Os juros futuros se firmaram em baixa ao longo da tarde desta sexta-feira (1), acompanhando de perto o movimento da curva dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano), com alívio, por sua vez, atrelado a indicadores de atividade nos Estados Unidos e discursos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Após encerrarem a manhã de lado, as taxas passaram a cair sobretudo depois do yield da T-Note de dez anos furar os 4,20%, chegando a rodar abaixo de 4,18% nas mínimas do dia. Destaque da agenda doméstica, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro veio dentro do esperado e acabou ficando em segundo plano.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 9,940%, de 9,956% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 9,78% para 9,73%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,93% (de 9,97% ontem). O DI para janeiro de 2029 encerrou com taxa de 10,36%, ante 10,41% ontem no ajuste. Ante os níveis da última sexta-feira, todas as taxas recuaram.
O sinal de queda pela manhã ficou limitado pela volatilidade geral dos mercados e só conseguiu se firmar à tarde, na medida em que o recuo dos retornos dos Treasuries também ganhou tração. De modo geral, os fatores do dia consolidaram a percepção de que o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos em junho é factível, com menor risco de ficar para o segundo semestre.
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O PMI medido pelo Instituto de Gestão de Oferta (ISM, em inglês) caiu de 49,1 em janeiro para 47,8 em fevereiro, ainda mais distante da marca de 50, que é o limite entre expansão e contração. O presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee disse considerar que os juros têm de ser mantidos em níveis restritivos apenas pelo tempo necessário e acreditar que os juros reais agora estão “bem restritivos”.
Relatório do Fed de política monetária que será apresentado ao Congresso na próxima semana destacou a desinflação ao consumidor nos últimos meses, embora não considere apropriado cortar juros antes de ter maior confiança no processo.
Esse contexto abriu caminho para levar o yield da T-Note de 10 anos de 4,24% ontem para 4,18% hoje, com impacto também sobre o mercado de moedas. O real foi destaque entre as divisas emergentes. Após ter flertado com a marca de R$ 5 nos últimos dias, o dólar voltou a fechar na casa de R$ 4,95, o que acaba sendo estímulo também para o fechamento da curva.
Os movimentos externos acabaram se sobrepondo a possíveis impactos da agenda doméstica, mesmo porque os números do PIB vieram em linha com o previsto. A variação zero no quarto trimestre coincidiu com a mediana das estimativas captadas na pesquisa do Projeções Broadcast e a alta de 2,9% em 2023 veio muito perto do consenso de 3%. Pesquisa realizada pelo serviço especializado após o PIB do quarto
trimestre mostrou um ligeiro avanço da mediana, de 1,7% para 1,8%, das expectativas do mercado para o PIB em 2024.