Os juros futuros terminaram esta terça-feira (5) em baixa, de carona no mercado internacional, acompanhando o alívio nos rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), mas também favorecidos pela melhora na percepção de risco fiscal e inflacionário. O leilão do Tesouro com risco mais baixo também contribuiu para tirar pressão das taxas.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerou em 9,89% – menor desde 22/9/2021 (9,78%), de 9,925% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, a 9,68%, de 9,73% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,88% (de 9,93% ontem) e o D para janeiro de 2029, com taxa de 10,32%, de 10,36%.
Após terem ficado ontem “em cima do muro”, os juros embarcaram hoje na trajetória baixista dos yields dos títulos do Tesouro norte-americano, por sua vez apoiados em indicadores econômicos nos EUA, que antecedem os discursos do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, no Congresso esta semana. O retorno da T-Note de dez anos saiu de 4,21% ontem para 4,13% no fim da tarde.
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O apetite pelo risco veio ainda da expectativa de anúncios de medidas para estimular a atividade pelo governo da China e, assim, poder alcançar a meta de crescimento de 5% para 2024, anunciada primeiro-ministro do país, Li Qiang, na abertura do Congresso Nacional do Povo, em Pequim.
Tal contexto externo promoveu alívio mais acentuado no trecho longo, que também se beneficiou da melhora na perspectiva fiscal. Na esteira das considerações ontem do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o resultado fiscal em 2024 pode surpreender positivamente, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que as surpresas na arrecadação federal nos meses de janeiro e fevereiro possibilitarão que o contingenciamento no orçamento para cumprir a meta seja bem menor que o inicialmente esperado.
O economista da CM Capital Matheus Pizzani destaca que as notícias do lado fiscal mais positivas têm prevalecido e ajudam a ponta longa a fechar, citando em especial a persistência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na questão do Perse. “É importante esse compromisso firmado pela Fazenda para reduzir subsídios”, disse.
Haddad afirmou que apresentou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes números do programa levantados pela Receita mostrando que em 2022 houve mais de R$ 10 bilhões de renúncia fiscal para o Perse, e em 2023, mais R$ 13 bilhões, já expurgadas as eventuais inconsistências dos informes dos próprios contribuintes. “Mandei fazer um pente-fino bastante rigoroso para termos ideia do quanto está custando o Perse por ano”, explicou.
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A partir do meio da tarde, a queda da ponta curta ganhou fôlego, alcançando o ritmo de baixa dos vértices longos. No pano de fundo, profissionais da renda fixa citam a leitura das declarações de Campos Neto lidas como mais otimistas sobre a trajetória da inflação de serviços e do cenário fiscal, que ontem só não tiveram maior impacto porque o cenário externo estava ruim.
A expectativa de melhora no cenário inflacionário teria tido apoio também da queda da mediana de IPCA de 2024 hoje no relatório Focus, de 3,80% para 3,76%, ainda que 2025 já seja predominante no horizonte relevante da política monetária.