Copom pode ter chegado ao fim do ciclo de alta de juros e Ibovespa, assim, deve seguir em tendência de alta, diz o economista-chefe da Ágora Investimentos, Dalton Gardimam.
(Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje aprofundou as perdas e acompanhou as Bolsas de NY, em dia de aversão ao risco após a reposta da China às tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta sexta-feira (4), a principal referência da B3 caiu 2,96%, aos 127.256 pontos.
A China foi um dos países mais afetados pelo tarifaço dos EUA, com alíquotas de 34% a importações da gigante asiática, que se somam à tarifação anterior de 20% que está em vigor. Como resposta, Pequim anunciou taxas de 34% a todos os bens importados dos EUA já para o próximo dia 10. Separadamente, o Ministério do Comércio da China disse adicionou 11 empresas americanas à sua lista de “entidades não confiáveis”, impedindo-as de fazer negócios na China ou com empresas nacionais.
O medo de uma recessão global voltou a afligir os investidores depois da decisão de retaliação chinesa e aumentou o receio de que a guerra comercial ganhe maiores proporções e prejudique tanto as economias diretamente envolvidas no conflito, quanto aquelas menos afetadas pela tarifação – caso do Brasil.
No exterior, as bolsas asiáticas fecharam em baixa, estendendo perdas da véspera. Na Oceania, o mercado australiano entrou em território de correção. Já as bolsas da China continental, de Hong Kong e de Taiwan não operaram hoje em função de um feriado. As bolsas da Europa também encerraram em queda. Em Londres, o FTSE 100 recuou 4,95%, para 8.054,98 pontos. O DAX, de Frankfurt, caiu também 4,95%, fechando em 20.641,72 pontos, enquanto o CAC 40, de Paris, teve queda de 4,26%, encerrando a sessão em 7.274,95 pontos. Em Madri, o Ibex 35 caiu 5,83%, para 12.422,00 pontos, enquanto o PSI 20, de Lisboa, recuou 4,75%, para 6.635,79 pontos. Já o FTSE MIB, de Milão, recuou 6,53%, fechando em 34.649,22 pontos.
Os índices de NY sofreram na sessão: enquanto o Nasdaq tombou 5,82%, o S&P 500 e o Dow Jones caíram 5,97% e 5,50%, respectivamente. Wall Street foi pressionada também pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que sinalizou expectativas de alta da inflação no curto prazo em razão das tarifas de Trump. Powell afirmou que “é incerto dizer qual é a trajetória correta para a política monetária” e reiterou que o Fed tem tempo e que “não precisa ter pressa” antes de decidir por novos cortes de juros.
Por aqui, as ações do Carrefour (CRFB3) saltaram 10,77% e lideraram os poucos ganhos do dia. Os papéis foram impulsionados pelo aumento do valor de resgate do papel de R$ 7,7 para R$ 8,5, continuando seu processo de deslistagem. A XP avalia que o ativo “não negociará mais com base em fundamentos e, em vez disso, será provavelmente negociado mais próximo da proposta em dinheiro de R$ 8,5”. Já para o Safra, o novo preço aumenta a chance de aprovação da proposta na assembleia de acionistas.
Do lado oposto, as ações da Brava Energia (BRAV3) derreteram 12,92% e registraram a maior baixa do Ibovespa hoje, contaminadas pela forte queda do petróleo. Segundo o analista da Levate Corp, João Abdouni, com a retaliação da China às tarifas impostas por Trump, cresce o temor de uma desaceleração da economia global, levando a um menor consumo de commodities e uma redução dos preços. Entre as petrolíferas, o pregão foi negativo também para os papéis da Prio (PRIO3), que recuaram 7,96%, e para os da Petrobras, que desvalorizaram 4,19% (PETR3) e 4,03% (PETR4).
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No mercado de câmbio doméstico, o dólar hoje fechou em alta de 3,68%, a R$ 5,836. O desempenho reverteu toda a queda registrada na véspera, quando a moeda americana se desvalorizou 1,2% e bateu o menor valor desde outubro de 2024, a R$ 5,62.