

A JBS (JBSS3) comunicou na terça-feira (22) que seu Conselho de Administração aprovou, por unanimidade, a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o dia 23 de maio, às 10h, com o objetivo de deliberar sobre a proposta de reestruturação societária que visa a dupla listagem de suas ações nas bolsas de valores do Brasil (via Brazilian Depositary Receipts, BDRs, na B3) e dos Estados Unidos (na Nyse).
A proposta prevê a migração da base acionária da atual JBS S.A. para uma nova holding sediada na Holanda, a JBS N.V. A operação será realizada por meio da incorporação da totalidade das ações da JBS S.A. pela JBS Participações. Como contrapartida, os acionistas receberão uma ação preferencial obrigatoriamente resgatável (PN Resgatável) para cada duas ações da JBS S.A., que será imediatamente convertida em um BDR Nível II, lastreado em uma ação Class A da JBS N.V., listada na Bolsa de Nova York.
Segundo fato relevante, a JBS N.V. já solicitou registro como emissora estrangeira junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à B3, além do registro junto à SEC, nos EUA. A proposta de estrutura prevê três tipos de ações:
- as Class A Shares, com direito a um voto por ação e negociadas na Nyse;
- as Class B Shares, com dez votos por ação e não negociadas em bolsa;
- e as Conversion Shares, criadas exclusivamente para viabilizar a conversão entre os dois tipos anteriores.
Os acionistas minoritários poderão converter as suas ações Classe A em Classe B até o fim de 2026, dentro de limites que preservem um free float (parcela das ações de uma empresa em livre negociação na Bolsa de Valores) mínimo de 20% na Nyse. Já os acionistas controladores, via a holding LuxCo, poderão realizar essa conversão a qualquer momento dentro do mesmo prazo.
“Acreditamos que essa operação vai aumentar nossa visibilidade no cenário internacional, atrair novos investidores e fortalecer ainda mais nossa posição como líder global de alimentos”, afirmou, em nota, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni. A empresa sustenta que a nova estrutura permitirá “potencial destravamento de valor” das ações, fortalecimento da governança corporativa e ampliação da capacidade de investimento, com redução do custo de capital.
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O CFO Guilherme Cavalcanti destacou ainda que, se aprovada, a listagem nos EUA poderá ocorrer já em junho. “Quando aprovado, o processo representará um novo capítulo na história da Companhia, com potencial de destravar o valor da ação e chegar a uma base mais ampla de investidores”, afirmou.
A operação foi avaliada pela KPMG, que atribuiu à JBS S.A. um valor patrimonial de R$ 44,78 bilhões, com base nos dados de 31 de dezembro de 2024.
Segundo a JBS, os dois principais acionistas – J&F Investimentos e BNDESPar – se absterão de votar, dando protagonismo aos minoritários, que detêm cerca de 30% das ações em circulação. Após a conclusão da operação, as ações da JBS deixarão de ser negociadas no Novo Mercado da B3, já que os BDRs da JBS N.V. não podem ser listados nesse segmento.
Com mais de 250 fábricas em 17 países e produtos vendidos em mais de 180 mercados, a JBS é uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Fundada há 71 anos no Brasil, a companhia emprega cerca de 280 mil pessoas globalmente e atua com marcas como Friboi, Seara, Swift, Pilgrim’s Pride e Moy Park.
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A AGE da JBS (JBSS3) também irá deliberar sobre a distribuição de dividendos no valor de R$ 1 por ação, totalizando R$ 2,2 bilhões, condicionada à aprovação da reestruturação.