A lei que estabelece autonomia operacional do Banco Central e cria mandato para os diretores foi aprovada na gestão de Roberto Campos Neto, em 2021. (Imagem: Jose Cruz/Agência Brasil)
O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu nesta quinta-feira (4) a independência da autoridade monetária do País. A fala acontece em meio à repercussão de um projeto de lei (PL) que permite ao Congresso destituir presidentes e diretores da autarquia.
“A independência do Banco Central foi uma conquista muito importante para os brasileiros. O que a autonomia do BC proporciona é um custo mais baixo de se atingir as metas da política monetária”, afirmou Campos Neto, ao participar do evento Fronteiras do Investimento, realizado na sede do Nubank em São Paulo.
Segundo o ex-presidente do BC, uma ofensiva contra a autonomia do Banco Central enfraquece o canal de política monetária e exige um movimento maior nos jurospara conseguir controlar a inflação.
Nesta semana, o Partido Progressistas (PP) recolheu assinaturas para aprovar um pedido de urgência na tramitação do projeto de lei que interfere na independência do BC – veja os detalhes nesta reportagem. Ao tramitar em urgência no Congresso, um projeto pode ser votado diretamente em Plenário, sem passar por comissões.
A iniciativa vem sendo endossada por outros partidos do chamado “Centrão“, da oposição e até da base do governo. Ao Estadão, Campos Neto já havia classificado a proposta como “muito ruim”.
“Este projeto seria muito ruim para a autonomia do Banco Central. Seria um passo atrás em uma grande conquista da sociedade brasileira”, afirmou.
A lei que estabelece autonomia operacional do BC e cria mandato para os diretores foi aprovada na gestão de Campos Neto, em 2021, após articulação do ex-banqueiro central.
O que Campos Neto faz no Nubank?
O ex-presidente do BC tornou-se vice-chairman e chefe global de Políticas Públicas do Nubank em julho deste ano, após o fim do período de quarentena exigido por deixar a presidência do Banco Central. Ele é responsável por conduzir o programa de expansão internacional do Nu e o relacionamento com reguladores financeiros globais.
Entre suas atribuições, Campos Neto deverá representar a Nu Holdings em fóruns e conselhos internacionais, além de elevar a análise econômica e de risco para as operações do Nu no Brasil e na América Latina, com o objetivo de aprimorar a estratégia de negócios de longo prazo da empresa.