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Investidores tentam suspender privatização da Eletrobras na Justiça

A ação corre na 6ª Vara Empresarial da Justiça Estadual do Rio de Janeiro

Investidores tentam suspender privatização da Eletrobras na Justiça
Logo da Eletrobras em sede no Rio de Janeiro 09/06/2022 REUTERS/Pilar Olivares

Por Gabriel Vasconcelos – A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra a Eletrobras para interromper o processo de privatização e reestruturação da companhia. A ação, alinhada aos interesses de acionistas minoritários, corre na 6ª Vara Empresarial da Justiça Estadual do Rio de Janeiro e é acompanhada por um pedido de tutela de urgência. O objetivo é a obtenção de uma decisão liminar para suspensão imediata da operação.

No documento, a Abradin, que é representada pelo escritório Monteiro de Castro Setoguti Advogados, alega que a administração da Eletrobras conduz o processo em prejuízo dos interesses da própria companhia, de acionistas minoritários e da ordem econômica. A ACP centra fogo, objetivamente no fato de ativos da Eletrobras, como as subsidiárias Eletronuclear e Itaipu, serem transferidos para o controle da União e, assim, retirados do processo, sem indenização à companhia em valor compatível com seus preços de mercado.

Os advogados dizem que, no caso de Itaipu, o repasse da participação acionária da Eletrobras à União deve custar R$ 1,21 bilhão, quantia que definem como “ínfima”. O montante, alega a Abradin, estaria aquém de indenização justa à Eletrobras, o que fere o interesse de investidores.

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Eles também criticam os estudos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES) para o “valuation” da Eletrobras, porque, dizem, “partem de premissas de cálculo equivocadas e contém graves erros contábeis, o que acarretou subavaliação da Eletrobras”.

Os advogados reclamam, ainda, do fato de não terem sido contratados estudos independentes para a avaliação dos ativos e dizem que o processo está sendo realizado “às pressas”, sem considerar os impactos que a revisão do Tratado de Itaipu e da quitação da dívida relativa ao empréstimo de construção, previstos para 2023, terão sobre o faturamento e a geração de energia da companhia.
Além disso, a ACP questiona o ritmo da operação, sugerindo condução apressada para satisfazer calendário eleitoral.

Essa não é a primeira tentativa nesse sentido. Ontem, também com pedido de urgência, a Associação dos Empregados de Furnas ingressou com outra ACP na Justiça Federal do Rio de Janeiro a fim de obrigar a realização de nova assembleia antes do seguimento do processo.

Na peça, os advogados dos funcionários alegam violação da própria lei de privatização da Eletrobras (14.182/2021), que prevê a necessidade de aprovação por assembleia de qualquer condição adicional à operação. O juiz da ação, definido em sorteio, é Renato Cesar Pessanha de Souza, da 8ª Vara Federal. Ele abriu prazo de 48h para manifestação da União.