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Juros: Taxas têm viés de alta na sessão, mas em maio enfrentam queda

O comportamento dos juros também desafiou dados do mercado de trabalho acima do consenso

Juros: Taxas têm viés de alta na sessão, mas em maio enfrentam queda
Foto: Envato Elements

Os juros futuros fecharam a quarta-feira com viés de alta, mas em maio apuraram queda, mais pronunciada nos vencimentos de longo prazo, de quase 1 ponto porcentual, o que levou à perda de inclinação na curva no encerramento do mês. Apesar de terminarem o dia levemente pressionadas para cima, oscilaram com viés de baixa ao longo da sessão, novamente na contramão do desempenho fraco dos segmentos de ações e câmbio no Brasil.

O comportamento dos juros também desafiou dados do mercado de trabalho acima do consenso, que poderiam servir de argumento para uma realização de lucros. O pano de fundo principal a explicar a resiliência das taxas segue sendo a melhora na perspectiva para a inflação, enquanto do exterior houve contribuição do novo do recuo dos preços das commodities e redução das apostas na alta de juros nos Estados Unidos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,22%, de 13,19% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 11,43% para 11,52%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,94%, de 10,91% ontem, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 11,28%, de 11,24%. No fim de abril, estavam, respectivamente, em 13,25%, 11,98%, 11,79% e 12,10%.

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Após ter mostrado fechamento importante na última semana, o mercado de juros vem adiando um movimento de realização mais firme em meio aos sinais de melhora no cenário para preços. Mas, alertam os profissionais nas mesas de renda fixa, o mercado já dá sinais de cansaço, em busca de novos gatilhos que possam puxar outra onda de queda nos prêmios.

O exterior tem contribuído via commodities agrícolas e principalmente o petróleo, que hoje voltou a cair, após ter tombado ontem mais de 4%, em meio a dados fracos da economia da China e dos Estados Unidos. “As notícias que vêm penalizando a Bolsa e o câmbio não afetam a curva. O mercado esteve de lado, ainda olhando a inflação, com expectativa positiva para o IPCA na semana que vem e para a reunião do CMN”, afirma o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos. Segundo ele, vem crescendo no mercado a percepção de que as metas de inflação até 2026 devem ser mantidas em 3%. A reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) será no dia 29 de junho.

Na agenda de indicadores, a taxa de desemprego na Pnad Contínua, de 8,5% no trimestre encerrado em abril, ficou abaixo da mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 8,7%. E o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou geração de 180.005 vagas em abril, acima da mediana de 173.000. “Em tese, os números poderiam pressionar os DIs para cima pela leitura de uma atividade ainda resiliente pressionando a inflação de serviços, mas o mercado não reagiu”, disse Oliveira.

Ao otimismo com o cenário de inflação, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, acrescenta a confiança dos agentes num desfecho rápido da tramitação do texto do arcabouço fiscal no Senado. “Sabemos que a proposta não é a ideal, mas acaba eliminando o risco de cauda de trajetória explosiva da dívida”, disse.

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Nos últimos dias, a curva tem se descolado da piora do câmbio, até porque justamente o fechamento das taxas é considerado um dos principais fatores a pesar sobre o real. “Reduz a gordura do diferencial de juros ante as economias desenvolvidas, sobretudo a dos Estados Unidos”, explicou Abdelmalack.

O dia foi de queda também nas curvas no exterior. Os juros dos Treasuries renovaram mínimas à tarde, após dois dirigentes do Federal Reserve defenderem pausa no aperto monetário e o Livro Bege do Fed apontar crescimento mais lento do emprego nos Estados Unidos. A chance de manutenção dos juros na reunião monetária de junho voltou a ser majoritária, segundo plataforma de monitoramento do CME Group.

No balanço do mês, a curva teve redução da inclinação, com taxas curtas praticamente estáveis apesar do IPCA-15 abaixo do consenso, e longas caindo mais do que as do trecho intermediário. A trajetória reflete principalmente a aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara e a redução das expectativas de aperto monetário pelo Federal Reserve, além das incertezas sobre o pulso da economia chinesa.

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