Itaú BBA escolheu sua ação favorita para receber dividendos no setor elétrico. Foto: Adobe Stock
O Itaú BBA enxerga a CPFL (CPFE3) como a principal pagadora de dividendos entre as empresas do setor elétrico sob sua cobertura. Em relatório, o banco atualizou as estimativas para a companhia e elevou o preço-alvo da ação em 2025 de R$ 39,7 para R$ 45,9, o que representa um potencial de valorização de 17,57% frente ao último fechamento, de sexta-feira (25), a R$ 39,04. A casa manteve a recomendação de outperform (equivalente à compra) para o papel.
“Embora o ativo tenha superado o setor nos últimos meses, acreditamos que parte do seu potencial de valorização ainda não foi totalmente precificado. Além disso, apesar do cenário macroeconômico ainda desafiador, a CPFL oferece uma combinação de balanço sólido, fluxo de caixa previsível e um dos maiores dividend yields(rendimento de dividendos) entre as empresas sob nossa cobertura. Estimamos um retorno implícito de aproximadamente 12%, o que é atraente dado o seu perfil defensivo”, afirmam os analistas do BBA.
O banco afirma que a empresa tem um plano de investimentos robusto para o período de 2025 a 2029, totalizando cerca de R$ 30 bilhões, com mais de 80% destinados à distribuição de energia. O foco está na automação, na flexibilização da rede e no fortalecimento dos indicadores de qualidade operacional. No segmento de transmissão, a companhia possui um capex (despesas de capital) estimado de R$ 3,7 bilhões para o mesmo intervalo. Trata-se de uma alocação de capital considerada positiva, na visão do BBA.
No que se refere às concessões de distribuição da CPFL, o banco entende que todas apresentam bom desempenho em termos de qualidade de serviço, atingindo suas metas regulatórias para 2025. “Apesar das discussões em andamento sobre a renovação das concessões na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), acreditamos que a empresa não terá dificuldades para renovar suas três principais concessões: Paulista, Piratininga e Rio Grande Energia (RGE)”, destaca.
Em termos de geração, o Itaú BBA acredita que a empresa está menos exposta às variações nos preços de energia – e, portanto, tende a se beneficiar menos de movimentos de alta. O banco estima que cada aumento de R$ 10/megawatt-hora (MWh) no preço da energia implicaria um impacto de apenas 1% no preço-alvo da ação CPFE3.
Dividendos extraordinários? Disputa com a Aneel pode abrir margem para remuneração
Como mostramos aqui, a companhia anunciou recentemente um desdobramento favorável em uma disputa judicial em andamento com a Aneel, o que implica em relevante potencial de valorização e pode abrir espaço para dividendos extras nos próximos anos. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), o valor a receber em favor da CPFL seria de R$ 4,678 bilhões em março de 2025. O tema, no entanto, ainda está em análise na Aneel, pois um dos diretores solicitou mais tempo para examinar o caso.
Apesar da incerteza quanto ao prazo para uma decisão final e ao mecanismo para incorporar o valor às tarifas da distribuidora, o BBA acredita que as chances de um desfecho favorável são altas. “Essa convicção se baseia no fato de que o processo já teve decisão favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o valor também foi aprovado pela área técnica da Aneel e pela AGU. Estamos considerando esse recebível em nosso cenário-base, o que implica um potencial de valorização adicional de 7%, enquanto acreditamos que o mercado ainda não precificou totalmente o impacto dessa disputa”, diz.
Como ficam os dividendos da CPFL?
O Itaú BBA define a CPFL como uma “ótima opção defensiva e de dividendos para tempos turbulentos”. Os analistas projetam um dividend yield elevado, de cerca de 9% para este ano, e retornos de dois dígitos a partir de 2026, assumindo um payout (porcentual do lucro de uma empresa que será distribuído aos acionistas) de 70% para dividendos regulares. O banco também entende que o recebimento do valor da disputa judicial com a Aneel deverá ser integralmente distribuído como proventos extraordinários pela companhia do setor elétrico.