Os juros futuros fecharam a sessão em alta firme, mais acentuada nos vencimentos de médio e longo prazos. Na semana, todas as taxas subiram, também com mais força na ponta longa, configurando ganho de inclinação para curva. Sem nada de concreto hoje no noticiário de Brasília, as taxas retomaram o que é considerada sua tendência natural, ou seja adição de prêmios, com o cenário fiscal incerto, após terem cedido ontem. As preocupações mantêm-se sobre o impacto fiscal da PEC da Transição, futuro da Lei das Estatais e nomeações para ministérios e segundo escalão do novo governo. O exterior, com abertura das curvas, também influenciou a dinâmica por aqui.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,98%, de 13,89% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2025 avançou de 13,59% para 13,82% (máxima). O DI para janeiro de 2027 saltou a 13,66%, de 13,38% ontem no ajuste. Na semana, subiram, respectivamente, 18, 74 e 80 pontos-base.
“Segue o ambiente de incerteza fiscal para 2023 pressionando as taxas num dia em que os juros globais também estão subindo. O mercado está muito volátil, difícil de acertar tendência, com prêmios de risco já bem elevados”, resumiu o economista da BlueLine Flávio Serrano.
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O sinal de alta se impôs ainda pela manhã, em sintonia com os Treasuries e bônus europeus, por sua vez pressionados pelas mensagens dos principais bancos centrais na semana, indicando mais elevações de juros e manutenção em níveis elevados por um período prolongado para o combate da inflação.
No Brasil, as dificuldades para a PEC avançar na Câmara, lidas ontem pelo mercado como maior chance de nova desidratação no valor do “waiver” de R$ 168 bilhões ou redução do prazo de dois anos, hoje não conseguiram produzir na curva o mesmo alívio. A previsão é de que o texto seja votado e aprovado na próxima semana.
Do mesmo modo, o efeito positivo da falta de consenso para votação da Lei das Estatais no Senado ficou restrito à véspera, até porque há risco de os senadores flexibilizarem ainda mais a legislação para acomodar lideranças sindicais em cargos nas estatais.
“Toda essa situação expõe o quanto o País é cada vez dependente do Legislativo. Todas as grandes mudanças macro, para o bem ou para o mal, vão depender dessa costura com os parlamentares”, afirmou o econonomista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, no podcast diário da instituição.
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As nomeações para ministérios e segundo escalão também são peças relevantes nesse xadrez e aumentam a preocupação do mercado. Após a oficialização de Fernando Haddad como futuro ministro da Fazenda, a semana foi marcada pela indicação de Gabriel Galípolo como secretário-executivo da pasta e Aloizio Mercadante para o comando do BNDES, que trouxeram desconforto. Só a de Bernard Appy, para a secretaria especial para a reforma tributária, agradou.
Há expectativa agora quanto ao ministro do Planejamento. Nesta tarde, a Arko Advice informou que o ex-governador de Alagoas e senador eleito, Renan Filho, foi consultado por integrantes do próximo governo sobre assumir a pasta. “A bancada do MDB foi consultada mas sinalizou que a intenção do partido é herdar uma pasta ‘finalística’ e não algo tão técnico e sem capilaridade”, afirma a consultoria.