- Mercado vai passar a acompanhar a execução do projeto anunciado pelo fundador da J&F
- As duas principais empresas do setor listadas na Bolsa recuaram nesta segunda influenciadas pelo câmbio
- Ambos os papéis acumulam alta de mais de 9% em 2024, refletindo o otimismo do setor
O anúncio feito nesta segunda-feira pelo fundador da J&F, Wesley Batista, de que planeja investir R$ 25 bilhões na implementação de uma segunda fábrica da Eldorado Brasil Celulose, no Mato Grosso do Sul, acontece em um momento de oscilação do dólar que pressiona as empresas do setor.
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Por outro lado, o preço da celulose segue forte e estimula a onda de inaugurações pela América Latina. A Suzano (SUZB3) também investe na região no chamado Projeto Cerrado de R$ 22,2 bilhões em Ribas do Rio Pardo (MS), fábrica que deverá produzir 2,5 milhões de toneladas por ano. A líder global de celulose de fibra curta confirmou, na última sexta-feira (19), o aumento de preços para celulose na Ásia, Europa e América do Norte a partir de maio.
Na opinião de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o mercado vai passar a acompanhar a execução do projeto anunciado pelo fundador da J&F. “Agora virou uma questão de execução. Como vai ser feita a alocação de Capex (investimento na nova fábrica)? Fala-se na possível conclusão até 2026. Vamos acompanhar”, comentou.
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Nesta segunda (22), as duas principais empresas do setor listadas na Bolsa recuaram influenciadas pelo câmbio. A Klabin (KLBN11) caiu 2,19%, ficando entre as principais quedas do Ibovespa. A Suzano, cedeu de forma menos acentuada (-1,05). O dólar registrou baixa 0,59% fechando a R$ 5,1687.
Por outro lado, ambos os papéis acumulam alta de mais de 9% em 2024, refletindo o otimismo do mercado com as perspectivas do setor.
Fibra Curta x Longa
Valter Bianchi Filho, da Fundamenta Investimentos, avalia que o investimento da Eldorado Brasil Celulose deverá aumentar o protagonismo do Brasil no setor, que vem ganhando competitividade na produção de celulose de fibra curta. Para ele, o investimento da J&F quando estiver pronto deverá afetar negativamente os produtores nórdicos de fibras longas.
“Importante destacar que era esperado um certo excesso de oferta de celulose no mundo para este ano, hipótese que não se confirmou, mas que provavelmente foi apenas adiado para o ano que vem”, disse Bianchi Filho.
Disputa pelo controle
O anúncio da construção de uma segunda linha de produção em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, pela Eldorado Brasil Celulosefoi feito por Wesley Batista, fundador e acionista da J&F Investimentos durante o Seminário Brasil Hoje, realizado pela Esfera Brasil.
A implementação do projeto foi atrasada devido a uma disputa judicial de seis anos pelo controle da empresa entre a J&F e a Paper Excellence da Indonésia. No entanto, Batista expressou confiança de que o projeto avançará. A nova linha de produção aumentará a produção anual de celulose da Eldorado de 1,8 milhão para cerca de 4,4 milhões de toneladas, criando 10 mil empregos durante a construção e 2 mil postos de trabalho permanentes após a conclusão.