O ambiente de juros altos tende a fragilizar instituições financeiras de menor porte na América Latina, tornando-as potenciais alvos para fusões e aquisições, afirma a agência de classificação de risco Fitch. No Brasil, a casa afirma que este tipo de operação tem acontecido entre fintechs e também entre cooperativas de crédito de menor porte, e não espera movimentos entre grandes bancos, embora não descarte compras e vendas de carteiras.
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“A inovação digital e retornos atrativos atraíram investimentos para bancos digitais e fintechs ao longo da última década”, afirma em relatório o diretor da Fitch Claudio Gallina. “Entretanto, a economia pós-pandemia de covid-19 está pressionando instituições menores, o que pode levar à consolidação do setor.”
No Brasil, o número de instituições financeiras, excluídas as cooperativas de crédito e as administradoras de consórcio, cresceu 28% entre 2013 e 2023. No México, o número de fintechs reguladas aumentou 3,7 vezes desde a introdução da lei das fintechs local, em 2018.
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A alta dos juros nos países da região, porém, criou um desafio ao modelo de negócio destes agentes, muitos dependentes de um único produto e sem rentabilidade acumulada. No Brasil, o número de instituições financeiras não-bancárias cuja rentabilidade estava abaixo da Selic subiu de cerca de 50 no quarto trimestre de 2020, período de juros de um dígito, para quase 150 no segundo trimestre do ano passado, com a Selic a 13,75%.
Gallina e sua equipe dizem que no Brasil e no México, tem crescido o número de fusões e aquisições entre fintechs, bancos e instituições financeiras não-bancárias diante da queda da rentabilidade e da alta do custo de capital. “Não esperamos operações entre os maiores bancos de ambos os países, mas não afastamos a possibilidade de compras de algumas carteiras de crédito.”
No mercado brasileiro, a Fitch destaca que cooperativas de crédito de menor porte têm enfrentado dificuldades na última década após as novas regras estabelecidas pelo Banco Central. No período, o número de cooperativas caiu 33,6%, para 803, embora a participação combinada do segmento nos ativos do sistema tenha subido.
O Brasil é o país da região em que a transformação do setor é mais aparente, de acordo com a casa. Entre 2013 e 2023, a concentração dos ativos totais do sistema nos cinco maiores bancos caiu de 69,4% para 61,5% diante do surgimento de novas instituições. O cenário, no entanto, mudou.
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“O País experimentou uma inesperada queda nos downloads de aplicativos bancários em setembro de 2023, a primeira desde 2015, o que pode indicar uma redução no crescimento da base de clientes”, diz a Fitch. Além disso, a casa também vê uma alteração entre os investidores que financiam o crescimento dos novos agentes, e que passaram a priorizar a rentabilidade.