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Juros fecham em alta, com cenário externo e leilão no radar

Um movimento mais firme de queda ficou limitado pela expectativa em torno do relatório de emprego nos EUA

Juros fecham em alta, com cenário externo e leilão no radar
Juros (Foto: Adobe Stock)

Os juros futuros fecharam a sessão desta quinta-feira (4) em leve alta, após exibirem viés de baixa ao longo do dia. Diante da trégua do cenário externo e de um leilão de prefixados com risco menor na oferta do Tesouro, o mercado testou uma realização de lucros após o acúmulo forte de prêmios nos últimos dias. Um movimento mais firme de queda ficou limitado pela expectativa em torno do relatório de emprego nos Estados Unidos amanhã e que pode embaralhar as apostas para o juro norte-americano. Os ruídos domésticos também ajudaram a segurar um ajuste consistente.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,970%, de 9,957% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 9,97% para 9,99%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,32%, máxima, (de 10,27% ontem) e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 10,89% (máxima), de 10,83%.

A dinâmica das taxas locais seguiu atrelada aos juros nos Estados Unidos, com a taxa da T-Note de dez anos apontando recuo. “Os mercados lá fora reagiram bem aos dados dos pedidos de auxílio-desemprego que ajudaram calibrar a percepção sobre o payroll. Podemos ter um payroll moderado amanhã”, afirma Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. Os pedidos de auxílio-desemprego subiram na semana passada para a 221 mil, bem acima da previsão de 213 mil. Para o payroll, a mediana dos analistas é de criação de 200 mil vagas, com taxa de desemprego estável em 3,9%.

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À tarde, os Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) tiveram piora pontual com falas “hawkish” de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) apontando cautela com o processo desinflacionário, mas retomaram o sinal de baixa. No fim da tarde, renovavam mínimas com aumento da aversão ao risco geopolítico em meio ao recrudescimento das tensões entre Israel e Irã. O yield da T-Note de dez anos, que ontem no fim da tarde estava em 4,35%, perto das 17h caía a 4,30%.

A equipe da Levante Investimentos destaca que os mercados estão no modo “um dia por vez”, dado que não há um cenário claro para a política monetária do Federal Reserve à frente. “Apesar de a inflação americana estar bem abaixo dos seus picos de 2022 (que motivaram a alta dos juros), ela ainda não convergiu à meta. Essa convergência ainda é um processo”, afirmam os profissionais, acrescentando que o problema é que não é possível saber a priori em que ponto do caminho a inflação está.

Além do alívio na curva dos Treasuries, Borsoi, da Nova Futura, vê a oferta mais moderada de prefixados no leilão também como fator de contribuição para a curva local. O Tesouro reduziu o lote de LTN de 15 milhões na semana passada para 9 milhões, e manteve 600 mil para NTN-F, todos vendidos integralmente. O risco (DV01) foi 42,6% menor do que a operação da semana passada. “Na terça-feira, o Tesouro fez um leilão muito forte de NTN-B e hoje percebeu que não está podendo pesar a mão”, disse.

O imbróglio envolvendo a Petrobras (PETR4) também esteve no radar do mercado. A princípio, a notícia de que deve mesmo sair o pagamento de dividendos da Petrobras, que renderia R$ 12 bilhões aos cofres da União, é positiva para o cenário fiscal dada a busca de receitas do governo para o cumprimento da meta de zerar o déficit em 2024. Mas com pouco espaço para mexer na curva por causa dos ruídos em torno da troca de presidência da companhia. Jean Paul Prates estaria ainda mais ameaçado no cargo e um dos apontados para ocupar a vaga seria o atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, nome ao qual o mercado sempre teve restrições.

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