O movimento ocorreu apesar do sinal positivo das bolsas americanas, ainda que moderado. “O avanço do petróleo (5,32% no WTI) beneficia as ações da Petrobras e o Ibovespa anda por conta disso”, pontua Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3. A alta de 0,39% no preço do minério de ferro na China também ajuda.
A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 216,727 bilhões em setembro, pouco abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de R$ 217,400 bilhões. O montante arrecadado no mês passado foi o maior para o período desde o ano 2000.
Segundo Oliveira, apesar do resultado recorde na arrecadação de setembro, isso não surpreende o mercado, em meio a algumas alternativas do governo para elevar receitas, como o aumento do IOF. “Não há indicação de cumprimento fiscal por parte do governo”, disse.
Neste sentido, chama a atenção as afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em Jacarta. Lula mais uma vez elevou o tom com críticas ao protecionismo, a uma nova Guerra Fria e propôs comércio em moeda nacional com a Indonésia.
Já Galípolo afirmou que as expectativas de inflação ainda estão fora da meta, mas que há um processo de desaceleração dos preços. Segundo ele, o cenário atual demanda que a taxa de juros permaneça em um nível elevado e restritivo por um período prolongado.
De fato, no Focus, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem arrefecido, o que tem levado a reduções nas previsões por alguns departamentos econômicos, mas ainda assim as estimativas permanecem acima do teto da meta de 4,50%. É o que deve mostrar o IPCA-15 de outubro, que será informado amanhã.
A estimativa para o dado mensal tende a arrefecer de 0,48% para 0,24%, mas a taxa acumulada em 12 meses ficar 5%, indica a pesquisa feita pelo Projeções Broadcast. Divulgado nesta quinta-feira, o IPC-S desacelerou a 0,19% na terceira quadrissemana de outubro, após alta de 0,45% na leitura anterior, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV).
“Seja como for os números de hoje são um bom sinal e deve reforçar uma leitura mais benigna para juros no curto prazo sem com isso dizer corte da Selic efetivamente”, avalia em nota o economista André Perfeito.
No câmbio, o dólar hoje opera em alta ante outras moedas de economias desenvolvidas, mas recua ante o real (-0,28%), a R$ 5,3828 na venda.
Ibovespa hoje: os principais assuntos do mercado de ações nesta quinta (23)
Sanções americanas provocam disparada do petróleo
Os contratos futuros do petróleo disparam após os Estados Unidos anunciarem sanções as petrolíferas russas Rosneft e Lukoil, o que intensificou as preocupações com a oferta do petróleo.
Segundo apurado pelo Estadão, a ofensiva americana vem como resposta ao presidente russo, Vladimir Putin, ao resistir ao encerramento da guerra na Ucrânia. Enquanto adia as negociações, o líder russo busca ampliar seu controle territorial e, assim, fortalecer sua posição em um eventual acordo.
Ao anunciar as sanções de ontem, os Estados Unidos alertaram que países ou empresas que adquirirem petróleo russo também poderão ser alvo das medidas punitivas.
Bolsas globais mostram direções opostas atentas a sanções
As sanções dos EUA contra as petrolíferas russas Rosneft e Lukoil intensificam preocupações com a oferta do petróleo. Já a expectativa de encontro entre EUA e China sobre comércio traz algum alívio.
O vice-premiê chinês He Lifeng vai se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na Malásia, entre amanhã e segunda-feira, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
As bolsas da Europa ganharam fôlego e operam em território positivo, após o índice de confiança do consumidor da zona do euro mostrar avanço inesperado em outubro. Investidores ainda avaliam acompanham a divulgação de resultados corporativos. Já os mercados de Nova York sobem, enquanto as quedas expressivas de Tesla e IBM após resultados fracos pesam no humor.
Os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) interrompem três dias de perdas e sobem, com investidores atentos a dados econômicos e às tratativas para pôr fim ao shutdown do governo americano – que completa 23 dias.
O líder da minoria na Câmara dos EUA, Hakeem Jeffries, disse esperar que a paralisação do governo seja resolvida até o final de outubro.
O que mais repercute no mercado de ações brasileiro
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou no Fórum Econômico Indonésia-Brasil, em Jacarta, que a inflação segue acima da meta e exige juros elevados por mais tempo.
Também em Jacarta, o presidente Lula confirmou que buscará um quarto mandato em 2026, criticou o protecionismo e defendeu o comércio em moeda nacional com a Indonésia, antes de se reunir com o presidente dos EUA, Donald Trump, no domingo (26). Dados de arrecadação ficam também no radar.
Agenda econômica do dia
O impulso do petróleo nesta manhã de quinta-feira (23) chama atenção do mercado após novas sanções dos EUA à Rússia. No Brasil, a confirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre disputar um quarto mandato e o resultado da arrecadação federal de setembro fazem preço no Ibovespa hoje.
Ainda na agenda econômica hoje, o Tesouro faz leilões de venda de títulos prefixados Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
Enquanto isso, os diretores do Banco Central (BC) Diogo Abry Guillen (Política Econômica), Nilton David (Política Monetária) e Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) participam da 101ª Reunião Trimestral com economistas em São Paulo. O Conselho Monetário Nacional (CMN) reúne-se à tarde.
Nos EUA, saem o índice de atividade nacional de setembro do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Chicago e as vendas de moradias usadas, além de balanços de American Airlines, Intel e Ford. Na Europa, está previsto o índice de confiança do consumidor da zona do euro preliminar de outubro.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast