Os juros futuros subiram nesta quinta-feira (12), influenciados pelo aumento das apostas numa atuação mais dura do Comitê de Política Monetária (Copom) na política monetária, pela piora na percepção de risco fiscal e pela pressão vinda dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano).
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,965%, de 10,931% ontem no ajuste, e o DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 11,88%, de 11,78%. A do DI para janeiro de 2027 subiu a 11,86% (de 11,72% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, a 11,96%, de 11,78%.
O crescimento das apostas num Copom mais agressivo no curto prazo não evitou o aumento da inclinação da curva, em meio ao pessimismo fiscal. A aprovação do projeto de lei que prevê a reoneração gradual da folha de pagamento pela Câmara não trouxe alívio, tendo prevalecido a desconfiança sobre o potencial de receitas com as quais o governo conta para cumprir os objetivos do arcabouço. “Para cada notícia boa, são duas ruins”, afirmou o estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno.
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Para ele, a atual dinâmica na qual quando o governo consegue receitas extras logo aparecem propostas de aumento de gastos é preocupante. “É uma fórmula fadada ao fracasso. Todo ano o governo vai ter de arranjar arrecadação extraordinária para bancar a criação de gastos que são recorrentes”, diz.
Nesse contexto, a seca que atinge o País traz não apenas risco para preços de alimentos e energia, mas também entrou no radar fiscal, já que o governo deve criar um auxílio emergencial para pescadores atingidos pela seca, segundo o colunista Valdo Cruz, do G1.
A ponta longa da curva foi penalizada ainda pelo avanço nas taxas dos Treasuries. A alta (+0,3%) levemente acima da mediana esperada (+0,2%) do núcleo da inflação no atacado em agosto trouxe desconforto, mas a pressão maior veio à tarde, após leilão do Tesouro dos EUA com demanda abaixo da média. O yield da T-Note de dez anos voltou a tocar os 3,70% nas máximas à tarde.
Internamente, a agenda trouxe mais um dado surpreendente de atividade no terceiro trimestre. As vendas do varejo restrito subiram 0,6% em julho, acima da mediana das estimativas (+0,5%) e as do ampliado subiram 0,1%, na contramão do consenso de queda de 0,4%. Os números de serviços divulgados ontem já tinham vindo acima do consenso, assim como o do PIB do segundo trimestre na semana passada, formando um combo a desafiar não somente as chances de a Selic não subir na próxima semana, como até de subir apenas em 25 pontos.
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Segundo Rostagno, a curva do DI precificava nesta tarde 43 pontos de aperto para o Copom de setembro, ou 72% de chance de aumento de 50 pontos, contra 28% de probabilidade de alta de 25 pontos. Para o fim do ano, a curva projetava Selic a 11,71%.
O estrategista, que está entre os que esperam elevação de 25 pontos, afirma que muitos dos que estão na ala dos 50 pontos argumentam que uma dose menor pode ser inócua para reduzir a desancoragem das expectativas. “O BC está numa situação difícil, mas acredito que 25 pontos é uma sinalização que dará conta de segurar o ímpeto do mercado.”
Logo cedo, o Itaú Unibanco anunciou revisão para cima em sua projeção de Selic ao final de 2024, de 10,50% para 11,75% ao ano. O banco passou a considerar um ciclo total de 1,50 ponto, a começar com um aumento de 0,25 ponto na reunião da semana que vem. O banco estima mais duas elevações 0,5 ponto ainda em 2024 e um ajuste final de 0,25 ponto na primeira reunião de 2025, quando o processo terminal levará a Selic a 12,00%.