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Ibovespa tem maior sequência de baixas em 6 anos

Ibovespa tem maior sequência de baixas em 6 anos
Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

O índice Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, caiu para o menor patamar desde janeiro nesta terça-feira, acumulando a maior sequência negativa desde 2016, diante de novo tombo em Wall Street com manutenção de temores sobre desaceleração econômica global, em meio à inflação elevada e avanço da Covid-19 na China.

A queda de bancos após reação negativa ao balanço do Santander Brasil, que abriu a temporada de resultados para o setor, pressionou adicionalmente o índice. PetroRio foi a principal contribuição positiva.

O Ibovespa caiu 2,23%, a 108.212,86 pontos, o menor nível de fechamento desde 24 de janeiro. A última vez que o índice havia acumulado sete quedas consecutivas foi entre 13 e 23 de maio de 2016. O volume financeiro da sessão foi de 27,7 bilhões de reais.

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Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a perspectiva de um banco central norte-americano mais agressivo na elevação da taxa de juros e o fato de governo chinês não estar conseguindo estimular a economia chinesa como esperado, aliado a uma recente imposição de medidas de restrição contra Covid-19 em partes do país, mantêm a “tendência de baixa” para o índice.

A China é peça-chave na demanda global por commodities, de modo que restrições à economia afetam os preços de matérias-primas globais e, por consequência, das empresas produtoras, que no Ibovespa têm peso relevante à exemplo da Vale e da Petrobras. No caso da política monetária norte-americana, a alta dos juros torna investimentos arriscados menos atrativos.

Komura, entretanto, pondera que o Ibovespa pode ter algum “respiro por alguns dias, porque, realmente, sete dias é bastante”, disse ele se referindo a uma potencial retomada do índice nas próximas sessões.

Analistas da Guide Investimentos disseram que a chance de repique no curto prazo é cada vez mais provável, ainda que uma melhora mais duradoura dependa de sinais claros de desaceleração da inflação. “O IFR (índice de força relativa) já está perto de 30, região considerada ‘sobrevendida’ (e onde a chance de um repique é elevada)”, escreveram eles em relatório.

Em Wall Street, os principais índices de ações afundaram entre 2,4% e 4%. O mercado operou também na expectativa pelos resultados de grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como Alphabet e Microsoft.

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DESTAQUES

– SANTANDER BRASIL UNIT caiu 4,6%, quinta baixa seguida e a maior desde setembro, após lucro líquido do primeiro trimestre vir em linha com as expectativas do mercado, mas com resultados operacionais negativos, segundo analistas. A leitura para os balanços de outros bancos é positiva na perspectiva da margem financeira líquida, mas mais desafiadora na dinâmica de originação e qualidade de crédito, escreveram analistas do Itaú BBA. BRADESCO PN recuou 4,3%, ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 3,4% e BANCO DO BRASIL ON cedeu 2,3%.

– VALE ON reduziu 1,4%, sétima queda seguida, após os contratos futuros do minério de ferro em Dalian caírem 2,5%. Os futuros de níquel em Xangai retraíram 6,8%. CSN ON despencou 6,3% e liderou queda entre siderúrgicas. Um incêndio atingiu um galpão da empresa em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, mas não houve feridos ou impacto na produção, segundo a empresa.

– PETROBRAS PN caiu 0,2%, assim como ON, enquanto PETRORIO ON teve ganhos de 2,5% e 3R PETROLEUM ON avançou 2,2%, diante de alta de 2,6% do petróleo Brent, com o mercado contrapondo perspectiva de estímulos à economia chinesa e temores por um potencial lockdown em Pequim.

– CPFL ENERGIA ON apontou acréscimo de 1,8% e liderou, em ganhos percentuais, sessão positiva entre ações de energia elétrica, considerado por analistas um setor mais defensivo. EDP BRASIL ON cresceu 1,1% e EQUATORIAL ON expandiu 1%. ENERGISA UNIT aumentou 0,7%, após dados operacionais de março.

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– LOCAWEB ON desabou 8,3%, TOTVS ON perdeu 6,5%, INTER UNIT registrou queda de 6,4% e NUBANK desabou 8,8% em Nova York, maior queda desde meados de março. O varejo também foi destaque de baixa: AMERICANAS ON desvalorizou-se 5,1%, MAGAZINE LUIZA ON cedeu 4,8% e VIA ON reduziu 4,7%.

– ULTRAPAR ON caiu 5,7%, em dia de apresentação da companhia a analistas e investidores. A empresa espera uma retomada nos resultados neste ano, apesar do cenário de inflação elevada e alta de juros, após medidas de reestruturação tomadas no ano passado, disseram os executivos.

– SLC AGRÍCOLA ON disparou 7,1%, após analistas do Bank of America elevarem a recomendação da produtora de grãos e oleaginosas a “compra”, de “neutra”.