Os juros futuros de médio e longo prazos mostravam viés de baixa no fechamento da sessão, na contramão da alta dos rendimentos dos Treasuries e do ligeiro avanço do dólar ante o real. Já as taxas curtas ficaram bem perto dos ajustes de ontem (20).
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Evento mais aguardado da semana, a ata do Federal Reserve endossou o discurso das autoridades do banco central americano de que é preciso esperar mais para começar a reduzir os juros, com impacto praticamente neutro na curva brasileira. A movimentação em Brasília esteve no foco, com as reuniões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tentar viabilizar a reoneração da folha de pagamentos e o fim do Perse.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 9,985%, de 9,980% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,79% para 9,77%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 9,92%, de 9,96% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,36% (de 10,37% ontem). A expectativa pela ata pautou a dinâmica dos mercados desde o início dos negócios, mas acabou não fazendo muito preço por aqui.
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Pela manhã, as taxas futuras ainda conseguiam dar sequência ao movimento de queda visto nas duas sessões anteriores, mas com ritmo bem moderado. À tarde, zeraram o viés de baixa e passaram a rondar a estabilidade, acompanhando a piora no mercado de Treasuries e com investidores ajustando posições antes da divulgação do documento, às 16h. A taxa da T-Note de dez anos voltou a superar 4,30% e a de 2 anos bateu 4,67% na máxima, ainda com o leilão de US$ 16 bilhões em T-notes de 20 anos, que registrou demanda abaixo da média recente.
A ata da reunião de janeiro, que ocorreu antes dos dados surpreendentes de inflação divulgados na semana passada, veio em linha com as apostas de que junho é o mês com maior probabilidade para o início da flexibilização monetária nos Estados Unidos. Os dirigentes avaliaram que os riscos altistas para inflação diminuíram, mas destacaram que a inflação continua acima de 2% ao ano e sinalizaram não ser apropriado cortar juros até que se tenha maior confiança de que a inflação retornará à meta.
“Em linhas gerais, a ata repetiu aquilo que os oficiais do Fed já vinham comentando em suas declarações públicas nas últimas semanas, ou seja, da parcimônia e cautela com mudanças na política monetária. Em outras palavras, o Fed não tem pressa para cortar os juros, nem em encerrar seu ‘aperto quantitativo’, e segue observando os dados”, afirma William Casto Alves, estrategista-chefe da Avenue.
O economista-chefe da Traad, Leonardo Cappa, avalia que o maior ajuste nas apostas, limando a possibilidade de redução em março, já foi feito. Agora fica o debate se virá em junho ou julho. “Está bem precificado que não será em março e, pela reação do dos Treasuries, a chance de que possa ser em maio, quando não haverá divulgação do gráfico de pontos, caiu”, diz, ponderando que, no entanto, não necessariamente o Fed vai esperar uma reunião com “dot plots” para abrir o ciclo.
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Apesar da piora nos títulos norte-americanos e da alta do dólar, os juros mostraram oscilação contida depois da ata. “O DI parece que ainda não voltou do carnaval”, diz Cappa, lembrando que a agenda econômica segue travada após o retorno da agenda no Congresso. A equipe econômica segue buscando uma saída para garantir as receitas que viabilizam a meta de primário zero em 2024. Haddad se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os líderes do governo.
O Executivo tenta encontrar uma solução para a questão da reoneração da folha de pagamentos e do fim do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Segundo apurou o Broadcast Político, a reunião ajudou a consolidar o plano para que a reoneração seja tratada via projeto de lei com urgência constitucional. Já o encaminhamento sobre o Perse deve ser mantido na medida provisória, que foi editada pelo governo no fim de 2023.