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Juros fecham em alta, de olho no discurso do presidente do Fed

No Brasil, a questão fiscal segue trazendo desconforto e se manteve no radar desta sessão

Juros fecham em alta, de olho no discurso do presidente do Fed
Juros (Foto: Adobe Stock)

Os juros futuros desaceleraram o ritmo de avanço e fecharam a sessão desta quarta-feira (3) perto da estabilidade, mas preservando um viés de alta. O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, trouxe um respiro aos mercados. No Brasil, a questão fiscal segue trazendo desconforto, com a possibilidade crescente de revisão das metas, simultaneamente à percepção de atritos entre a Fazenda e o Senado.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,960%, de 9,947% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passava de 9,96% para 9,98%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,28% (de 10,26% ontem) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 10,84% (de 10,81%).

Pela manhã, as taxas chegaram novamente a abrir mais de dez pontos-base nos vencimentos de longo prazo, que vêm sendo os mais penalizados. O avanço seguiu atrelado à escalada dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), com o retorno da T-Note de dez anos hoje atingindo 4,42% nas máximas.

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Quando os juros caminhavam para a sexta sessão seguida de alta no caso dos vencimentos médios e longos, veio Powell para aliviar a pressão nos ativos. “Na margem, o discurso foi de neutro para ligeiramente dove, mas sem mudar o cenário. Ele deixou claro que ainda não há informação suficiente para decidir sobre os cortes e tudo segue na dependência dos dados”, afirmou Leonardo Monoli, sócio e diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management.

Entre outros pontos, Powell reforçou que a taxa básica atingiu o pico no ciclo atual e lembrou que a maioria dos integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) espera que os juros comecem a cair em algum momento neste ano. Por outro lado, alertou que um corte de juros prematuro poderia reverter os progressos no combate à inflação e exigir uma política mais apertada à frente, mas também que um relaxamento tardio potencialmente enfraqueceria a atividade econômica e o emprego.

Depois das declarações, o rendimento da T-Note de dez anos voltou para 4,36%, trazendo as taxas locais para perto dos ajustes anteriores. Contudo, o mercado evitou partir para uma realização firme de lucros antes de conhecer o relatório de emprego dos EUA na sexta-feira. “O payroll precisa dar um alívio, caso contrário a assimetria de riscos pode piorar ainda mais”, prevê Monoli.

Além da espera pelo payroll, o contexto doméstico também não autoriza uma correção do forte movimento recente. O sócio e economista-sênior da Tendências, Silvio Campos Neto, menciona que há crescente percepção de dificuldades para o alcance das metas, citando declarações da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que, segundo ele, preparam terreno para mudança das metas em 2024 e, principalmente, 2025. “São situações que têm ajudado a pressionar câmbio e juros, em especial”, disse, em nota publicada no serviço on line da consultoria.

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Ontem, a ministra reconheceu que as alternativas para aumentar as receitas já estão se “exaurindo” e a equipe técnica ainda não tem em mãos os dados fechados de projeção para afirmar se o governo poderá manter a meta de superávit de 0,5% do PIB em 2025. Hoje, o secretário-executivo do ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, reforçou o compromisso de entregar a meta de déficit zero em 2024. Ele também assegurou que não há discussões neste momento para mudar o arcabouço fiscal, incluindo o limite de despesas fixado pela regra.

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