Prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o órgão responsável pelo pagamento da aposentadoria dos brasileiros. Desde a aprovação da Reforma da Previdência, em 2019, as regras para se aposentar pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) estão passando por ajustes graduais. A transição será concluída em 2031, quando idade mínima exigida passará para 62 anos para mulheres — com pelo menos 15 anos de contribuição — e 65 anos para homens — com pelo menos 20 anos de contribuição. Para ajudar o segurado a acompanhar sua situação, o site e o aplicativo “Meu INSS” oferecem a ferramenta “Simular Aposentadoria”, que calcula o tempo restante e o valor estimado do benefício.
Apesar dessas facilidades, especialistas alertam para a importância de um planejamento mais amplo. José Aparecido de Ornelas, professor do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, destaca que um erro comum entre os trabalhadores é acreditar que o simples recolhimento das contribuições à previdência será suficiente para garantir uma aposentadoria confortável.
Segundo ele, “todo trabalhador é obrigado por lei a fazer sua contribuição para o INSS, inclusive o profissional autônomo. A previdência oficial existe para garantir um mínimo de recursos para a sobrevivência do aposentando”. Por isso, ele reforça: “o trabalhador deve fazer um planejamento financeiro ao longo da carreira para assegurar uma aposentadoria mais saudável e tranquila”.
Nesse processo de planejamento, ferramentas digitais como o aplicativo do governo podem ser grandes aliados. “O aplicativo ‘Meu INSS’ é uma ferramenta poderosa para acessar serviços e informações da Previdência Social de forma prática e rápida”, afirma o professor. No entanto, ele destaca que “para usar corretamente o aplicativo é necessário verificar o histórico de contribuições e certificar de que todos os dados pessoais estão corretos”.
Sobre o momento ideal para se aposentar, Ornelas explica que essa decisão depende de muitos fatores: “Quanto maior o tempo de contribuição, maior será o benefício; a idade limita o pedido de aposentadoria. O momento ideal é muito subjetivo para cada contribuinte, aspectos financeiros e sociais devem ser colocados na balança”. Ele também confirma que, em certos casos, esperar mais alguns anos pode fazer diferença: “Sim, é verdade, mas somente nos casos em que ainda restam pontos para atingir por tempo de contribuição”.
Apesar disso, ele faz um alerta importante: “O principal erro é achar que o benefício da aposentadoria será suficiente para suprir todos os gastos ao término da carreira profissional”. Por isso, Ornelas recomenda que, além do benefício da previdência, o trabalhador busque alternativas para preservar estabilidade financeira. “Guardar recursos financeiros e aplicar esses recursos em investimentos seguros e rentáveis é a melhor maneira para a tranquilidade financeira”, finaliza.
Além das novas idades estabelecidas, para quem já estava no mercado de trabalho até a entrada em vigor da reforma, foram criadas 5 regras de transição para suavizar a adaptação. Essas regras estabelecem critérios intermediários, que mudarão progressivamente até 2031. Veja:
Vale ressaltar que, duas das regras de transição (pedágio de 50% e pedágio de 100%) não terão alterações na idade mínima até lá.
Como simular o quanto vou receber de aposentadoria?
Para simular quanto o contribuinte receberá de aposentadoria do INSS, basta utilizar o serviço gratuito disponível no site ou aplicativo “Meu INSS“. Essa ferramenta permite calcular o tempo restante para se aposentar e estimar o valor do benefício, conforme as regras vigentes.
Como simular sua aposentadoria pelo Meu INSS
Acesse o site “meu.inss.gov.br” ou baixe o aplicativo “Meu INSS” na Google Play ou App Store;
Faça login com seu CPF e senha cadastrada na conta gov.br;
Na tela inicial, clique em “Do que você precisa?” e digite “Simular aposentadoria”;
Confira seus dados pessoais e vínculos empregatícios. Se necessário, clique no ícone de lápis para editar informações como datas de contribuição ou vínculos ausentes;
Clique em “Recalcular” para obter os resultados atualizados.
A simulação mostrará:
Tempo total de contribuição;
Tempo restante para se aposentar, conforme diferentes regras (por idade, pontos, pedágio, etc.);
Estimativa do valor do benefício.
O cidadão pode optar por “Pedir Aposentadoria” diretamente pela plataforma ou “Baixar PDF” com os detalhes da simulação.
Publicidade
Lembrando que a simulação é uma estimativa baseada nas informações disponíveis no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Caso haja dados incorretos ou ausentes, a simulação pode não refletir com precisão a situação real. Para assegurar uma simulação mais precisa, o contribuinte pode atualizar os dados no CNIS.
Em abril de 2025, a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que alguns aposentados e pensionistas do INSS sofreram descontos de mensalidades associativas — valores cobrados em nome de sindicatos e associações — sem terem autorizado essas cobranças.
Diante dessa situação, foi decidido que aqueles com tais descontos indevidos em abril terão o valor devolvido automaticamente na próxima folha de pagamento, prevista para maio e junho de 2025. Além disso, todos os descontos associativos foram suspensos para evitar novos problemas, assim como todos os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) entre o INSS e essas entidades foram interrompidos.
A atuação para resolver o problema envolve o Ministério da Previdência Social, o próprio INSS, a CGU, a Polícia Federal (PF) e a Advocacia-Geral da União (AGU). Para os descontos que ocorreram antes de abril de 2025, a análise será feita por um grupo da AGU, que estudará a possibilidade de devolução dos valores.
Importante destacar que os segurados não precisam tomar nenhuma providência para cancelar os descontos. Não é necessário comparecer a uma agência do INSS, pois a verificação e o bloqueio de descontos podem ser feitos de forma simples pelo aplicativo ou site “Meu INSS”, ou ainda pela Central Telefônica 135.
Publicidade
O governo explicou, por meio de canais oficiais, como bloquear descontos indevidos; estabeleceu novas regras que exigem assinatura eletrônica avançada e biometria para autorizar novos descontos; ampliou a facilidade de bloqueio pelo “Meu INSS”; implantou sistemas de biometria para reforçar a segurança; reprogramou a Central 135 para permitir consultas e cancelamentos de descontos e, ainda, implantou o comando por voz para facilitar o acesso aos serviços para aposentados e pensionistas com dificuldade no uso da tecnologia.
Em nota publicada na semana passada (25), o INSS explica que, entre 2023 e abril de 2025, mais de 2,3 milhões de descontos foram cancelados. Esse número representa um crescimento significativo em comparação aos cancelamentos realizados em governos anteriores, evidenciando que a maioria dos descontos cancelados foi reconhecida como não autorizada pelos beneficiários.
As investigações envolvem 11 entidades e sindicatos, cujos acordos com o INSS foram firmados entre 1994 e 2023, entre eles a CONTAG, o SINDNAPI, a AMBEC e a CONAFER, entre outras.