerraram o pregão em alta nesta sexta-feira, com os investidores também digerindo indicadores divergentes da zona do euro. Em Londres, o FTSE 100 avançou 0,30%, aos 8.837,91 pontos, e acumulou alta semanal de 0,75%. Em Frankfurt, o DAX recuou 0,08%, aos 24.304,46 pontos,com avanço semanal de 1,28%. Já em Paris, o CAC 40 avançou 0,19%, aos 7.804,87 pontos, encerrando a semana com alta de 0,68%. O FTSE MIB, de Milão, teve ganho de 0,55%, aos 40.601,94 pontos, acumulando valorização semanal de 1,28%. Em Madri, o Ibex 35 avançou 0,31%, aos 14.247,60 pontos, fechou a semana com ganho de 0,7%. Já o PSI 20, de Lisboa, subiu 0,44%, aos 7.454,01 pontos, com ganho semanal de 0,89%. Os dados são preliminares.
O dólar se fortaleceu frente a outras moedas, impulsionado pela retomada das conversas comerciais entre EUA e China, enquanto os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) dispararam, especialmente nos vencimentos mais curtos.
Commodities: petróleo opera estável, enquanto minério avança
O petróleo firmou alta mesmo em meio a temores sobre aumento da oferta pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para julho subiu 1,91%, fechando a US$ 64,58 o barril. O Brent para agosto, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 1,73%, para US$ 66,47 o barril. No acumulado da semana, o WTI apresentou alta de 6,23% e o Brent, de 6,15%.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em alta de 0,86%, cotado a 707,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 98,58.
Estes e outros dados movimentaram o Ibovespa hoje. Veja a cobertura completa do índice da B3 aqui.
*Com informações de Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast