Estudo inédito feito pela Serasa Experian mostra que a inadimplência no consignado privado atinge uma em cada três empresas, e que 65% dos casos decorrem de falhas sistêmicas. Ou seja, somente 35% dos atrasos estão relacionados a problemas de pagamento por parte do funcionário.
O estudo, que abordou 550 empresas, revela que entre as companhias que conhecem o novo consignado privado, 35% registraram casos de inadimplência desde o início da nova modalidade – o equivalente a 1 em cada 3 empresas familiarizadas com o modelo. O levantamento também mostra que 46% das organizações, quase metade do universo objeto da pesquisa, ainda não conhecem ou não sabem detalhar o funcionamento do Crédito do Trabalhador.
De acordo com a empresa, a falta de familiaridade ajuda a explicar porque a maior parte da inadimplência no consignado privado não está relacionada à incapacidade de pagamento dos trabalhadores, mas às falhas de processo. Entre os casos registrados, 65% decorrem de erros sistêmicos ou operacionais, como atrasos de informação entre o setor de recursos humanos e a instituição financeira (30%), falhas de integração com o eSocial/Dataprev (22%) e problemas no desconto em folha (13%).
Segundo os respondentes, apenas 35% dos inadimplentes no Crédito do Trabalhador estão associados à falta de pagamento do funcionário, geralmente em situações de margem comprometida ou desligamento.
“Quando falamos sobre inadimplência, automaticamente pensamos na falta de recursos financeiros para honrar compromissos. No entanto, a realidade do consignado privado é outra. Nesse caso, a maior parte dos contratos está inadimplente por erros sistêmicos ou operacionais, e não porque o trabalhador não têm dinheiro para honrá-los, está sem margem salarial ou foi desligado da empresa”, comenta Délber Lage, CEO da Salaryfits, empresa da Serasa Experian.
A avaliação da Serasa Experian é a de que o consignado privado ainda é uma novidade na rotina das empresas e muitas delas estão aprendendo a lidar com as demandas operacionais que surgem junto ao benefício. Os dados comprovam que 28,2% das companhias alegam dominar somente a ferramenta básica para aplicar o recurso e que apenas 25,8% afirmam conhecer bem o Crédito do Trabalhador.
“São desafios naturais que envolvem a integração de sistemas, atualização de dados e interação com diferentes interlocutores, como a empresa empregadora, o funcionário, o governo e o banco. Esse cenário de desafios operacionais tem implicado, de um lado em juros mais altos e, de outro, uma série de responsabilidade empregada às áreas de RH. Nosso papel na SalaryFits é justamente o de trazer tecnologia para facilitar a comunicação entre os players e simplificar operações, automatizando processos e reduzindo falhas para que o crédito cumpra seu verdadeiro propósito de apoiar a saúde financeira dos trabalhadores”, comenta o executivo.
Entre as companhias que conhecem o crédito do trabalhador, a inadimplência é mais alta nas empresas de médio porte (43,8%), enquanto as pequenas registram 28,6% dos casos e as grandes, 24,3%. Regionalmente, o índice mostra mais representatividade no Nordeste (42,1%) e no Sudeste (33,3%). Por setor, a indústria (38,6%) e o comércio varejista (48%) concentram a maior parte dos casos
“A inadimplência se concentra nas empresas que mais avançaram na adoção do crédito do trabalhador, o que reflete uma fase natural de aprendizado e integração do modelo. São ajustes operacionais esperados em um processo novo, no qual a tecnologia tem papel essencial ao automatizar rotinas, reduzir falhas e garantir que o consignado cumpra seu propósito de apoiar a saúde financeira com segurança para empresas de todos os portes e segmentos”, finaliza Lage.
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A pesquisa ouviu 550 profissionais responsáveis pela gestão de benefícios e descontos em folha em empresas de diferentes portes e segmentos econômicos em todo o Brasil. A coleta sobre inadimplência no consignado privado foi realizada online entre 12 de setembro e 6 de outubro de 2025. O estudo possui margem de erro de 4,2 pontos porcentuais e intervalo de confiança de 95%.