A escalada do petróleo no exterior limita uma queda maior do Ibovespa, à medida que impulsiona para cima as ações do setor, principalmente dos papéis da Petrobras. Além disso, a maioria das bolsas europeias e americanas sobe, ajudando a atenuar a queda do índice Bovespa.
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Há pouco, o Ibovespa renovou mínima aos 100.740,80 pontos, com recuo de 1,12%, depois de subir pontualmente 0,03%, na máxima intradia aos 101.915,71 pontos. O declínio é puxado principalmente por ações ligadas ao ciclo econômico, em meio a temores de aceleração das taxas de inflação e do juro básico, diante do encarecimento do petróleo no exterior.
“A questão do petróleo decisão de corte pela Opep+ coloca esse ponto de preocupação mais inflacionário de curto prazo. Por isso a curva de juros está abrindo mais”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Claritas.
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Ontem, a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) surpreendeu ao anunciar corte em produção no fim de semana. Apesar de a medida ser positivas para as ações do setor petroleiro e da Petrobras, eleva as preocupações com a inflação e sobre os bancos centrais. “Diretamente ao que toca a parte macroeconômica, não elevaremos nossa perspectiva inflacionária, visto que, dada as sinalizações, avaliamos como remota a possibilidade de que haja reajuste altista de combustíveis”, avalia em nota o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
De acordo com Ashikawa, da Claritas, será preciso aguardar para ver se a alta do petróleo, que chegou a subir mais de 8%, será tendência. Às 11h12, a valorização era em torno de 6,50%. “Ainda temos de entender se isso se sustentará, mas claro, levanta a de novo a discussão sobre a inflação de combustíveis, que pode ser um problema aqui e lá fora”, afirma.
Ao contrário das ações da Petrobras, as da Vale cediam, mas reduziram há pouco o ritmo de queda. O recuo é atribuído à queda de 2,04% do minério de ferro, em Dalian, na China, após o PMI Industrial do país cair a 50 em março, ante 51,6 em fevereiro, sinalizando falta de vigor. Só que relatos de que o governo chinês poderá adotar estímulos à economia estão no radar, atenuando as preocupações dos investidores e aliviando os papéis do segmento metálico e até mesmo do principal indicador da B3 após as 11 horas. Na sexta-feira, o Ibovespa interrompeu uma série de cinco pregões de elevações, ao fechar em declínio de 1,77%, aos 101.882,20 pontos.
A agenda de indicadores é escassa de indicadores hoje e na semana encurtada pelo feriado de Páscoa. Lá fora, tem dados de emprego dos EUA e aqui os investidores aguardam novas informações sobre o arcabouço fiscal, que poderá ser apresentação formalmente e ir para tramitação no Congresso nos próximos dias. Além disso, fica no radar a ideia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de soltar neste mês cerca de 12 medidas na área de crédito para melhorar o ambiente de negócios.
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“O está em compasso de espera pelo arcabouço fiscal apresentação formal e eventual avanço no Congresso e o pacote de receitas do governo”, diz o economista da Claritas.
Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o arcabouço ainda não está totalmente “comprado” pelo mercado. “Vai continuar dando o que falar por ser considerado uma peça de ficção, com metas difíceis de serem alcançadas”, avalia. “Por ora, o cenário externo falará mais alto”, completa em relatório matinal.
Mais sensível do ciclo de juros, o índice Nasdaq da Bolsa de Nova York caía 0,26% às 11h23, enquanto os demais subiam. Voltou ao radar dos investidores a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) eleve os juros de novo em maio.
Às 11h24, o Ibovespa caía 0,82%, aos 101.049,80 pontos. Petrobras subia 3,24% (PN) e 3,62% (ON)), enquanto Vale ON cedia 0,66% e as demais do setor de metais recuavam mais, com CSN ON, por exemplo, caindo 3,63%. Entre os grandes bancos, o sinal também era de baixa, com a mais expressiva perto de 3% (Itaú Unibanco). Já o recuo maior era Grupo Soma ON (-7,89%) e o destaque de alta era PetroRio ON, com 4,71%.
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